CACHIMBANDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de junho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.552
Cachimbar é fumar
cachimbo, certo? Tem pessoas que detestam cigarros industrializados, mas
adoram, adoram mesmo fumar cachimbo com fumo de rolo. Pode ser o tipo de cachimbo
preto que tem uma parte torta, mas também pode ser um cachimbo de coco catolé
de pito reto e todo de madeira. Depois que o fumante pega o vício, ê, ê... Meu
senhor... A avó da minha esposa, Aurora, era uma
velhinha animada, risonha igual criança e gostava de fumar cachimbo. Morreu aos
94 anos de idade. E assim, para uns o fumo é um mal, para outros, não.
Lembramos que em nossa juventude, nas brincadeiras lúdicas, falavam-se muito em
músicas de velha cachimbeira. Entretanto, estamos querendo falar do vício da
própria Natureza. É possível isto?
Em tempos de
outono/inverno, em nosso sertão fala-se que “a serra está cachimbando”. Será
coisa que o sertanejo inventa ou faz comparações? Vejamos, em tempos chuvosos,
quando estia um pouco, é costume se apresentar nas serras, a neblina. Com
sapiência, diz o nosso matuto alagoano que se a neblina estiver desde a base da
serra ao topo, a chuva continuará. E se a neblina tiver apenas da metade da
serra para o cume, o tempo estiará com certeza. A serra está cachimbando. Em
Santana do Ipanema, observamos mais esse fenômeno, na chamada serra do Poço que
é uma serra que divide os municípios de Santana e Poço das Trincheiras, sendo
metade de um, metade de outro. A serra do Poço possui 500 e poucos metros de
altitude, não é a maior, porém, um das maiores e mais famosas da região.
Nesse momento está
chovendo em nossa terra, provavelmente no sertão inteiro. Numa estiada
qualquer, se olha para a serra. Mas nem todas as pessoas, apesar de sertanejas,
sabem das experiências dos mais velhos. E por falar nisso, nunca mais se ouviu
por aqui a ladainha eterna do caminhão-pipa. Um mês de junho rico para a
lavoura e pecuária continua a obra de maio. Em vários lugares já existe fartura
no campo, em outros já vem chegando... E assim a esperança do sertanejo se renova
na Natureza, mesmo com essa pandemia que deixa toda a espécie humana em alerta.
E por falar nisso,
Arapiraca voltou a produzir fumo. “O vício do cachimbo deixa a boca torta”, diz
o ditado.
Mas a serra do Poço
continuará cachimbando quando quiser cachimbar, independente das Arapiracas.
SERRA DO POÇO SEM
CACIMBAR VISTA DA IMEDIAÇÕES DO CENTRO BÍBLICO. (FOTO: B. CHAGAS).
Caro escritor Clerisvaldo, esta Crônica sua lembrou-me de outra que falava sobre o serrote do cruzeiro e que era chamado de cachimbo eterno. Não sei porque mas eu criança acreditava que ali tivesse enterrado um tesouro. ass Fabio Campos.
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