terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

MÃO DE PILÃO

MÃO DE PILÃO
(Clerisvaldo B. Chagas, 15 de fevereiro de 2011).

       Acompanhamos o grande momento histórico de transformação política no Egito. Veja na crônica intitulada Praça Tahir, quando afirmávamos pela manhãzinha que a queda de Mubarak se daria mais cedo ou mais tarde. E antes mesmo de terminar o dia, o homem desapareceu do palácio, sumiu da capital e do país. Vamos ficar aguardando agora a mudança social, esperando que as forças armadas não tomem gosto pelo poder, pois o povo poderá voltar com redobrada disposição depois da porteira aberta. De qualquer maneira o novo comando do país não vai mudar a situação econômica em apenas seis meses. Casos os militares sejam inteligentes, tentarão resolver o impasse povo/governo no menor tempo possível porque os nervos estão à flor da pele e a tensão não para. Mas poderemos também estar vivendo um momento histórico de transformação política e social no mundo. O exemplo da Tunísia e do Egito já atingiu outros países governados por ditaduras militares ou teocracias. Como também havia falado antes, o poder da comunicação com as novas tecnologias, vão invadindo esses países onde o indivíduo não tem liberdade religiosa, de palavra, de locomoção, de ascensão trabalhista. Afinal, não tem a direito a nada. Alguns povos estavam na escuridão deísta da Idade Medieval, privados do que se passava no resto do mundo com as mulheres, os negros e as garantias individuais. Descobertas essas coisas, ninguém mais pode segurar as multidões sequiosas por liberdade.
       Com as investidas populares, após os exemplos dados, as mãos de ferro vão enferrujando, caindo aos pedaços e contaminando o plácido sono dos semideuses de guabiroba. Essas rebeliões que vão endurecendo no centro da África, ganharam força com esses movimentos do norte continental que também já pulou para a Ásia do senhor Mahmoud Ahmadinejad. Aliás, falando nesse homem sem cor, bem que ele tentava desviar a atenção do povo voltando-se a vociferar contra americanos e israelenses, enquanto proibia notícias vindas de fora em seu reino que mistura política com religião. Por certo, mesmo com a tirania dos dirigentes, os muçulmanos começam a entender que essas pregações religiosas são disfarces para manter o povo acorrentado. Aquilo que o senhor Ahmadinejad chama de oposição, é nada mais nada menos de que cidadãos que despertaram para o aperto das suas garras, digo, garras do regime, da falsa simbiose entre o divino e o terreno.
       Volto a repetir, talvez estejamos testemunhando um fato histórico de proporções gigantescas que varrerá a terra de ditadores religiosos, militares e outras castas, se houver. Lembram-se dos vendavais que sopraram a União Soviética, Polônia e suas afiliadas socialistas?
      Depois de haver testemunhado tantos fatos relevantes no mundo, vamos agora anotando as derrotas dos Governos com mão de ferro e as vitórias dos povos com MÃO DE PILÃO.

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

QUE QUERES TU?

QUE QUERES TU?
(Clerisvaldo B. Chagas, 14 de fevereiro de 2011).

       Diante de alguns recuos significativos, o presidente americano cada vez mais vai perdendo o prestígio inicial. Se não é prestígio, pelo menos é um desencanto generalizado. As pressões radicais do senado e de outros setores influentes são marteladas no dedão preto do pé que ainda incomoda uma tradicional sociedade racista. Todos sabiam, mas ainda restava alguma esperança por que dizem que ela é bicho duríssimo de morrer. Aquele representante apenas confirma a antiga opinião: monta o brioso corcel bem arreado, porém, o cabresto continua preso a estacaria. Imita macilento, a rainha da Inglaterra, reina, mas não governa. Os sucessivos puxões de camisa vão fazendo de Barack um homem tristonho que tenta disfarçar em seus discursos. Após tantos reveses na sua vontade, o presidente hesitou desprevenido, estonteado, inseguro, nos pronunciamentos frustrantes sobre a queda de Hosni. Não foi ouvido pelo ditador do Egito, não é mais ouvido pelo governo de Israel, não consegue ser confiável no mundo árabe e boia na Economia em pau de mulungu. A continuar assim, chegará ao final da gestão com apenas a marca na história de ter sido o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.
       Em março, próximo, Barack Obama virá ao Brasil. Dizem que ele quer fazer um discurso impressionante (chama de histórico) em espaço onde caibam milhares de pessoas. Coisa assim, bem se sabe, de astros do Rock, mesmo. Até uma praia no Rio está em cogitação, pois o homem somente visitará o Rio de Janeiro e Brasília. Não falará sobre a pretensão brasileira de assento no Conselho Permanente da ONU. (Em visita a Índia, já deu esse apoio ao país asiático). Não tocará no assunto de tarifas que impedem por lá a entrada de alguns produtos do Brasil. Não reconhece a liderança plena do nosso país na América Latina e nem sua influência no mundo. Ora! Vem-se aqui para não nos brindar com nada, por que vem, então?
       Pela curiosidade, Barack pegou o jeitinho brasileiro. Quer sair do baixo crédito, da apatia em que vive, à custa de Brasil. Anda em busca de um fato novo que levante sua moral, tão surrada quanto chapéu de vaqueiro. E esse fato novo seria um discurso planejado com imensa multidão em um país que está em evidência. Ele vem para onde não reconhece, humilha, empavona-se e vai embora. Talvez porque a Dilma não lhe foi primeiro beijar a mão como o Brasil do passado. Para mim Barack, você começa a ser uma grande decepção, um mané-gostoso do senado americano querendo ficar esperto no Brasil. Cuidado com as palavras dele, Dilma, para não sobrar para nós. Deixem que ele suba os morros pacificados do Rio, atrás de golpes publicitários. E já consciente das suas intenções, bem me faria se chegasse perto do presidente nos calçadões de Copacabana. Faria a pose do conhecido Zé Carioca e perguntaria com toda malandragem do papagaio gozador: Ó Bama! QUE QUERES TU?


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