BEIJA, BEIJA,
BEIJANDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 23 de maio de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.907
Para a sensibilidade
da professora Vilma Lima e o escritor Avelar
BEIJA-FLOR (FOTO DIVULGAÇÃO). |
Ele veio devagar,
tudo observou e de repente: vupt! Para trás. O tempo adiantou, ele veio
novamente e anotou na sapiência de que não mais havia intrusos na vigilância. Fomos
carinhosamente observá-lo na pequenez, no balanço compassado do seu ninho. Pé
ante pé, com medo de um voo súbito, alcançamos êxito. Ele estava ali
concentrado na sua missão, o Cuitelinho, a bizunga, o colibri... O beija-flor,
porque seu feminino não existe. Deitadinho, chocava os dois minúsculos ovos que
havíamos visto antes. Que maravilha! Exclamava o vigia da escola e eu. Sim, foi mesmo na Escola Helena Braga das
Chagas que a folhagem abrigou a ave da inocência e da formosura. Naquela rotina
abençoada do trabalho, logo viramos cúmplices, eu e o vigia, da perpetuação do
belo.
A sensação de que
estávamos protegendo aquela criaturinha de Deus, nos fez um bem danado!
Contudo, a nossa iniciação como protetores da Natura, nos rendeu também um
casal de rolinhas brancas namoradeiras que, sentindo a mão amiga da escola,
chega todas as manhãs no passeio apaixonado por sobre o muro amarelo-ouro. O
casal observa como se indagasse se pode andar por sobre os tijolos rejuntados.
E como se tivesse absorvido um “Sim”, ambos mergulham no verdume que cobriu
Adão e Eva no começo do mundo. As rolinhas brancas, simbolizando a paz,
arrulham entre si e, o beija-flor, depois, sobrevoa os apaixonados da árvore
vizinha, voando para frente, para trás, parando no ar e aprovando o remexido
selvagem no abrigo.
Os ovinhos irão
eclodir e, as mamães daquelas aves, irão se preciso ofertar à vida para
alimentá-las, criá-las e entregá-las aos perigos do mundo. E como disse o
repentista: “coração de mãe é cofre de se guardar amargura”, o da minha mãe, da
sua e da humanidade. Sigo o caminho da paz das rolinhas brancas; e sobre o
colibri, ave troquilídia, melhor lembrar o compositor Zeca Baleiro:
"Não se admire se um dia
Um beija-flor invadir
A porta da tua casa
Te der um beijo e partir
Fui eu que mandei o beijo
Que é para matar meu desejo
Faz tempo que eu não te vejo
Ai que saudade d'ocê".
Link para essa postagem
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2018/05/beija-beija-beijando.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário