BULHÕES, O REVERENDO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de maio de 2018
Escritor Símbolo do
Sertão Alagoano
Crônica 1.908
INTERIOR DA MATRIZ DE SENHORA SANTA ANA. FOTO: (B. CHAGAS). |
Ontem conversamos com um grupo de amigos
sobre o padre Bulhões. E para que essa conversa fosse prorrogada e sólida,
resolvemos abrir este espaço para os irmãos Araújo, do livro “Santana do
Ipanema conta sua história”, cujo texto é mostrado na íntegra:
“O Cônego José Bulhões dedicou-se de corpo e
alma à salvação do seu rebanho bem numeroso, espalhado por regiões bem
distantes da sua Paróquia. Costumava viajar para elas semanalmente, montado
numa burra que o compreendia tão bem, que, ambos, no rnodo de dizer popular ‘se
falavam’... Frei Damião fazia pregações tão vibrantes e convincentes no combate
aos preguiçosos e, sobretudo, aos unidos sem as bênçãos de Deus, que aos
sábados, acorriam à Catedral de Nossa Senhora Santa Ana para se casarem pelas
mãos do padre Bulhões bom e generoso. O povo sertanejo é por índole católico e
temente aos castigos de Deus, e não quer assim, morrer, penar nas profundas do
Inferno...
É voz corrente que o reverendo viera dirigir
os destinos
de nossa
Paróquia pelos idos de 1921, e nunca mais se separara dela; aqui viveu e aqui
morreu na mesma santidade por todos reconhecida e respeitada. Era um homem
enérgico e de grande coração, e sua maior alegria era ter sua casa cheia de
pessoas às refeições, viessem de onde viessem; nunca perguntava de onde vinham
e para onde iam. Era comum não haver acomodações para abrigar caixeiros
viajantes e pessoas que se destinavam a outras regiões e, por isso, ele os
convidava para sua casa, que era um casarão onde não faltava nada. Gostava de
fazer amigos e os tinha às centenas; daí, o grande prestígio no seio do povo e
nos meios políticos. Fora até convidado para dirigir os destinos da cidade e
não aceitou. Pedia pelos pobres de alma que, vez por outra, estavam às voltas
com a polícia, e era sempre atendido. Ao morrer, cidade e povo lhe tributaram
imorredoura homenagem e, para perpetuar sua memória, foi erigido um busto
defronte da Igreja (hoje Catedral), onde ele trabalhou durante toda sua vida”.
MELO, Darci de Araújo & MELO, Floro de
Araújo. Santana do Ipanema conta a sua
história. Rio de Janeiro, Borsoi, 1976. Págs. 54-55.
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