quarta-feira, 28 de maio de 2025

 

CAMINHADA

Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.242

 



É incrível a caminhada do santanense no trecho da BR-316, sempre pelas manhãs e no cair da tarde ainda com as luzes do lusco-fusco. Lugar de trânsito movimentado de Santana, sujeito a um acidente de graves proporções. Entretanto, não temos alternativa. Continuamos aguardando alguma iniciativa do Poder Público, como uma pista exclusiva para caminhadas. O trânsito de Santana do Ipanema está de fato feroz. Já o meu roteiro era outro, mas tão perigoso quanto o atual.  Penetrava pela Cohab Velha, saía perto da Barragem, na BR-316, e caminhava rumos a cidade de Poço das Trincheiras. Tinha a ponte estreita no rio Ipanema para enfrentar e uma curva longa além do perímetro urbano. Duas pestes juntas! E cuidado dobrado.

Atenção na estrada e vontade de caminhar, lá ia eu passando pela fazenda de João Ivo, lugar plano, até bem perto de uma baixada onde estava a porteira da fazenda do saudoso Dr. Adelson Isaac de Miranda. Era uma porteira que levava até a margem do rio Ipanema, onde era a sede da fazenda Berra Boi.  Porteira não ficava longe do sítio rural Baixa do Tamanduá. E como sempre, melhor é a volta de tão longa caminhada, até ultrapassar novamente a ponte da barragem. Mas já deveria haver um lugar específico para isso, pois a exigência da vida moderno está por todos os lugares. Quanto ao trajeto longo pela BR-316, nunca tive confiança nos mais diferentes tipos de motoristas que cruzam a estrada. Em relação à paisagem, é sempre melhor na parte da manhã; o hábito  já se espalhou bastante e muita gente também livra a academia.

Mas no trajeto Largo do Maracanã ao DENIT, cerca de 800 metros de estirada é só no lombo da BR-316, numa disputa dos corpos com os carros. As autoridades podiam ter alargado a avenida na época do asfalto, porém, continuam, sempre que possível fazendo tudo dentro da maior economia possível, o que logo, logo compromete o futuro. Mas a Educação Física na rua, não perde a pose. E hoje parece modismo de quem não precisa. É mis a juventude que desfila pelo Maracanã-DENIT, se bem que aparece pessoas maduras na mistura salutar. E enquanto os preços das academias não se adaptam ao preço do bolso, o futuro cliente vai enfrentando o trânsito doido do Maracanã. Reclamar para quê? Haja pé no asfalto e charme no look.

CENTRO DO LARGO MARACANÃ (FOTO: B. CHAGAS).

 

 

   


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terça-feira, 27 de maio de 2025

 

MANDEI VACINA

Clerisvaldo B. Chagas, 28 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.241

 



Mais uma vez, procurei o Posto de Saúde do Bairro São José, em Santana do Ipanema, visando a vacina contra a influenza. Só havia uma única pessoa para se vacinar, uma criança, facilitando assim o atendimento. Antes, sempre que se iniciava o inverno, eram três dias de cama em todos eles, por causa da gripe. Ao tomar a vacina pela primeira vez e anualmente, nunca mais tive esse problema. Isso faz me lembrar os tempos de crianças no Grupo Escolar Padre Francisco Correia, lugar onde fui vacinado por equipe volante da Saúde, contra a Influenza, pela primeira vez. Era aplicada com uma pena de escrever daquela antiga que usava tinteiro. Diante do modo brutal, a cicatriz permanece no braço até os presentes dias. Um dos vacinadores era o primo José Chagas, de saudosa memória.

Milhões de pessoas morreram no mundo, dessa gripe, durante a Segunda Grande Guerra. Foi por isso que no Bairro Bebedouro, em nossa cidade, em 1917, foi construída a Igreja em homenagem a São João, para que ele acabasse com a epidemia na terra. O autor fora uma espécie de Major Bonifácio de Maceió, chamado João Lourenço e familiares, artesão de chapéu de couro e grande promotor de festejos no bairro. Durante às noites, os habitantes do Bebedouro vinham em procissão luminosa para o Centro da cidade, cantando louvores e pedindo pelo mundo. A Igreja de São João, foi profanada, abandonada e ruiu. Quem não sabe a história da gripe, ainda brinca com a vacina e sem ela está sujeito a desencarnar com a gripe violenta.

E por falar em Posto São José, até já mudou de nome, seu esqueleto atravessou várias gestões municipais, para se tornar realidade como alguma coisa útil, na região que teve início com a formação da Cohab Velha. Após muito tempo de visitas de tudo que é ruim, no seu objetivo que era atender a saúde do povo da sua região. É um posto pequeno, porém, muito agradável. Do seu pátio se avista o sítio rural Salobinho, o alto que antecede o Hospital Regional e a pujante serra da Remetedeira. Mas o importante mesmo que estávamos falando era a eficácia da vacina contra a gripe Influenza que salva vidas.

O diabo é quem fica contra a Ciência, a vacina.

Eu, hem! Estou vacinado!

POSTO SÃO JOSÉ (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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segunda-feira, 26 de maio de 2025

 

LUGARES DE INFÃNCIA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.240

 



Não sei por que me lembrei das minhas catequistas da MatrIz de Senhora Santana. Mulheres maravilhosas que tantos nos ajudavam a entender o catecismo, quanto nos ajudavam logo cedo a trilhar pela vida com segurança. De vez em quando elas formalizavam um passeio para alegrar mais ainda aquelas alminhas doidas por conhecimentos e alegrias. Estamos falando do entorno de 1955-56. Pena é não lembrar do nome de nenhuma delas. Mas, lembro-me dos passeios que íamos de vez em quando. Os pontos aprazíveis dessa época, em Santana do Ipanema, eram: A barragem construída pelo DNOCS, no rio Ipanema, em uma periferia, o açude do Bode, em outra. Ambos do início da era de 1950. O serrote do Cruzeiro e o serrote do Gonçalinho que já era chamado Do Cristo.

Entretanto, lembro-me somente de ter ido à barragem e ao Bairro Lajeiro Grande, em formação, visitar o enorme lajeiro e a Igrejinha do padre Cícero, no cimo. A igrejinha fora motivo de promessa e construída também no início da era 50. Pense na alegria sem fim, daquelas crianças guiadas para esses recantos que representavam a Natureza!  Além disso, o carinho com que nós, as crianças, éramos tratadas pelas catequistas, aumentava o prazer do comparecimento à Igreja para aquelas belíssimas instruções. Outra pessoa de alma nobre, era o zelador e sineiro Major, descendente quilombola que andava descalço e nunca brigava com as criaturinhas que queriam subir os degraus de madeira para conhecer os sinos da torre.

Aliás, até a Igreja Matriz de Senhora Santana, passara pela grande reforma que resultara na torre de 35 metros. Claro, eu de nada sabia das maravilhas que os homens fizeram, todas tinham sido recentes, eu e meu coleguinhas, apenas usufruíamos. Também era recente a morte do padre Bulhões, o reformador da Igreja e o mais famoso padre de todos os tempos, no município. Fui batizado por ele. Depois foi a vez do padre Luís Cirilo Silva, que reinou na minha infância, adolescência e fase de estudante santanense. O mais querido e bem-humorado sacerdote.

E Deus verificou o que fizera.

E notou que tudo era BOM.

MATRIZ DE SENHORA SANTA ANA (FOTO: B. CHAGAS).

 


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domingo, 25 de maio de 2025

 

BEIJA, BEIJA, BEIJA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3239

 



 Não quero falar aqui somente sobre o pequeno pássaro, o que daria muitas e muitas crônicas. Apenas registrar a presença de uma das 362 espécies, na fiação da minha rua. Sim, é ele mesmo, Sua Majestade o Beija-flor, que fazia anos e anos que eu não via um. Pois o Trochilidae, com inúmeras denominações no Brasil, também é conhecido como Beija-flor, Colibri, Cuitelinho e aqui no Sertão Alagoano, como Bizunga. Bizunga dos meus antigos quintais, dos nossos jardins, das nossas capoeiras da caatinga... Criatura encantadora tão pequena e, a mais bela ave da Natureza. Só pode ter vindo das bandas ajardinadas do rio Ipanema, ali bem pertinho, ora cheio ora seco. Mas o Beija-flor, se já é ligeiro e parece elétrico naturalmente, parecia com medo de alguma coisa, pois logo deixou a fiação e zás!

Por falar nisso, em um dos meus romances recém-lançados, tem um personagem por apelido Bizunga. Faz parte de um trio de cangaceiros de Lampião, separado, que se mete numa grande e perigosa aventura. Trata-se do romance DEUSES DE MANDACARU, um clássico nordestino inigualável, segundo os que já o leram. Também existe uma página musical belíssima chamada “Cuitelinho” na voz dos sertanejos Jacó e Jacozinho, página que eu estava sempre a pedir ao saudoso poeta e cantor Ferreirinha e sua viola de “ouro”.  Graças a Deus eu era ruim de pontaria com a peteca (estilingue) e quando criança ou adolescente nunca consegui acertar uma bizunga.

Continuamos a receber pássaros da região do rio Ipanema. Como já disse inúmeras vezes, o rio seco é um grande jardim, mas parece que só eu, eu, poeta, eu geógrafo, eu apaixonado pela Natureza que isso descubro. Sim, já vi outras pessoas falando sobre coisas belas do rio Ipanema, mas parece-me que, igual a um disco que rachou, para por ali como a obrigação de ganhar um prêmio e pronto. E chega a rolinha, chega o bem-te-vi, chega o anu-preto e passa na rota da manhã os bandos de espanta-boiadas (quero-quero). E se esse desfile, vez em quando, de pássaros selvagens não for privilégio da Natureza, não sei o que é privilégio.  Ninguém amou o rio Ipanema mais do que eu, tanto é que foi instituído o DIA DO RIO IPANEMA, A 21 de ABRIL É um dos poucos rios do Brasil que tem aniversário oficializado. Graças a idéia desse caboclo e sua persistência à Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte.

BEIJA-FLOR.


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sexta-feira, 23 de maio de 2025

 

ATÉ QUANDO?

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.237


 

Você pode até ser mais um indiferente da capital. Um ser que estar desligado da realidade do campo e até da sua própria realidade. Mas, se você estar desconectado do campo, mas está atento ao que vai ter à sua mesa, hoje, ao supermercado, ao preço das mercadorias e até na variedade dos gêneros alimentícios que a redondeza tem para lhe oferecer. Porém eu lhe posso dizer que é do campo que as mercadorias lotam os lugares de venda direta ou indiretamente. Fique atento nas chuvadas do campo que elas podem melhorar ou piorar o estoque do dinheiro no seu bolso. Por aqui, no Sertão alagoano, com essas primeiras chuvas, ainda que sejam fracas, permitiram as primeiras arações de terras. E algumas, a maioria, ainda na base do arado puxado a boi. Uma parelha de bois.

Há muito que acompanhamos o homem do Sertão. É o sofrimento à base do arado milenar. Uma parelha de boi puxando o arado, um homem segurando a ferramenta e a guiando no revolver da terra e outro homem guiando a parelha de bois. Isso é o dia inteiro, para um lado e para outro, para cima e para baixo. Quando os bois são bem treinados, ainda, ainda, mas quando não, o sofrimento é maior. E onde estar o trator, o mini trator? Onde estar a cooperativa agrícola. Onde estão as associações comunitárias, que não se juntam para a compra de vítimas dos coronéis, ferramentas do século XXI? Ah! Pode até ser bonito para quem passa na estrada, mas para quem está no batente, ai, ai.

Como é possível que a família sertaneja atravesse séculos ainda puxando um arado movido a bois? Vejam os engenhos, antes puxados por tração animal e hoje na maior tecnologia no fabrico do açúcar. E porque nós continuamos como os pairas do mundo, vítimas dos dirigentes públicos, dos patrões, dos coronéis, da ambição ou da indiferença de certas cooperativas que nada melhora dos seus associados. Voltamos ou continuamos com o tempo de antes do Dr. Otávio Cabral e sua Revolução na Agricultura. 

Tinha graça!

ARADOD NO MUSEU (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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quarta-feira, 21 de maio de 2025

 

CHUVA NA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.238

 



O tempo continua chuvoso na região de Santana do Ipanema. O céu, por vários dias, completamente tomado pela cor marfim vai agradando ao homem do campo e a todos que conhecem o seu significado. Cresce a rama, o boi engorda, incha os barreiros, se move a semente, a frieza atinge os alpendres das fazendas, o amor é mais cedo nos colchões e o galo, com muita pompa, anuncia o novo alvorecer. Alvorecer cheio de esperanças e fé em um bom inverno para a barriga fica rmais cheia, o bolso deixar o liseu e São João que se aproxima, ser um festejo de melhor qualidade. Riachinhos estão escorrendo fazendo aquela zoadinha tão desejada aos ouvidos sertanejos. As aves se assanham em alvoroço em beiras de açudes, o mundo semiárido se transforma.

Que pena, as tradições juninas escorregando pelo ralo por causa do progresso e a falta de cuidados. Não podemos almejar, entretanto, que o mundo dos nossos avós, dos nossos pais e nossos, sejam iguais aos dos nossos filhos. Mas que é gostoso a gente lembrar do São João dos anos 60. é. E por falar nisso, ainda alcancei Seu Eloy, ele em idade avançada e que, segundo o povo, era o maior puxador de “quadrilha de São João” das redondezas. Foi substituído por certo tempo pelo filho, Valter da Geladeira e, também por certo tempo. As quadrilhas foram arrefecendo em Santana. Os palhoções das ruas e dos bairros foram desaparecendo.

Pode ser até que Caruaru e Campina Grande tenham se agigantado no São João, visando o interesse comercial que deve ser altamente compensatório, porém, do nosso interior alagoano, somente fragmentos dos autênticos festejos. Ainda escapam as comidas típicas, e um estouro de bomba perdida aqui ou acolá. De vez em quando, uma tentativa sem êxito, de ressureição semelhante ao Carnaval. Não tem mais volta. Morreu, morreu. Mesmo assim, vamos fazendo a nossa parte caseira e particular, de acordo com o prazer de louvar o santo. Aliás, se deixássemos a canjica e a pamonha de lado, seria isso sim, um tremendo desastre para o paladar.

Viva o São João!!! Valerá gritar de novo.

 

O IMPERADOR DO FORRÓ: MANEZINHO + MARCÍLIO ((FOTO: B. CHAGAS).


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terça-feira, 20 de maio de 2025

 

MARCELA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3237



 

Quando Santana do Ipanema, não tinha água encanada, valia-se das cacimbas do rio periódico Ipanema. Um dos lugares do rio, porém se tornou simpático ao povo porque tinha uma água de melhor qualidade e chamava-se Marcela. Sempre pensei que Marcela fosse do município de Santana do Ipanema, ali para as bandas do sítio Água Fria e os pés da serra do Poço. Acontece que só agora, depois de velho, descobri que Marcela é um sítio do município do Poço das Trincheiras. Fica perto do povoado quilombola Tapera do Jorge, ainda no poço das Trincheiras, um lugar muito aprazível, onde o trecho do rio é muito belo e por séculos alimentou o aglomerado.

Marcela não é a mulher Marcela. Marcela é uma florzinha do campo que se parece com a camomila. É nativa do Brasil e chamada de Marcela, Macela, Marcela do Campo e Camomila brasileira (a camomila verdadeira não é originária do Brasil). Possui as mesmas propriedades calmantes da sua xará e tem o nome científico de Achyrocline satureiodes.  Então, com essa mimosidade toda, tanto é bela a Marcela, quanto é belo o trecho do rio Ipanema no lugar Marcela e imediações.  Vale a pena uma incursão pelo rio Ipanema seco, do Poço das Trincheiras a Santana do Ipanema. Daria uma filmagem supimpa! Até porque a beleza de um rio periódico está no tempo seco quando vira um belíssimo jardim com uma variedade enorme de plantas e recantos agradabilíssimos.

Mas você pode percorrer, para deleite, descontração, conhecimento... O trecho citado acima. Pode seguir subindo o rio, se almejar, iniciando seu passeio pela barragem assoreada na BR-316 e encontrar aspectos diferentes do rio. Acima da barragem, encontrará o chamado Poço Grande ou Poço do Boi, onde tem o desenho de uma cara de boi na rocha, segundo os que vêm. A pirâmide santanense ou Pedra dos Bexiguentos, um corredor rochoso que forma um poço comprido. Após isso, o leito do rio vai se alargando e chegando as imediações das faldas da serra do Poço. Ali tem registro de tromba d’água e fragmentos de animal pré-histórico, representado em museu. Vamos conhecer o nosso amor Marcela, Marcela do rio Ipanema.

MARCELA

 

 

 

 

 

 

 

 


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segunda-feira, 19 de maio de 2025

 

TUDO ESTRANHO

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.236

 



Finalmente, após o dia 15 de maio, como sempre foi, a região do Sertão alagoano, entrou em perspectiva de chuvas das chamadas chuvas das tradicionais chuvadas de outono/inverno dessa região. O céu ficou por vários dias, nublado, mas sem chuva, apenas dando notícias de precipitações no Agreste. Agora resolveu colocar as mangas de fora, mas somente com algumas nuvens com chuvas passageiras e fracas po cerca de cinco minutos. Uma friezinha sim, o escurecimento do tempo dentro das casas, devido algumas nuvens mais escuras e só. Diante das mudanças climáticas, não podemos mais confirmar nada sobre a continuação das chuvas outono/inverno em Santana do Ipanema e região. Um tempo estranho. Muito estranho.

Mas, independente do Sol e da Chuva, continuam as obras do Anel Viário.  Os trabalhos estão descendo as colinas dos arredores e tudo indica, passarão pela estrada que leva ao sítio Tocaias, onde se encontra a “Igrejinha das Tocaias. Não entendemos de engenharia, porém dar a entender que essa ligação rodoviária entre a AL-130 e a BR-316, irá cortar a estrada das Tocaias com um aterro. E caso acontecesse isso, aqui vai uma sugestão que é fazer um viaduto no futuro aterro assim como Paulo Ferreira fez no aterro das imediações do Colégio Estadual. A Igrejinha das Tocaias, ao lado da Reserva Tocaia, são atualmente os pontos turísticos mais visitados. Joias da visitação pública entre romeiros, estudantes, professores, cineastas, escritores e devotos ferrenhos da tradição histórica, geográfica, religiosa e social desse relevante ponto supervalioso de Santana do Ipanema.

Porém, mais duas coisas relevantes acontecerão com o Anel Viário. Os veículos que virão da região Oeste do Sertão em busca do hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, não precisarão enfrentar o trânsito do Centro da cidade, subirão direto da BR-316 para o hospital. Os que vierem da Região Sul, pela AL-130, também não enfrentarão o trânsito do Centro, chegarão livre ao hospital que atende cerca de vinte oito municípios. Quanto as formações de novos bairros além do hospital, rumo a serra da Remetedeira e nas imediações da serra Aguda, onde ficará a maior estátua sacra do mundo, serão bairro novos já com asfaltos à porta, clima de altitude e boas perspectivas de vida.

(FOTO; B. CHAGAS).


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domingo, 18 de maio de 2025

 

ÁGUA NA PEDRA

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3. 235




É natural que as pessoas tenham abandon

ado hábitos antigos e tenham se integrado aos tempos modernos, aqui no Sertão de Alagoas. Foram deixados de lado os remédios do mato, a procura de águas nas cacimbas de rios periódicos e a lavagem de roupas nos pilões de pedra. Motivos pela ordem: remédios de farmácia em abundância, água encanada do rio São Francisco e máquinas de lavar. Muitas outras coisas poderiam ser citadas, mas vamos parar por aqui com objetivo de falar sobre os pilões de pedras, um dos motivos do meu próximo livro sobre a zona rural. Pedra d’Água, Caldeirão, Caldeirão de pedra, são os nomes que se dão no Sertão às rochas, rochedos, lajes, lajeiros, lajedos, lajeado, que afloram e que adquirem, pela Natureza, várias formas que acumulam águas pluviais.

Aqui no Sertão alagoano, no município santanense, temos até um povoado de denominação, Pedra d’Água dos Alexandre. E é interessante porque pertence a dois municípios: um lado da rua é Poço das Trincheiras, o outro lado, Santana do Ipanema. É terra da cangaceira Maria do Cangaceiro Pancada. Maria de Pancada como ficou conhecida. Pois bem, O nome Pedra d’Água vem justamente de algumas rochas da região que acumulava água das chuvas em suas formas. Em Santana existem vários pilões de pedra. Somente na região de Camoxinga dos Teodósio existem mais de cinco, porém, hoje estão esquecidos por causa da existência de água encanada. Se você não alcançou, que pena! Era um encanto as lavadeiras de roupa nos caldeirões de pedra. Simplesmente romântico.

Tirando a faina charmosa das lavadeiras nas rochas, o local   é atrativo para pássaros e outros animais selvagens, e mesmo lugar de emboscada para caçadores, hoje ilegais. Suas formas de retenção da água pluvial tem uma ótima variação: rachaduras, cavidades simples, panelas, caldeirões, torneados profundos ou não e panelas em forma de parafuso. Ali vêm beber, o sapo, a raposa, o furão, o lobo-guará, a cobra, o cassaco e todos os selvagens do perímetro, durante, principalmente o período de estiagem prolongada. Durante o tempo mais frio do inverno, urubus e teiús costumam usar esses e outros lajeados para obrigatórios banhos de sol, como os humanos. Por isso e por mais ainda, é tão importante um lajeiro tipo caldeirão na propriedade quanto uma lagoa, um riacho, uma várzea.

LAJEADO COM ÁGUA (foto: PULSAR).

 


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