quarta-feira, 20 de novembro de 2024

 

FOI TARDE DE LAZER

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3.150

 



Para nós, a excelente turma de ginasianos, foi uma surpresa. E, diga-se de passagem, uma surpresa boa. Alguém se preocupara com uma atividade um momento de lazer e cultura para a 20 Série, cujas janelas de vidros e madeira davam para a vizinha Praça da Bandeira. A maior classe de todas as quatro da escola. Entre outras atrações apresentadas, trouxeram a filha de um gerente do Banco do Brasil, para algumas apresentações com um belo acordeom vermelho. Claro que eu poderia chamar de Sanfona. Mas, era a filha do gerente, representando a elite bancária de altíssimo prestígio na cidade. Ceci também era aluna em trânsito, do Ginásio. Novinha e simpática deu um belo espetáculo tocando várias páginas musicais que nos encantaram. E se não me engano ”Saudade de Matão”.

Assim, nós notávamos quanta diferença faz, uma atividade cultural e de lazer num curso educacional puxado. Ali estava, Ceci do senhor Barradas, tocando valsas e outras páginas, despertando a música para colegas sem oportunidades. E de sanfona, propriamente dita, só conhecíamos a da fama de Luiz Gonzaga ou os pés-de-bodes dos caboclos nas pontas de rua. Mas, um acordeom chique daquele manejado pela menina-moça da sociedade de cima, era “beleza pura” como se pronunciava o senhor Benedito Pacífico, dono do restaurante “Biu’s Bar e Restaurante da Rua Delmiro Gouveia. Mas isso foi muito antes de professores que gostavam de promover atos culturais, mais adiante, como Guimarães e o pastor “Topo Gígio”.

Entretanto, podemos afirmar que o ambiente estudantil do Ginásio Santana, era tão agradável que as nossas noites de aulas equivaliam à Educação, à Cultura e ao lazer no próprio cotidiano. Frequentamos aquela escola durante seis anos como aluno e vários como professor de Ciências e Geografia. Pelo menos dois prefeitos foram meus alunos, um de Santana, outro do Poço das Trincheiras e, entre tantos outros famosos, o repentista José de Almeida, já na Colégio Santo Tomás de Aquino (Curso Médio de Contabilidade). O Ginásio Santana tinha um encantamento próprio e que brilhava em qualquer lugar de Alagoas através de qualquer um dos seus ex-alunos. Era uma das melhores escolas do estado e muito respeitada na capital Maceió.

GINÁSIO SANTANA EM 2013. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

 

 

 


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terça-feira, 19 de novembro de 2024

 

LAMPIÃO E O TIRO DE GUERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de novembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.149

 



Conta a história sertaneja que na década de 20, Santana do Ipanema, já possuía uma representação do Exército Brasileiro. Era o tão falado na época, Tiro de guerra, composto por, aproximadamente, 25 homens.  E no ano de 1926, Lampião que desceu furioso do Juazeiro do Norte, entrou nas Alagoas e assaltou vários sítios rurais do município de Santana do Ipanema. Mas por que o bandido não invadiu a cidade que se organizou com barricadas na Rua da Poeira? Não foram poucos os que afirmavam o receio do cangaceiro em enfrentar a representação verdinha. Lampião optou por um ataque à vila de Olho d’Água das Flores, totalmente desguarnecida. Pulemos então, para o final dos anos 50 e início dos anos 60.

Naquela época o Tiro de guerra ainda continuava em Santana do Ipanema. Seu alojamento era no “sobrado do meio da rua”, aproximadamente onde funcionou “Arquimedes Autopeças”. Conhecemos o comandando da unidade, um cabra forte e musculoso chamado Cadete, que residia entre a Cadeia Velha e os fundos de uma padaria (não temos certeza se era a padaria do Senhor Raimundo Melo). Em um dia estiado de inverno, os soldados passaram marchando em exercício pela rua sem calçamento Antônio Tavares. Quase defronte à casa da professora Adelcina Limeira, havia uma poça d’água e, o soldado Jaime Chagas (futuro prefeito da cidade) tentou burlar o comandante se desviando da poça. Esse percebeu a manobra e fez o recruta voltar e marchar por dentro da água barrenta.

Não sabemos quando o Tiro de guerra deixou Santana do Ipanema, talvez nos anos 70. Mas, antes de 1964, o Exército construiu um quartel em Santana e que foi abandonado pouco tempo depois. O prédio ocioso passou a funcionar como escola. Ali foi fundado o Colégio Estadual Deraldo Campos, em 1964. Repetia-se a história do Ginásio Santana que passou a funcionar no edifício ocioso que fora quartel de polícia.  Amigos e amigas, se ainda não te contaram isso, é porque faltou a leitura do “Boi, a Bota e Batina, História Completa de Santana do Ipanema”.

O tema lhe interessa?

Quer mais?

TIRO DE GUERRA EM OUTRA REGIÃO.

 


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