terça-feira, 15 de março de 2011

CASA DE ENFORCADO

CASA DE ENFORCADO
(Clerisvaldo B. Chagas, 15 de março de 2011).

       O mundo em notícia vai-se dividindo entre o Japão e a Líbia. Em relação ao país asiático, a parte atingida pelo tsunami, repetida vezes pela mídia, mostra a paisagem como se fosse de um bombardeio aéreo de muitos dias. Esse cenário de horror não fica restrito, porém, a área em que ocorreu o fato. O Japão, afetado como um todo vai sofrendo as consequências pós-onda gigante. Além do amontoado de entulhos, os corpos encontrados nos mais inusitados lugares, representam uma espécie de sina comparativa às hecatombes da Segunda Grande Guerra. Os sobreviventes contemplam em redor como se tivessem sido jogados de repente no inferno. Como fica o psicológico de uma pessoa que passa por um choque radical dessa natureza? Além do trauma central, vem o frio, a falta d’água, a fome e a incerteza. Para completar o quadro dantesco, surge o escapamento radioativo que ameaça não somente o país, mas a vizinhança do arquipélago japonês. Péssima hora para algumas nações falarem a favor de continuados programas nucleares, como Brasil, por exemplo.
       Enquanto isso o povo líbio continua sua luta armada contra um homem que prefere derramar o sangue dos seus irmãos, a deixar o poder. Pelo menos nesse caso da Líbia, o ditador mostra-se pior do que o ex-colega do Egito, também apegado à posição de poderoso. O hábito pode não fazer o monge, mas o indivíduo que dirige um país há trinta anos, acha sim que aquele território lhe pertence. É assim que acontece em menor escala em grande parte dos municípios brasileiros. Mesmo com todas as garantias constitucionais e votado por um período de quatro anos, o reizinho, na sua individualidade, esquece que é apenas o gerente, o empregado do povo, partindo para as estratégias que assegurem a sua permanência no pote de mel. Esses acontecimentos no Japão e no Oriente Médio podem até não ser o início do final dos tempos, mas é o flagrante, o âmago de mudanças históricas que ainda irão se definir. Na Ásia Seca, mesmo que esse novo tsunami das multidões descansem por algum tempo, já foi suficiente para mostrar que essa marcha não retrocederá. Acusamos uma grande lição para os países europeus e os Estados Unidos, que dessa vez aguardam às resoluções da ONU. Ninguém quer se aventurar por conta própria com uma invasão militar em terras líbias. Já? Já aprenderam? Também, depois de Vietnã, Afeganistão e Iraque, só os brocos não aprendem.
       Nesse ínterim, o nosso ex-presidente, não tendo muito que fazer, vai circulando pelo Oriente, ganhando seu “cachezinho”, falando para uma plateia saudosista das suas atuações. Prega a democracia numa região repleta de ditadores. E lá no meio daqueles lobos todos, Lula vai magoando a ferida como pode, aplicando arriscadas lições sobre corda em CASA DE ENFORCADO.


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segunda-feira, 14 de março de 2011

LEMBRAR PELAS CICATRIZES

LEMBRAR PELAS CICATRIZES
(Clerisvaldobchagas, 14 de março de 2011).
       A catástrofe acontecida em território japonês foi lamentável e prevista. As prevenções contra fenômenos naturais não são totalmente seguras, apesar de todos os avanços que existem. Terremotos, maremotos e seus efeitos devastadores, furacões, erupções vulcânicas, fazem parte da renovação normal do planeta. São forças descomunais que levam o homem a procurar entendê-las e tentar, através desse conhecimento científico, conviver com elas. Essas forças não são inimigas e nem amigas, simplesmente elas existem e não podem ser ignoradas. O Japão estar assentado em um dos lugares mais perigosos da Terra. Faz parte do “Círculo do Fogo” ou do “Cinturão do Fogo”, que é uma enorme sucessão de vulcões nessa área do oceano Pacífico. Somente no seu território − arquipélago que congrega 6.852 ilhas – existem entre 80 e 108 vulcões em atividade. As principais ilhas são a de Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku que correspondem a 97% do território. 70% do país são florestas e montanhas, deixando a planície costeira para uma grande concentração de pessoas. O mar exerce importantíssimas influências em países arquipélagos. Geralmente são as planícies costeiras as mais procuradas pela população. Grande parcela da sobrevivência vem do oceano, todavia, também as planícies estão mais sujeitas aos ventos arrasadores e indomáveis, bem como aos tsunamis que são ondas fortíssimas provocadas pelos maremotos.
       Estamos solidários com o bravo e laborioso povo japonês, principalmente nas imensas dores que caracterizam familiares mortos ou desaparecidos. Esse território é habitado desde o período paleolítico, fala a língua japonesa e ganhou o título de “Origem do Sol” ou “Terra do Sol Nascente”. O padrão de vida japonês é alto e mostra a maior expectativa de vida do Planeta. Representa a terceira economia, é o quarto maior exportador e o sexto maior importador. Na política, o Japão é monarquia constitucional, onde o imperador é simbólico e cuja força fica com o primeiro-ministro. Com 377.815 km2 de superfície total, o Japão é menor do que o estado de Minas Gerais. Além das florestas e montanhas, pequena parte do território pratica a agricultura e a pecuária. Seus rios são curtos e despejam no mar. Sua população é envelhecida por causa da baixa taxa de natalidade, gerando um problema de falta de mão de obra jovem para impulsionar o país. A terra do Sol Nascente lidera no campo de pesquisa científica e tecnológica, maquinaria, eletrônica, robótica industrial, óptica, química, semicondutores e metalurgia. Apesar de tantos avanços, o Japão também possui uma alta taxa de suicídios.
       É esse país incomum que o mundo aprendeu a admirar e que foi agora vítima de mais um lance da natureza. Logo ele que não para de aplicar lições de Ecologia com projetos bonitos e ousados para uma vida melhor no presente e para o futuro. Como uma tragédia nunca vem sozinha acompanha o tsunami o escapamento de gás contaminado de sua usina nuclear. Outro problemão em potencial que deixa o mundo em suspense. Ainda bem que pelo menos setenta países prontificaram-se a ajudar nossos irmãos asiáticos, inclusive o Brasil. Solidariedade. Como na vida estamos sempre recomeçando, torcemos para que tudo seja recuperado na terra das cerejeiras, embora saibamos que difícil mesmo é LEMBRAR PELAS CICATRIZES.


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