quinta-feira, 1 de agosto de 2019

PAUSA NA ENTREGA


PAUSA NA ENTREGA
Clerisvaldo B. Chagas,1/2 de agosto de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.155

PAUSA DA  CHUVA EM MARIBONDO. (FOTO: B. CHAGAS).
            “Corre, Maria, bote a roupa no varal, mulher! Aproveite o Sol que o tempo não está de confiança”. De fato o tempo não estava de confiança. Após chover o mês inteiro no sertão alagoano – recordando os velhos tempos – julho entregou agosto com um breve estio para estender roupa. O menino brinca de bola, os animais selvagens desentocam, o vaqueiro aboia pelas quebradas. A luz solar reluz nas folhagens muito verdes e o gado engorda por dentro do capinzal. No alpendre da fazenda o campesino aguarda com certa ansiedade o resultado do plantio. Vibra o comércio sertanejo aguardando o circular do dinheiro na safra que se aproxima. Nos riachos que cortam a zona rural, trabalhador arregaça as calças abençoando a terra.
          As noites continuam geladas e todos os panos da casa servem de cobertor. E no dia primeiro vamos aproveitando o estio para uma rodada pela BR-316, mas nas proximidades de Maribondo, vira o tempo e as nuvens vão encorpando pelas montanhas da redondeza. Muita chuva em Maceió. Tão diferente daquela chuvarada toda do sertão, porém, moderadamente. E lá vai o rolo d’água descendo para as bandas do comércio, deixando alagadas as imediações das Casas Americanas. Imaginem a situação dos Bairros Pinheiro e Mutange com tantas previsões sinistras. E o maceioense vai enfrentando o constrangimento dos torós constantes que reflete no trânsito perigoso. Coragem em sair de casa cedo com esse tempo.
          Endoidaram os climas do mundo com tanto desmatamento e tanta poluição. Mas as próprias previsões sobre pluviosidade no semiárido brasileiro, nem sempre coincidem com a realidade. Se não endoidaram também, pelo menos dão opiniões. Tradicionalmente em Alagoas, tínhamos chuvas até os meados de agosto, sendo estes quinze dias os de frio mais intenso. Ora, algumas vezes as chuvas chegam até setembro e já alcançaram, incrivelmente, outubro, o mês que nunca chovia no sertão. Você quer saber? Climatologia já avançou muito, mas ainda continua perdendo feio para a Natureza.
          Não duvidamos mais de nada.
          Deixa chover, comadre, vamos colher algodão.

   


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