O
MURRO DO HOMEM
Clerisvaldo B. Chagas, 16 de outubro de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3. 128
Vou contar de novo. Cícero de Otacílio era
marchante igual ao seu pai Otacílio, em Santana do Ipanema. Otacílio era ex-volante, participara da morte
de Lampião e Maria Bonita, na fazenda Angicos, Sergipe em 1938. E falava entre
outras coisas como morrera o cangaceiro Elétrico. Otacílio em Santana, como ia
dizendo, era marchante e, o matadouro da cidade levava o nome dele como homenagem
ao destemido policial. Pois bem, entre os seus filhos um deles também virou
marchante. Era forte, no Mercado de Carne, transportava nas costas um boi
inteiro. Dizem que certa vez o homem matara um boi com um murro. O marchante
Cícero de Otacílio faleceu vítima de acidente de trânsito no lugar Largo do
Maracanã ponto mais perigoso de Santana.
Difícil é contabilizar o número de acidentes do
Largo do Maracanã, lugar central do Bairro Camoxinga, ponto divergente e
convergente de 5 ruas e a BR-316.
Mas, voltemos à vida do homem. Forte, alegra,
comunicativo e simpático, Cícero se dava bem com todo mundo. Cícero passou a
namorar com uma senhorita da Rua Nova, minha ex-colega de Ginásio Santana,
Socorro. Foi quando chegou um sujeito de Maceió e, passeando pelo Comércio, viu
passar a senhorita e ficou impressionado. Então, indagou ao seu hospedeiro
amigo: “Rapaz, quem é aquela moça tão bonita? Estou interessado nela”. O amigo,
respondeu com toda naturalidade: “Aquela senhorita é a noiva de um rapaz aqui
da cidade que mata um boi de um murro”. O assunto morreu ali. O sujeito frouxo
desocupou o Comércio de Santana e embarcou de volta a Maceió, no primeiro
pinga-pinga que apareceu.
E você, cabra véi!
Enfrentaria um homem que mata um boi de um
murro?
MATADOURO PÚBLICO
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