CARNAVAL
MORNO
Clerisvaldo B.
Chagas, 21 de fevereiro de 2019
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.065
As
tradições vão mudando de acordo com a época. Os grandes bailes, as grandes
orquestras, os carnavais, o cinema, os grupos folclóricos, vão desaparecendo e
surgindo novos valores. Com o advento da televisão – divertimento sem sair de
casa – o mundo velho foi virando, notadamente no interior. Acabou cinema,
teatro, bailes, guerreiro, reisado e tantas outras coisas... Só não acabando o
cantador de viola porque este se adaptou aos novos tempos nos estudos e nas
migrações para cidades grandes do Nordeste. Com o carnaval não foi diferente. E
fora dos grandes centros carnavalescos as folias foram extintas ou resistem com
alguns grupos que vivem mais do passado do que da atualidade. O interior fala
em carnaval, badala o carnaval, mas não consegue empolgar a multidão. Sem
pessimismo ou otimismo, não ressuscita.
No
comércio maceioense, mesmo com o carnaval chegando, movimento franco pelas
calçadas. Casas de fantasias normais sem meio mundo de gente comprando. No
Sertão, fora as propagandas dos municípios, um movimento insipiente que não
decola. Pequenos abnegados foliões saudosistas ainda fazem alguns blocos, mais
para a desculpa de beber de que para desfile e abrilhantamento da festa. Muitos
prefeitos têm se esforçado para avivar o evento, mas os próprios foliões
preferem procurar cidades vizinhas, mas que também não conseguem sustentar de
pé a folia de Momo. Como já foi dito, até mesmo o carnaval foi atingido com o
tempo. E se em Alagoas aumentou o número de visitantes, foi mais para descanso
e lazer das praias do que para folia.
Em
Santana do Ipanema, onde havia bons carnavais de rua e de clube, nessa época
flui apenas a saudade de blocos como os do Urso Preto, dos Cangaceiros,
Piratas, Volantes e grupos de caretas por todos os lugares. Seu Nozinho (ô),
Reginaldo, Chico Paes, Albertino Melo, ícones dos carnavais da cidade partiram,
mas ainda são lembrados sem repetições. O comerciante Nozinho brincava só; o
professor Reginaldo também brincava só e era inventivo. Basta lembrar a cena “A
velha debaixo da cama”; Chico Paes chefiava o bloco do Urso Preto e, Albertino
Melo saía montado numa ema, cujas pernas, eram as dele, mesmo.
Novo
século, novo ano e, no interior, um carnaval estraçalhado, fraco e morno.
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