SEU
JULHO
Clerisvaldo
B. Chagas, 10 de julho de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.565
Chegou o Seu Julho, mês
mais frio e chuvoso do nosso outono/inverno. E quando dissemos nosso, falamos
do sertão de Alagoas. Julho é o mês de festa da Padroeira de Santana do
Ipanema, a maior festa religiosa do interior do estado. Tradicionalmente é
aberta com procissão de mais de 1.500 carros de boi que conduzem a santa de uma
cidade circunvizinha até à sua paróquia, onde, geralmente é celebrada a missa
no Largo Cônego Bulhões, ao ar livre. Mas também, para os amantes do tema, é o
mês comemorativo do fim do cangaço nordestino, correspondente ao dia 28. E
voltando à festa da Padroeira, sempre existe uma trégua da chuva no dia de
abertura, quando multidão se desloca do campo para procissão rodando em carros
de boi.
Já se foi aquela festa
à moda antiga, um frio intenso, todos de japona (casaco de frio de moda
importada), desafiando a “cruviana”, para lá e para cá por entre barracas e
peças do parque de diversão. Músicas no alto falante enviadas como mensagem
para namorados, namoradas e paqueras. Fileiras de bancas de jogos de dados,
provocando a matutada. Carro de fogo no arame da praça, desenrolar de imagem da
padroeira no poste, Passeio nos barcos, no curre, na onda, no carrossel de
patinhas, na roda gigante. Balão colorido cortando os ares e banda de música
abrilhantando tudo. Forró no mercado, bancas de jantares, leilão de produtos
diversos, repentistas nos bares, bebidas para os apreciadores no entorno das
brincadeiras.
Nave lotada, cada noite
um pregador, apresentações religiosas, pessoas descalças pagando promessas,
presença do bispo na última noite do novenário e procissão final interminável!
Era essa a Festa da Padroeira da nossa cidade que, igualmente a outras do mundo
inteiro, foi variando com o tempo, cai aqui, melhora ali, mas a devoção e a fé
continuam inabaláveis na avó do Cristo que chegou por aqui na Ribeira do Panema
em 1787. Mês de julho é tão esperado quanto o seu irmão junho. Além do que já
foi dito, é a consolidação da safra anual do campo. O que passa de julho é rebarba e muitas
produções da zona rural já foram perdidas por causa da frieza do mês de agosto
em outras ocasiões.
O mês 7 é um número
místico, o maior de todos. Recebeu o nome de julho, em homenagem a Júlio César.
Deus no comando.
TRABALHO CONSTANTE NAS
RUA (B. CHAGAS).
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