RECORDANDO...
RECORDANDO
Clerisvaldo B.
Chagas, 19 de dezembro de 2018
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Pioneiro
em escolas grandes, o antigo Grupo Padre Francisco Correia, continua atuando
firme em Santana do Ipanema. Mais de que um grupo é um patrimônio histórico
formado em uma época difícil, recheada de cangaceiros. Com as mudanças de
títulos nos estabelecimento escolares, funciona atualmente com o nome Escola
Estadual Padre Francisco Correia. Desde a sua fundação, em 1938, que por ali
passam estudantes que são e serão pessoas ilustres dentro e fora do estado.
Lembro-me do mingau enjoativo que nos serviam como merenda; de dona
Prisciliana, a bedel, que tocava a sineta de entrada, saída e recreio; de
algumas professoras como Maria de Lourdes Queirós que em certo fim de ano
choramos porque ela não seria a professora do ano seguinte.
Ainda
recordo à murada que protegia o terreno, composta de sucessivos pilares; a
coragem de alguns ganzelões de dentro e de fora da escola correndo e pulando
por cima dessas colunas com bastante habilidade. Não aposto na memória sobre o
nome nem as feições de colega algum. Mas havia três professoras as quais
tínhamos receios de cair em suas garras. Uma delas estava sempre raivosa e
gostava de aplicar “cascudos”. Certa feita peguei um turno das 11 às 14 horas,
que escolhi como opção almoçar após as aulas. Na trajetória de saída, passava
sempre pela “Empreza de Força e Luz” (hoje Câmara de Vereadores) para admirar o
grande motor que abastecia a cidade. Subia para olhar (sem proteção) os tanques
d’água verde da Empresa. Isso com a cumplicidade de Seu Antônio, funcionário
educado que ali trabalhava.
Continuando
o trajeto para casa, descia pelo chamado Beco de Maria Zuza, piso de barro,
vala no meio e o tradicional pulo dos passantes. Beco de Felisdoro, comprido,
acidentado e que desembocava na Rua Antônio Tavares. Era em casa que ia almoça
sobre a cisterna do alpendre somente para contemplar lá de cima e sem cansaço,
a paisagem do rio Ipanema e ouvir o tinido de ferro na bigorna de um ferreiro
da longínqua Rua Santa Luzia, lá do outro lado do rio.
Nem
quero viver de passado.
Mas
o passado está presente no meu viver.
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