segunda-feira, 26 de maio de 2025

 

LUGARES DE INFÃNCIA

Clerisvaldo B. Chagas, 27 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.240

 



Não sei por que me lembrei das minhas catequistas da MatrIz de Senhora Santana. Mulheres maravilhosas que tantos nos ajudavam a entender o catecismo, quanto nos ajudavam logo cedo a trilhar pela vida com segurança. De vez em quando elas formalizavam um passeio para alegrar mais ainda aquelas alminhas doidas por conhecimentos e alegrias. Estamos falando do entorno de 1955-56. Pena é não lembrar do nome de nenhuma delas. Mas, lembro-me dos passeios que íamos de vez em quando. Os pontos aprazíveis dessa época, em Santana do Ipanema, eram: A barragem construída pelo DNOCS, no rio Ipanema, em uma periferia, o açude do Bode, em outra. Ambos do início da era de 1950. O serrote do Cruzeiro e o serrote do Gonçalinho que já era chamado Do Cristo.

Entretanto, lembro-me somente de ter ido à barragem e ao Bairro Lajeiro Grande, em formação, visitar o enorme lajeiro e a Igrejinha do padre Cícero, no cimo. A igrejinha fora motivo de promessa e construída também no início da era 50. Pense na alegria sem fim, daquelas crianças guiadas para esses recantos que representavam a Natureza!  Além disso, o carinho com que nós, as crianças, éramos tratadas pelas catequistas, aumentava o prazer do comparecimento à Igreja para aquelas belíssimas instruções. Outra pessoa de alma nobre, era o zelador e sineiro Major, descendente quilombola que andava descalço e nunca brigava com as criaturinhas que queriam subir os degraus de madeira para conhecer os sinos da torre.

Aliás, até a Igreja Matriz de Senhora Santana, passara pela grande reforma que resultara na torre de 35 metros. Claro, eu de nada sabia das maravilhas que os homens fizeram, todas tinham sido recentes, eu e meu coleguinhas, apenas usufruíamos. Também era recente a morte do padre Bulhões, o reformador da Igreja e o mais famoso padre de todos os tempos, no município. Fui batizado por ele. Depois foi a vez do padre Luís Cirilo Silva, que reinou na minha infância, adolescência e fase de estudante santanense. O mais querido e bem-humorado sacerdote.

E Deus verificou o que fizera.

E notou que tudo era BOM.

MATRIZ DE SENHORA SANTA ANA (FOTO: B. CHAGAS).

 


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domingo, 25 de maio de 2025

 

BEIJA, BEIJA, BEIJA

Clerisvaldo B. Chagas, 26 de maio de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica:  3239

 



 Não quero falar aqui somente sobre o pequeno pássaro, o que daria muitas e muitas crônicas. Apenas registrar a presença de uma das 362 espécies, na fiação da minha rua. Sim, é ele mesmo, Sua Majestade o Beija-flor, que fazia anos e anos que eu não via um. Pois o Trochilidae, com inúmeras denominações no Brasil, também é conhecido como Beija-flor, Colibri, Cuitelinho e aqui no Sertão Alagoano, como Bizunga. Bizunga dos meus antigos quintais, dos nossos jardins, das nossas capoeiras da caatinga... Criatura encantadora tão pequena e, a mais bela ave da Natureza. Só pode ter vindo das bandas ajardinadas do rio Ipanema, ali bem pertinho, ora cheio ora seco. Mas o Beija-flor, se já é ligeiro e parece elétrico naturalmente, parecia com medo de alguma coisa, pois logo deixou a fiação e zás!

Por falar nisso, em um dos meus romances recém-lançados, tem um personagem por apelido Bizunga. Faz parte de um trio de cangaceiros de Lampião, separado, que se mete numa grande e perigosa aventura. Trata-se do romance DEUSES DE MANDACARU, um clássico nordestino inigualável, segundo os que já o leram. Também existe uma página musical belíssima chamada “Cuitelinho” na voz dos sertanejos Jacó e Jacozinho, página que eu estava sempre a pedir ao saudoso poeta e cantor Ferreirinha e sua viola de “ouro”.  Graças a Deus eu era ruim de pontaria com a peteca (estilingue) e quando criança ou adolescente nunca consegui acertar uma bizunga.

Continuamos a receber pássaros da região do rio Ipanema. Como já disse inúmeras vezes, o rio seco é um grande jardim, mas parece que só eu, eu, poeta, eu geógrafo, eu apaixonado pela Natureza que isso descubro. Sim, já vi outras pessoas falando sobre coisas belas do rio Ipanema, mas parece-me que, igual a um disco que rachou, para por ali como a obrigação de ganhar um prêmio e pronto. E chega a rolinha, chega o bem-te-vi, chega o anu-preto e passa na rota da manhã os bandos de espanta-boiadas (quero-quero). E se esse desfile, vez em quando, de pássaros selvagens não for privilégio da Natureza, não sei o que é privilégio.  Ninguém amou o rio Ipanema mais do que eu, tanto é que foi instituído o DIA DO RIO IPANEMA, A 21 de ABRIL É um dos poucos rios do Brasil que tem aniversário oficializado. Graças a idéia desse caboclo e sua persistência à Câmara de Vereadores Tácio Chagas Duarte.

BEIJA-FLOR.


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