AS LAPADAS DO
CAMALEÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de abril de 2019
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica: 2.092
Entre os anos 60 e
70, havia bom número de engraxates na praça da Matriz, em Santana do Ipanema,
profissionais hoje em extinção. Uma algarobeira foi plantada no centro da
praça, cresceu bastante e dava proteção aos engraxates. Primeiro surgiu, não se
sabe como, um macaco-prego que passou a fazer morada no pé de algaroba. Chamava
atenção de todos os passantes, crianças, velhos e adultos. Os engraxates
passaram a alimentá-lo, com ajuda do comércio local. Mas o macaco-prego logo
desapareceu tão misteriosamente quanto chegara. Tomando o lugar do símio,
surgiu também do nada, um camaleão que, apesar de não fazer macaquices,
tornou-se a atração da Praça Cel. Manoel Rodrigues da Rocha.
Ora, assistindo a um
vídeo no Face, vimos que um camaleão havia mordido um dos dois homens que o
capturaram. Um terceiro cidadão, nativo e experiente, mandava que o homem
mordido, tomasse um melhoral, dissolvesse outro e passasse no local da mordida,
caso contrário seria fatal. “Esse bicho é venenoso, briga e vence a cobra. Nem
quero negócio com ele. Corra e vá para a cidade comprar o melhoral”. Camaleão
são répteis da família chamaeleonidae e
incluem cerca de 195 espécies. Elas estão na África, Ásia, sul da Europa,
Brasil, Espanha e Portugal. O que nos surpreendeu foi a experiência do nativo e
o perigo que para nós, o pacato camaleão representava. Além da mordida do
bicho, um dos cidadãos estava repleto de lapadas levadas da cauda longa do
animal.
Sabíamos das brigas
que o teíu, tejo, tiú, tem com as cobras venenosas. O tiú sempre vence e,
quando é mordido, corre para mato e morde um tipo de batata, antídoto, e volta
à batalha com a serpente. Mas, como dizia os mais velhos, “é morrendo e
aprendendo”. Por fim, “melhor não mexer no que está quieto”, diz o velho
ditado.
Em Santana do
Ipanema, o camaleão também anoiteceu e não amanheceu igualzinho ao
macaco-prego. Se precisasse havia várias farmácias perto como a Vera Cruz, para
vender melhoral, mas cadê o nativo para receitar?
Na ignorância,
compadre, “teje” quieto!
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