terça-feira, 28 de junho de 2011

A ESTRELA DE MANÉ GUARDA

A ESTRELA DE MANÉ GUARDA
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de junho de 2011.

 Não sabemos se algum dirigente do Brasil andou consultando os búzios, cartas, runas ou coisas semelhantes a respeito do futuro pátrio. É sempre bom um trabalho duro, digno, decente, mas com muita esperança no resultado do labor. Nem todos nasceram para chegar à riqueza, até por que os mistérios divinos não permitem ainda que todos estejam nivelados por cima. Mas se não estamos nivelados por cima, também não estamos nivelados por baixo. E como temos um futuro sempre encoberto pelo nevoeiro da eternidade, é de bom alvitre conservar pelo menos uma dose de otimismo para alimentar o dia a dia. Gosto de ser simples nos escritos, mas sempre respeitar a nobreza da linguagem. Os textos imundos, chulos, que sempre chamam a atenção para o rejeito, retiram de nós até a simpatia que temos pelo escrevente. Isso também me faz lembrar certo humorista falecido cuja linha de trabalho era toda baseada nas imundícies do dia a dia. Sempre o evitei, pois náuseas me causavam a sua simples aparição. Conheço no Brasil pessoas talentosas que escrevem sempre para sites, porém, a linguagem constante sobre porcarias, tornam esses escritos penicos de hotel. E quem lida com excrementos todos os dias, não pode cheirar a sândalo. Premido, porém, pelo assunto de hoje, sou obrigado a utilizar esse expediente como arma necessária.
            Em nossa trajetória encontramos pessoas que não param de reclamar da vida. Algumas até com sucessivos “nomes” e palavrões que por isso até se tornaram conhecidas. Entre os inconformados com a existência estava o senhor Mané Guarda, um cidadão pobre de fala grossa, arranhada e devagar, prestador de serviço em Santana do Ipanema. Uma pessoa popular e querida por todos, apesar do seu constante mau humor. Certa feita, quando houve um comentário sobre o sucesso de um artista, Mané Guarda, foi enfático: “Todo mundo nasce com uma estrela na testa; a minha nasceu no c.... No primeiro p... que eu dei, ela voou na casa da peste!”
             “A PETROBRÁS anunciou nesta terça-feira sua ‘principal’ descoberta no pré-sal da Bacia de Campos. Segundo a companhia, foram encontrados ‘dois níveis de petróleo’ de boa qualidade no poço exploratório informalmente conhecido como Gávea”.
             Para os que afirmam que Deus é mesmo brasileiro, a razão parece sorrir a essa afirmativa. Enquanto estávamos pobres, o “mundo” estava rico.  O denodo, o otimismo, o trabalho constante do nosso povo, parecia clamar aos céus a nossa desdita no globo dividido. A descoberta de um oceano de petróleo foi como um prêmio total da loteria para um miserável. E o interessante é que essa dádiva nos foi ofertada no momento em que o nosso país havia se organizado completamente para poder ir ao crescimento. É como se após a higienização vestíssemos a melhor roupa para receber um presente há tempo sonhado. Depois de assombrarmos o mundo com a nova descoberta, eis que a PETROBRÁS continua descobrindo mares periféricos sobre o grande oceano do óleo. Quando Deus quer, modifica tanto o indivíduo, de repente, quanto um país grande ou pequeno, para transformá-lo num grande país. O mundo agora está mais pobre e o brasileiro mais rico. Pelo jeito, tanto sacrifício compensou. A estrela do Brasil, felizmente, não nasceu no lugar da ESTRELA DE MANÉ GUARDA.


Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2011/06/estrela-de-mane-guarda.html

segunda-feira, 27 de junho de 2011

NOSSO AMIGO PEDRINHO

NOSSO AMIGO PEDRINHO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de junho de 2011.

       Fechando a marcha junina, o dia dedicado a São Pedro parece ser o último dia de Carnaval para os foliões.  O Brasil inteiro comemora as festas dos três santos, mas é na região Nordeste onde o auge dos festejos é atingido, graças à religiosidade, tradição, crenças e muito divertimento durante todo o mês de junho. Cada um dos santos desse chamado calendário junino tem as suas particularidades que os transformaram nos mais populares entre todos. São Pedro sempre foi o mais escolhido para piadas, anedotas, brincadeiras sadias ditadas pelo povo nordestino. Sua condição de chaveiro do céu, seu prestígio diante do Senhor, suas fraquezas antes do calvário e suas firmezas após o Gólgota, aguçam as brincadeiras dos seus seguidores na terra. Até mesmo inúmeros folhetos de cordel descrevem situações vexatórias e humorísticas das almas que procuram entrar sem merecimento no Reino de Deus. A chegada de Lampião no Céu; o embate do demônio com São Pedro; a festa no céu e a sabedoria do macaco estão entre centenas e centenas de escritos, piadas e anedotas que divertem bastante, mas não ofendem ao santo.
        Simão era seu verdadeiro nome e nasceu em Betsaida, província da Galileia. Filho de Jonas era casado e pescador. Certa feita, seu irmão André encontrou com Jesus e depois comentou com Simão. Simão quis conhecer o Messias e daí saiu à amizade que durou para sempre entre os dois. Temperamento impulsivo, mas homem generoso e de grande amor ao Mestre, Simão foi o escolhido para comandar a Igreja de Cristo, o que fez com muita firmeza e competência. Em Cesareia de Filipe, Jesus diz a Pedro: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares sobre a terra será ligado também no céu, e tudo que desligares na terra será também desligado do céu”.
       Verificando os Atos dos Apóstolos, descobrimos a atuação marcante do apóstolo Pedro, principalmente nos dez primeiros capítulos. Foi ele o grande líder da comunidade cristã após a morte de Jesus. Integrou Matias ao colégio dos apóstolos para substituir Judas; e no dia de Pentecostes estava lá fazendo o seu primeiro discurso e convertendo mais de três mil pessoas. Está escrito também que realizou o seu primeiro milagre curando um homem coxo. Pedro foi preso, convocou o concílio dos apóstolos e ainda foi a Antioquia onde passou sete anos na direção da igreja. Saindo da Antioquia dirigiu-se a Roma onde permaneceu até ser martirizado em 29 de junho de 67 depois de Cristo. Como não se achava digno de morrer da mesma maneira de Jesus, pediu para ser colocado na cruz de cabeça para baixo. Pedro foi sepultado no lugar onde hoje é a Basílica do Vaticano e que leva o seu nome. Respeitado, venerado e admirado pelo povo brasileiro, continua nas brincadeiras folclóricas sendo tratado com muita intimidade pelos seus devotos, entre os quais o cronista que tem o prazer de chamá-lo carinhosamente de NOSSO AMIGO PEDRINHO.

Link para essa postagem
https://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2011/06/nosso-amigo-pedrinho-clerisvaldo-b.html