quarta-feira, 21 de maio de 2025

 

CHUVA NA TERRA

Clerisvaldo B. Chagas, 22 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.238

 



O tempo continua chuvoso na região de Santana do Ipanema. O céu, por vários dias, completamente tomado pela cor marfim vai agradando ao homem do campo e a todos que conhecem o seu significado. Cresce a rama, o boi engorda, incha os barreiros, se move a semente, a frieza atinge os alpendres das fazendas, o amor é mais cedo nos colchões e o galo, com muita pompa, anuncia o novo alvorecer. Alvorecer cheio de esperanças e fé em um bom inverno para a barriga fica rmais cheia, o bolso deixar o liseu e São João que se aproxima, ser um festejo de melhor qualidade. Riachinhos estão escorrendo fazendo aquela zoadinha tão desejada aos ouvidos sertanejos. As aves se assanham em alvoroço em beiras de açudes, o mundo semiárido se transforma.

Que pena, as tradições juninas escorregando pelo ralo por causa do progresso e a falta de cuidados. Não podemos almejar, entretanto, que o mundo dos nossos avós, dos nossos pais e nossos, sejam iguais aos dos nossos filhos. Mas que é gostoso a gente lembrar do São João dos anos 60. é. E por falar nisso, ainda alcancei Seu Eloy, ele em idade avançada e que, segundo o povo, era o maior puxador de “quadrilha de São João” das redondezas. Foi substituído por certo tempo pelo filho, Valter da Geladeira e, também por certo tempo. As quadrilhas foram arrefecendo em Santana. Os palhoções das ruas e dos bairros foram desaparecendo.

Pode ser até que Caruaru e Campina Grande tenham se agigantado no São João, visando o interesse comercial que deve ser altamente compensatório, porém, do nosso interior alagoano, somente fragmentos dos autênticos festejos. Ainda escapam as comidas típicas, e um estouro de bomba perdida aqui ou acolá. De vez em quando, uma tentativa sem êxito, de ressureição semelhante ao Carnaval. Não tem mais volta. Morreu, morreu. Mesmo assim, vamos fazendo a nossa parte caseira e particular, de acordo com o prazer de louvar o santo. Aliás, se deixássemos a canjica e a pamonha de lado, seria isso sim, um tremendo desastre para o paladar.

Viva o São João!!! Valerá gritar de novo.

 

O IMPERADOR DO FORRÓ: MANEZINHO + MARCÍLIO ((FOTO: B. CHAGAS).


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terça-feira, 20 de maio de 2025

 

MARCELA

Clerisvaldo B. Chagas, 21 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3237



 

Quando Santana do Ipanema, não tinha água encanada, valia-se das cacimbas do rio periódico Ipanema. Um dos lugares do rio, porém se tornou simpático ao povo porque tinha uma água de melhor qualidade e chamava-se Marcela. Sempre pensei que Marcela fosse do município de Santana do Ipanema, ali para as bandas do sítio Água Fria e os pés da serra do Poço. Acontece que só agora, depois de velho, descobri que Marcela é um sítio do município do Poço das Trincheiras. Fica perto do povoado quilombola Tapera do Jorge, ainda no poço das Trincheiras, um lugar muito aprazível, onde o trecho do rio é muito belo e por séculos alimentou o aglomerado.

Marcela não é a mulher Marcela. Marcela é uma florzinha do campo que se parece com a camomila. É nativa do Brasil e chamada de Marcela, Macela, Marcela do Campo e Camomila brasileira (a camomila verdadeira não é originária do Brasil). Possui as mesmas propriedades calmantes da sua xará e tem o nome científico de Achyrocline satureiodes.  Então, com essa mimosidade toda, tanto é bela a Marcela, quanto é belo o trecho do rio Ipanema no lugar Marcela e imediações.  Vale a pena uma incursão pelo rio Ipanema seco, do Poço das Trincheiras a Santana do Ipanema. Daria uma filmagem supimpa! Até porque a beleza de um rio periódico está no tempo seco quando vira um belíssimo jardim com uma variedade enorme de plantas e recantos agradabilíssimos.

Mas você pode percorrer, para deleite, descontração, conhecimento... O trecho citado acima. Pode seguir subindo o rio, se almejar, iniciando seu passeio pela barragem assoreada na BR-316 e encontrar aspectos diferentes do rio. Acima da barragem, encontrará o chamado Poço Grande ou Poço do Boi, onde tem o desenho de uma cara de boi na rocha, segundo os que vêm. A pirâmide santanense ou Pedra dos Bexiguentos, um corredor rochoso que forma um poço comprido. Após isso, o leito do rio vai se alargando e chegando as imediações das faldas da serra do Poço. Ali tem registro de tromba d’água e fragmentos de animal pré-histórico, representado em museu. Vamos conhecer o nosso amor Marcela, Marcela do rio Ipanema.

MARCELA

 

 

 

 

 

 

 

 


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