terça-feira, 1 de julho de 2025

 

ALAMEDA

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.259

 



Sempre achei belíssimo o nome “Alameda”. Tanto é que em Maceió vi esse nome pela primeira vez, se não me engano no Bairro Jatiúca, por ali assim, quase pulo do automóvel para conhecê-la. Mas como estava em carro alheio, nada falei. E entre as vias de uma cidade, encontramos: Ruas, Avenidas, Becos, Vielas, porém, não é fácil encontrar o termo Alameda. Em Santana do Ipanema, mesmo, não tem. Rua, é uma via pública comum; Avenida, a rua principal e mais larga, às vezes, mais arborizada; Beco, uma pequena passagem de uma a outra rua; Viela, um beco sem saída. Em Santana do Ipanema têm todas elas e a viela nunca é chamada viela, mas sim, beco sem saída. Não temos o nome Alameda, que é uma via, geralmente, com alas de árvores em ambos os lados. Deve vir de Álamo, um bosque dessa árvore.

A Avenida Coronel Lucena, sempre foi a principal da minha terra e continua sendo, mesmo com a mania dos gestores em dividir uma rua, uma avenida longa em várias partes e mais títulos a esses trechos. Interessante também, em Santana eram quatro becos seguidos e contínuos, fazendo com que você saísse de um e entrasse imediatamente no próximo, era só atravessar a rua. Eram assim os quatro becos contínuos, denominados pelo povo, conforme cada habitante de esquina. E como os quatros becos eram ladeirosos, vamos denominá-los de baixo para cima: “Beco da Salgadeira”, “Beco de Seu Deoclécio”, “Beco de Seu Felisdoro”, “Beco de Maria Zuza”. Novamente de baixo para cima, ligavam pela ordem, as ruas: Prof. Enéas com a Antônio Tavares, Rua Nova (Benedito Melo) e a rua denominada popularmente de “Garagem de Sebastião Jiló”.

Mas existe uma via longa sem saída no final. Vai mais ou menos da Igreja de São Cristóvão em direção Oeste, paralela a BR-316. Parece-me que seu nome é Rua Joaquim Ferreira. E não sendo um beco, acho que ficaria denominada rua/viela.  Indo quase até o final, notei que é uma rua boa de se morar. Agradável, calçada com paralelepípedos e cheias de casas modernas. Mas bem que eu gostaria de morar numa rua/viela ou numa via com nome Alameda. Mas no momento o mais importante é se esconder desse frio de matar sapo seja em viela, alameda ou avenida. Arre!

RUA ANTÔNIO TAVARES (FOTO OBRA-DE-ARTE DE GLACILDA).

 

 

 


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segunda-feira, 30 de junho de 2025

 

VÍTOR

Clerisvaldo B. Chagas, 1 de julho de 2025

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.258

 



É meu irmão, já apreciamos muitas coisas em Santana do Ipanema. Mas. hoje, ao assistir jogo da copa de clubes, vi um cidadão muito parecido com um doido da minha infância. Sim, um maluco já imortalizado por um antigo escritor santanense chamado Oscar Silva. O escritor foi embora de Santana, mas deixou registrada uma referência ao homem, exatamente como o conheci muitas décadas depois: branco, alto, olhos azuis, perscrutadores e uma permanente gravata no pescoço. O escritor dizia que tudo indicava que Vítor seria de família abastada. Não mexia com ninguém, viera ninguém sabe de onde e sua distração era passar o dia no Comércio, em determinada casa comercial que talvez tenha sido a “Casa O Ferrageiro” mais a “Farmácia Confiança”.   

Vítor era pacato e de olhar doce. Andava devagar como se tivesse medo de cair. Neste exato momento, lembrei-me também que era apelidado de “Charuto”, isto porque, se não me engano gostava de fumar charuto. E como muitos outros em condições mentais difíceis, “Charuto” desapareceu tão misteriosamente como chegara a Santana. Escritor palmeirense também registrou que nunca havia visto tanto doido como tinha em Santana do Ipanema. Ora, O único doido em condições perenes de rua, genuinamente santanense que eu conheci, foi o Justino, o qual ganhou o apelido de “Maceió”, porém, fora Justino todos os outros malucos que apareciam no Comércio e nas ruas da cidade eram de fora, gostavam daqui e aqui iam ficando.

Alcancei outros malucos bem populares que também se tornaram queridos pelo povo de Santana. Propício “Peru Baixeiro”; Felipe; Luís; Teresão; Oliveira, fora os filhos da florista dona Hermínia: Poni, Agissé, Bibi, mas esses não eram de rua. Propicio foi o mais simpático, pacato e querido do povo.  Felipe assemelhava-se ao Jeca Tatu e só andava enrolado numa estopa. Luís era muito novo e babava muito, só vivia cantando o forró sucesso do momento: “Aproveite o Rela-Bucho” Teresão era uma mulher alta bonita, gostava de fumar e gritava alegre: Viva os noivos, Senhor!” Oliveira era um senhor que dava toda qualidade de discurso na porta da Matriz de Senhora Santana, quando estava com fome. Ainda faltou Maria Raimunda, desbocada e que só andava com um cassetete na mão. Agradecer a Deus por sermos sadios, não é isso?

SANTANA DO IPANEMA. FEIRA CAMPONESA (FOTO: B. CHAGAS).

 


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