terça-feira, 1 de janeiro de 2013

SAÚDE



SAÚDE
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de janeiro de 2013.
Crônica nº 938

Novamente o céu se ornamentou para encerrar um tempo marcado pelo homem. Sai uma lua cheia, bonitona, rodeada de nuvens em formas de carneirinhos, numa meiguice toda especial para este final de ano. Em baixo, na Terra, as criaturas procuram fazer à noite de festa conforme as suas consciências. Enquanto muitos se divertem sadiamente com familiares, amigos ou desconhecidos, outros morrem nas estradas, vítimas da embriaguez, da imprudência e de tantos perigos das rodovias. São os momentos tristonhos e inesquecíveis na dor dos parentes surpreendidos com más notícias. Mas, o espetáculo da vida prossegue nas reuniões de famílias, das mais abastadas às mais humildes, trocando o mesmo e o melhor presente que é a união feliz de todos em redor da mesa. Os grandes festejos estão na mídia, no arregalar dos olhos dos milhões de pessoas reunidas nas praias para toneladas de fogos de artifícios. E o gigantismo desses acontecimentos ficam na outra ponta de lugares mais fracos no poder de apenas alguns esporádicos foguetes no romper do ano novo.
No Sertão velho sofrido, observando o ciclo em torno da lua, o desenho das nuvens ou o sopro dos ventos, o sertanejo procura descobrir o que vem  por trás das cortinas novas do ano que chegou. Pela madrugada àquela esperança campesina se agita quando o céu muda o cenário. Nuvens de chuvas ganham o espaço, atraindo sertanejo que ainda não conseguiu dormir. Mas as nuvens enganam, enganam, enganam até com um cheiro gostoso de terra molhada captado pelo inconsciente. A alvorada confirma a ilusão da noite, mas a água do alto não desce e o vento matreiro manda os capulhos cinzentos para trás das serras. Um bêbado passa na rua puxando a perna e proclamando “viva”. As portas estão cerradas com o Sol já esperto, escondendo os esticadores da ceia do ano que passou. Onde está o povo? ─ pergunta o poeta. Ah! O povo ainda está grudado na cama, na força do vinho, no ronco descuidado ou no amor cauteloso da manhã. Mire apenas o voo dos urubus chegando, ouça somente a voz do silêncio nos becos ou a chave na tramela do bar que vai dormir.
Ano Novo, uma coisa natural que não existe, mas um marco sabiamente deixado pelo homem, o mesmo homem que o bebe de uma vez como os melhores drinques do aeroporto. Feliz ano novo meu amigo, Pois muita paz vão precisar os ganhadores da mega sena. SAÚDE.

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