MARIA
FUMAÇA
Clerisvaldo
B. Chagas, 7 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.548
Louvada a ideia de
ressuscitar a Maria Fumaça, em Maceió. Os anais marcam a história dos trens em
Alagoas, como uma das mais belas da nossa terra e que hoje implanta saudade dos
áureos tempos que buscavam com denodo o progresso para todos. Os trens de
Alagoas que nos primórdios competiam com o caminhão, transporte cargueiro de
extrema valia numa época de burros, cavalos e carros de boi, também rodavam
pelos sertões onde a Maria Fumaça ainda não chegara. Trem de Viçosa a
Quebrangulo, de Quebrangulo a Palmeira dos Índios, de Palmeira dos Índios para
o Agreste de Arapiraca rumo ao rio São Francisco na presença de Porto Real de
Colégio. Uma saga impagável que entrou em romance de Graciliano Ramos, de
Adalberon Cavalcante Lins e de Clerisvaldo B. Chagas (Deuses de Mandacaru e
Fazenda Lajeado).
Fazer a velha máquina
da Maria Fumaça rodar novamente em Maceió, pode atrair milhares de turistas,
gente da história e curiosos em geral. Pelo menos em parte os episódios épicos
poderão ser mostrados num simples passeio pela capital, sítios e usinas,
antigos engenhos transformados. O que temos atualmente são as imagens de
antigas estações acabadas pelo abandono ou transformadas e trilhos
semienterrados no solo coberto de capinzal. Interessante é o vai-e-vem das
coisas, acabaram com as ferrovias em troca pelo pneu e agora querem o “mói de
ferro novamente no Brasil.
Sobre Alagoas, na época
em que o trem de ferro descia de Quebrangulo para Palmeira dos Índios, houve um
projeto para que a linha férrea chegasse até o Sertão de Santana do Ipanema,
registro do escritor conterrâneo Oscar Silva. Suponhamos que o desinteresse
político sertanejo, tenha dado asas a outras lideranças que conduziram a Maria
Fumaça para o agreste de Arapiraca e ao baixo São Francisco com Porto Real de
Colégio. Em Santana do Ipanema e Sertão, nem o cheiro de fumaça da Maria! Para
que o trem em Santana, meu Deus! Para ser extinto em pouco tempo como o de
Palmeira dos Índios que mantém a máquina em museu da cidade.
Em Santana do Ipanema,
bastava as mungangas de um doido que havia nos tempos de Oscar. Ganhava uns
trocados para imitar o trem, enchia o peito de ar, batia as “asas” e soltava um
apito alto e forte da gota serena! Estava ali o trem sertanejo
MARIA FUMAÇA (FOTO:
DIVULGAÇÃO).
Eita! Caro escritor Clerisvaldo, quanta beleza na sua bucólica crônica! A mim ficou "as mungangas do doido", a "fumaça da Maria" e uma plena certeza que esse trem passava na histórica vila de São Francisco, onde abrigava-se Frei Damião e frei Fernando nas andanças pelo agreste alagoano. ass: Fabio Campos
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