LÁ SE VÃO AS ÁGUAS
Clerisvaldo B.
Chagas, 11 de agosto de 2015
Crônica Nº 1.469
MANCHA DAS GARÇAS NO RIO IPANEMA, AGUARDA FIM DE INVERNO. | Foto: (Clerisvaldo). |
A velha tradição do
inverno alagoano, de novo se faz presente. Normalmente a estação chuvosa se encerra
em meados de agosto, numa despedida entre sol e chuva que vai rareando com o
“casamento da raposa”. A frieza vai se distanciando e dando lugar a nova
mudança de tempo, não saudável, principalmente para os alérgicos e os sensíveis
à doença dos pulmões. O esquentar gradativo do tempo, provoca a chegada dos
mosquitos indesejáveis que atormentam o ser humano. Essa é a ocasião em que o
sertanejo começa a se preocupar com o período que vem após o seu inverno,
principalmente se ele não fez água. E fazer água na linguagem matuta é encher
barreiros, barragens e açudes.
“O futuro a Deus
pertence”, diz o homem do campo, mas a inquietação começa logo cedo com a
pergunta que fica no espaço, se haverá trovoada entre o inverno que se finda e
o inverno que virá. Esse ano, pelo menos, existe já a realidade do Canal do
Sertão que irá amenizar parte do estado na estiagem que se aproxima. É certo,
porém, que o canal não passa por toda biboca do semiárido alagoano, mas possui
seus mecanismos para atingir os lugares que ainda não contemplaram a sua face.
Mesmo assim, o prosseguimento dos trabalhos sem interrupções, não deixa de ser
uma esperança para o sertanejo com essa oba considerada a nossa redenção.
Retiradas às safras
do feijão e do milho, não nos resta muita coisa, pois deveria haver pelo menos
uma lavoura de cunho industrial para complementar com dignidade a renda do
agricultor. O algodão que se foi há muito com a tromba do “bicudo”, até hoje
nos tirou o equilíbrio financeiro que nos assegurava as boas festas de fins de
ano.
A tentativa, chocha,
minguada, capenga em substituir o algodão por outra lavoura de indústria,
parece esbarrar numa preguiça oficial sem força nenhuma de progresso. Como as
ervas do campo, o agricultor é entregue à própria sorte, levando a meninada
pela aridez do solo e pela barriga da necessidade.
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