terça-feira, 29 de abril de 2014

EMBOLADA: TURISMO NO SERTÃO



EMBOLADA: TURISMO NO SERTÃO
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de abril de 2014
 Crônica Nº 1.178

Por que não trazem o turismo para o sertão? O embolador acha que é porque os mandões desprezam o interior:

Quero ver
Quero ver                  (Estribilho)
O turismo no sertão

O turismo no sertão
Visto pelo palacete
É pobreza no cacete
Muito rato no porão
Vaca puxando cambão
Fome matando inocente
Doença no pé do pente
Indústria de picolé
Velho tomando rapé
Menino faltando dente

Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão

O grande não põe beleza
Só ver estrada de barro
Criança, choro, catarro
Dengue, maleita, fraqueza
Cachorrada, safadeza
Fedor de pai de chiqueiro
Piniqueira, maloqueiro
Calça remendada e bicho
Catingueira e carrapicho
Assaltante e maconheiro

Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão

O mandão diz que não pode
Ter turismo no sertão
Fala mal da região
Que água é mijo de bode
Seu teatro é o pagode
Trem de ferro é o jumento
Tocar pife é um talento
Fivela de cinto é nó
Cidadão é arigó
Tamborete é um assento










Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão

Elogio se entrega
Como a doença do rato
O filé mais caro é fato
Onde a fateira trafega
O fiado da bodega
É chamado prestação
Xumbrego é fazer sabão
Sem juízo é azoado
Gay não passa de viado
Sujeito frouxo é cabrão

Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão

Pra que turismo em sertão?
Pensa assim o manda chuva
No sertão só tem saúva
Seca, miséria e ladrão
Calango, camaleão
Velhinha da boca funda
Cará, piaba, candunda
Cachorro que morde o rabo
Raposa e cavalo brabo
Urtiga que coça a bunda

Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão

Sertão só tem embolada
Muito horror e desembesto
Só se vota de cabresto
Só se mata de emboscada
Piparote é malacada
Urubu é azulão
Talo de jaca é bambão
Troca de tapa é lundu
Mulher feia é jaburu
Pra que turismo em sertão?

Quero ver
Quero ver
O turismo no sertão         FIM













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