AVISTANDO A RESERVA
Clerisvaldo B.
Chagas, 25 de agosto de 2015
Crônica Nº 1.479
NINHAL DAS GARÇAS E A RESERVA TOCAIAS. Foto: (Clerisvaldo). |
A consciência
ecológica ainda tem grande parte do rabo de fora. Desmatamento é coisa
constante em nosso Nordeste, particularizando agreste e sertão das Alagoas. No
grande número de padarias do sertão e nas fabriquetas de queijos e manteigas, o
uso de vegetais de caatinga se amontoa. Parece até que existe uma blindagem
contra a fiscalização que nunca aparece para coibir a prática vergonhosa do
desmatamento; o uso ilegal do que ainda resta da mata branca. E se a tal
fiscalização aparece, pouca gente sabe, quase ninguém vê. Pelas estradas do
Agreste, a paisagem original de transição, deu lugar a campos limpos e, quem
quiser, pode contar nos dedos as árvores de porte que escaparam do machado.
No Sertão, o crime
ecológico se repete. Em inúmeras rodovias asfaltadas e mesmo estradas de terra,
é sacrifício para quem sente a tal dor de barriga. Uma só moita que lhe permita
esconder-se totalmente, nos despachos dos intestinos, não se encontra. O pelado
das regiões faz com os animais selvagens ─ os que escaparam ─ procurem os
cocurutos de algumas serras mais distantes e de difícil acesso ou os lixões
periféricos das cidades. Quando a seca vem, acaba com o restinho de solo fértil
que ainda resta.
E vou apreciando da
minha casa, todos os dias, um naco do serrote Pelado, dentro da reserva
particular Tocaias, daquele que foi herói de guerra, professor e comerciante,
Alberto Nepomuceno Agra. Nem sei como o seu filho Alberto consegue defender a
reserva da ambição de muitos naquela parte da periferia urbana! Mas, as agruras
encontradas na luta do cotidiano, também abrem as cortinas da natura para
espetáculos deslumbrantes. O ninhal formado pelas garças do Centro-Oeste, em
migração, fica a cerca de um quilômetro da reserva Tocaias, entre o Hospital
Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo e o rio Ipanema. Todos os dias à tardinha o
ninhal com cerca de 2.000 mil aves aguardam os curiosos. Dano à máquina para
cima e a foto parece ligar o ninhal com o serrote Pintado, mas é apenas uma ilusão
de ótica. Em breve, elas retornarão às origens.
Abençoados sejam os
conservadores da Natureza.
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