domingo, 25 de maio de 2025

 

BEIJA, BEIJA, BEIJA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3239

 



 Não quero falar aqui somente sobre o pequeno pássaro, o que daria muitas e muitas crônicas. Apenas registrar a presença de uma das 362 espécies, na fiação da minha rua. Sim, é ele mesmo, Sua Majestade o Beija-flor, que fazia anos e anos que eu não via um. Pois o Trochilidae, com inúmeras denominações no Brasil, também é conhecido como Beija-flor, Colibri, Cuitelinho e aqui no Sertão Alagoano, como Bizunga. Bizunga dos meus antigos quintais, dos nossos jardins, das nossas capoeiras da caatinga... Criatura encantadora tão pequena e, a mais bela ave da Natureza. Só pode ter vindo das bandas ajardinadas do rio Ipanema, ali bem pertinho, ora cheio ora seco. Mas o Beija-flor, se já é ligeiro e parece elétrico naturalmente, parecia com medo de alguma coisa, pois logo deixou a fiação e zás!

Por falar nisso, em um dos meus romances recém-lançados, tem um personagem por apelido Bizunga. Faz parte de um trio de cangaceiros de Lampião, separado, que se mete numa grande e perigosa aventura. Trata-se do romance DEUSES DE MANDACARU, um clássico nordestino inigualável, segundo os que já o leram. Também existe uma página musical belíssima chamada “Cuitelinho” na voz dos sertanejos Jacó e Jacozinho, página que eu estava sempre a pedir ao saudoso poeta e cantor Ferreirinha e sua viola de “ouro”.  Graças a Deus eu era ruim de pontaria com a peteca (estilingue) e quando criança ou adolescente nunca consegui acertar uma bizunga.

Continuamos a receber pássaros da região do rio Ipanema. Como já disse inúmeras vezes, o rio seco é um grande jardim, mas parece que só eu, eu, poeta, eu geógrafo, eu apaixonado pela Natureza que isso descubro. Sim, já vi outras pessoas falando sobre coisas belas do rio Ipanema, mas parece-me que, igual a um disco que rachou, para por ali como a obrigação de ganhar um prêmio e pronto. E chega a rolinha, chega o bem-te-vi, chega o anu-preto e passa na rota da manhã os bandos de espanta-boiadas (quero-quero). E se esse desfile, vez em quando, de pássaros selvagens não for privilégio da Natureza, não sei o que é privilégio.  Ninguém amou o rio Ipanema mais do que eu, tanto é que foi instituído o DIA DO RIO IPANEMA, A 21 de ABRIL É um dos poucos rios do Brasil que tem aniversário oficializado. Graças a idéia desse caboclo e sua persistência à Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte.

BEIJA-FLOR.


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sexta-feira, 23 de maio de 2025

 

ATÉ QUANDO?

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.237


 

Você pode até ser mais um indiferente da capital. Um ser que estar desligado da realidade do campo e até da sua própria realidade. Mas, se você estar desconectado do campo, mas está atento ao que vai ter à sua mesa, hoje, ao supermercado, ao preço das mercadorias e até na variedade dos gêneros alimentícios que a redondeza tem para lhe oferecer. Porém eu lhe posso dizer que é do campo que as mercadorias lotam os lugares de venda direta ou indiretamente. Fique atento nas chuvadas do campo que elas podem melhorar ou piorar o estoque do dinheiro no seu bolso. Por aqui, no Sertão alagoano, com essas primeiras chuvas, ainda que sejam fracas, permitiram as primeiras arações de terras. E algumas, a maioria, ainda na base do arado puxado a boi. Uma parelha de bois.

Há muito que acompanhamos o homem do Sertão. É o sofrimento à base do arado milenar. Uma parelha de boi puxando o arado, um homem segurando a ferramenta e a guiando no revolver da terra e outro homem guiando a parelha de bois. Isso é o dia inteiro, para um lado e para outro, para cima e para baixo. Quando os bois são bem treinados, ainda, ainda, mas quando não, o sofrimento é maior. E onde estar o trator, o mini trator? Onde estar a cooperativa agrícola. Onde estão as associações comunitárias, que não se juntam para a compra de vítimas dos coronéis, ferramentas do século XXI? Ah! Pode até ser bonito para quem passa na estrada, mas para quem está no batente, ai, ai.

Como é possível que a família sertaneja atravesse séculos ainda puxando um arado movido a bois? Vejam os engenhos, antes puxados por tração animal e hoje na maior tecnologia no fabrico do açúcar. E porque nós continuamos como os pairas do mundo, vítimas dos dirigentes públicos, dos patrões, dos coronéis, da ambição ou da indiferença de certas cooperativas que nada melhora dos seus associados. Voltamos ou continuamos com o tempo de antes do Dr. Otávio Cabral e sua Revolução na Agricultura. 

Tinha graça!

ARADOD NO MUSEU (FOTO: B. CHAGAS).

 

 


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