SERTÃO
ORNAMENTAL
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de outubro de
2024
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.139
A história se repete no Sertão quando se
aproxima o Natal, descrito tantas vezes neste espaço. Quase todas as árvores
sertanejas prestam tributo ao Criador dos Mundos. Árbustos, cactáceas, árvores, arvoretas e
gramíneas enfeitam parte do sertão diante dos olhos dos animais selvagens,
domésticos e do ser humano. É o mandacaru, o facheiro, a coroa-de-frade, a
favela, o alastrado o rabo-de-raposa, as margaridas do campo, o pereiro, o
jasmim, a craibeira... E vamos nos deleitando com as variadas flores que surgem
isolada ou não nas trilhas, nas veredas, nos caminhos, nas baixadas, nos
cocurutos dos serrotes, nas beiras das lagoas. Em muitas dessas vezes nos
sentimos pequenos, mínimos, sumidos, diante da grandeza da flora e sua
homenagem ao Senhor Jesus e às suas criaturas.
E vamos terminando o mês de outubro numa
primavera típica: dias ensolarados e quentes, noites úmidas e ventos frios nos
conduzindo para novembro que às vezes nos brinda com trovoadas, primeiras. E
como não temos mar, vamos marcando presença nos açudes, nas represas, nas
praias do “Velho Chico” em Piranhas, Pão de Açúcar e se aventurando para as
bandas de Belo Monte, Olho d’Água do Casado, Delmiro Gouveia... Novembro, o mês tradicional dos ventos por
aqui, há muito os antecipou e ainda continuamos vivendo essa realidade. E se as matas, no geral ficam crestadas,
pontos isolados da caatinga destacam-se com seus preciosos ornamentos ao viajor
de olhares perscrutadores.
É por isso que também na paisagem urbana, vamos
nos surpreendendo com as maquiagens das nossas damas representativas como a
craibeira que surge por cima dos quintais nos pátios de escolas tais como A
Francisco Correia e a antiga Helena Braga, já tem adolescente com mais de 15
metros de altura. Lançar um olhar de aprendizado aos vegetais neste período é
prazeroso e cultural onde aprendemos com a Natureza a resistir, a acreditar, a
ornar a alma e fortificar as virtudes. A aproximação do final de ano é mais um
motivo de reflexão, na igreja, no quarto, na varanda, no alpendre, na
rede... Pois, como nos foi ensinado no
catecismo da Igreja Matriz de Senhora Santana: “Deus está aqui, aqui, aqui,
ali, em todos os lugares”, mas você é quem decide se quer se encontrar com Ele.
CRAIBEIRA NA ANTIGA ESCOLA HELENA BRAGA. FILHA
AO LADO QUERENDO FLORAR. (FOTO: B. CHAGAS).
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