LENDO E REVIVENDO O
SERTÃO FOLCLÓRICO
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de mais de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Estamos vivendo o
momento em que anualmente as escolas sertanejas se preparam para o lazer
regional de Santo Antônio, São João e São Pedro. Quase todo esse trabalho é em
cima dos grupos folclóricos que ainda continuam furando o tempo: a dança de
quadrilha e o coco de roda. As perseguições policiais, o descaso dos
governantes, a chegada da televisão e outros lazeres modernos extinguiram
inúmeras modalidades folclóricas como as “negras da costa”, o “quilombo”,
“reisado”, “guerreiro”, “tapagem de casa” e bem muitas outras manifestações
populares. Brava gente do Sertão que mesmo tendo passado tanto vexame, não abre
mão do que lhe resta. Veja abaixo o que diz Tadeu Rocha, no seu Modernismo & Regionalismo”, em 1966:
“Nos municípios do
interior, as próprias autoridades se encarregavam de proibir certas
manifestações folclóricas, como as “sentinelas” aos defuntos nas pontas de
ruas, os “reisados” e os “quilombos”. Lá em Santana do Ipanema, um delegado de
polícia, bacharel pela Faculdade de Direito do Recife, perseguiu duramente os
reisados e mandou espancar os “Mateus”, “Doutores”, “Jaraguás” e outras
personagens. E um delegado regional, também formado em Ciências Jurídicas e
Sociais, acabou com as “sentinelas” da cidade, com os seus “benditos” e as suas
“excelências” porque perturbavam o sono dos homens de bem”.
Depois da célebre
escola folclórica nascida em Viçosa e em seguida levada a Maceió, não foram
muitos os seguidores de Théo Brandão – tão admirado pela minha mãe, professora
Helena Braga. Mas foi construída uma literatura alagoana em cima do folclore da
província. No Sertão ninguém se dedicou a essa vertente literária. Mas podemos
ver nos cinco romances de Clerisvaldo B. (Braga) Chagas, do ciclo do cangaço, o
folclore diluído em suas páginas. De qualquer maneira, o que pode ser feito no
Sertão de Alagoas, será realizado geralmente pelas escolas públicas e
particulares no período junino.
E se hoje as nossas
tradições estão encolhidas, vamos relembrar o ditado sertanejo: “Do saco
perdido, a embira”.
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