OS CASCUDOS DE ROBSON (Clerisvaldo B. Chagas, 4 de maio de 2011).           Muito proveitosa à palestra do promotor Elísio Sávio Maia Júni...

OS CASCUDOS DE ROBSON

OS CASCUDOS DE ROBSON
(Clerisvaldo B. Chagas, 4 de maio de 2011).

          Muito proveitosa à palestra do promotor Elísio Sávio Maia Júnior, na Escola Estadual Helena Braga das Chagas. O promotor da terceira vara de Santana do Ipanema havia sido convidado pela atual direção da escola para falar ao corpo discente do turno noturno, sobre os problemas que ocorrem nos estabelecimentos de ensinos. Com a companhia do advogado João Soares Neto, Elísio Sávio abordou os assuntos comuns que vão inquietando os educadores de modo geral, como a droga, a violência, o papel da escola na comunidade e outras mais que fazem parte do cotidiano. A violência, que se expandiu pelas ruas, pelos lares, centros e periferias, terminou atingindo as escolas, quando são apresentados pela televisão os casos mais absurdos. Após os pronunciamentos do palestrante, a plateia, composta de adolescentes e adultos do segmento EJA, iniciou algumas perguntas para melhor entender a Justiça. Entre as indagações curiosas dos alunos, uma chamou atenção, quando o divertido Robson perguntou que “se uma pessoa é roubada por um menor, pode correr atrás do ladrão e aplicar-lhe uns bons cascudos”. Foi uma gargalhada geral, tanto pelo modo supimpa da pergunta, quanto pelo significado embutido da palavra “cascudo”. Outra indagação interessante, foi a de uma adolescente que queria saber “se quando um menor chega a casa alcoolizado quebrando tudo, pode entrar no cacete”.
          De fato ainda falta muita informação ao cidadão comum. Vemos o adolescente chegar rude às escolas, completamente cego de como proceder em um ambiente escolar, trazendo os modos brutos da periferia. O palavrão constante do seu meio é solto à presença de quem quer que seja; a indisciplina e o quase nada trazido de cursos básicos fazem daquele local uma escola bizarra. Ficar dentro de uma sala de aula, é uma tortura para muitos que procuram a escola, mas as faltas de base e de costume do ensino geram uma inquietação medonha com resultado tristonho da evasão. As escolas, sem estrutura física, psicológica e pedagógica, vão sendo encaradas como local de descarrego das frustrações domésticas e do cotidiano atravessado do meio. Recentemente foi criado o batalhão escolar, segundo circulação de ofício, mas isso não será o bastante para assegurar uma tranquilidade ao profissional do Ensino que termina migrando daquilo que tanto sonhara.
          Viver da Educação hoje em dia é ato de heroísmo, numa época em que nem os pais dão jeito aos seus filhos, nem às escolas oferecem às condições mínimas de educar. Uma palestra sobre Justiça, Saúde, Meio Ambiente, drogas, gravidez ou outra qualquer, parece apenas aliviar momentaneamente os dramas escolares. Até quando não sabemos, mas os problemas mais fortes de fora, também vão ajudando a destruir escolas. Os adolescentes vão continuar alcoolizados e “entrando no cacete” e o grandalhão continuará perseguindo o infrator menor para lhe aplicar “OS CASCUDOS DE ROBSON”.

ESPAÇO NA HISTÓRIA (Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2011).           O final da semana passada trouxe três grandes notícias que encher...

ESPAÇO NA HISTÓRIA

ESPAÇO NA HISTÓRIA
(Clerisvaldo B. Chagas, 3 de maio de 2011).

          O final da semana passada trouxe três grandes notícias que encheram o mundo em assuntos diversificados. Foram três temas perto um dos outros, proporcionando gosto unicamente particular em relação a cada um deles. O casamento na realeza da Inglaterra fez sonhar a muitos. Outros como eu, ficaram indiferentes às notícias e às pompas do martelado casamento. Se a Inglaterra continua mantendo a emoção do altar de contos de fadas, é sinal que o romantismo não morreu nem mesmo em um dos países mais industrializados do mundo. Os sonhos das mulheres são os mesmos em todos os lugares do globo. O príncipe, a noiva, o vestido da noiva, a marcha nupcial, estão nas cabeças femininas, até porque o momento é coisa inspiradora dos céus. Homens também sonham com um bom casamento, base, sustentáculo e esperança do futuro.
          Outra notícia foi à beatificação de João Paulo II, que na minha admiração, já era santo antes mesmo de ser beato. O mundo muito deve a João Paulo, um desses homens que surgem para marcar o século.
          Mas nem tudo na Terra são idílio e santidade.
          Após dez anos de busca, finalmente é encontrado e morto o destruidor das torres gêmeas de Nova York. Por uma parte Osama deu uma lição nos Estados Unidos que sempre derramaram sangue nas guerras fora de casa e nos atos secretos da CIA, assassinando pessoas em todos os lugares. Osama vingou muitas mortes, mas o número de pessoas inocentes eliminadas não o credencia como herói em nada. Sobre sua real condição de morte, é coisa duvidosa. Ninguém vai prender gente perigosa, vai matar. Quando prende é aborto. Não deve ter sido diferente o tiroteio de “resistência” de Osama Bin Laden. Ninguém ainda se livra do corpo de gente tão famosa com essa rapidez. Para saber se jogaram o corpo ao mar, se enterraram ou não, somente os que ficaram com a custódia do corpo e o presidente Barack sabem a verdade. Um troféu de guerra não é jogado às águas nem sob a terra. Se o movimento guerrilheiro vai continuar ativo ainda é cedo para dizer. Muito cedo mesmo. Começa uma nova era do terrorismo mundial, ou mais nada ou mais tudo. Aos Estados Unidos, após a vibração do povo nas ruas, cabem pagar a recompensa prometida de 25 milhões de dólares. A quem pertencerá esse dinheiro sangrento?
          Osama Bin Laden nasceu na Arábia Saudita em 1957, em uma família de mais de cinquenta irmãos. Lutou contra os soviéticos nos anos 80, financiado pelos próprios Estados Unidos, quando o Afeganistão teve suas terras invadidas. Foi aí que nasceu a rede terrorista Al Qaeda que tanto tem assombrado os americanos. Certo ou errado, Osama virou líder e conquistou o seu ESPAÇO NA HISTÓRIA.

• LEIA NA PRÓXIMA SEXTA: QUEM MATOU DELMIRO GOUVEIA. DESVENDADO O SEGREDO DO SÉCULO XX.

PATRIMÔNIO DO BRASIL (Clerisvaldo B. Chagas, 2 de maio de 2011)           Quase caí de costas com a surpresa, ao abrir a revista. Um senti...

PATRIMÔNIO DO BRASIL

PATRIMÔNIO DO BRASIL
(Clerisvaldo B. Chagas, 2 de maio de 2011)

          Quase caí de costas com a surpresa, ao abrir a revista. Um sentimento emotivo de respeito, admiração vizinha ao divino, longos e ternos olhares para as fotografias do mestre Aziz Nacib Ab’ Saber. Estava ali o cientista geógrafo, o maior morfologista do Brasil no alto dos seus 85 anos. O homem do relevo, das montanhas, planícies, depressões, apaixonado como eu, por esse ramo belíssimo da Geografia Física.
          "De pai libanês e mãe brasileira, paupérrima, como ele mesmo diz, Aziz morava em Tatuapé e lecionava no Colégio Estadual Caetano Campos, para ajudar a mãe na pobreza em que viviam. Como aluno da faculdade, traduzia para seus colegas tudo o que o professor americano falava e ainda comentava muito mais sobre o assunto da sua paixão. Admirado, o professor Kenneth Kaster, convida-o para preencher uma vaga de jardineiro, na universidade, somente para ficar com ele como assistente. Após consultar a sua mãe, Joventina, Nacib aceitaria o cargo, mas a verba de jardineiro era pouca, teria que continuar lecionando. O professor aceitou suas condições. Aziz Nacib Ab’ Saber, era ótimo e sozinho em Geomorfologia, tanto que muitas vezes os colegas nem entendiam o que ele estava dizendo sobre o assunto. Tomou conta da biblioteca desprezada, pegando livros indicados para Kaster e pesquisando para si. Depois colocaram Aziz como prático de laboratório para não ficarem com vergonha do jardineiro que mais sabia. Como o dinheiro continuava curto, permaneceu lecionando. Famoso no Brasil inteiro, o mestre, com 85 anos de idade em 2010, continuava professor, honrando o compromisso do horário de aula no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Possui mais de 350 trabalhos publicados. Quando se fala em Educação, diz que o desafio dos professores é uma ‘odisseia bizarra’. Aziz já esteve no Xingó quando os arqueólogos diziam lá que não acharam nada além de três ou sete mil anos. Percorrendo as ribanceiras do rio São Francisco, com seu olhar clínico, Aziz elevou os paredões rochosos para 60 milhões de anos, surpreendendo arqueólogos e historiadores”.
Adaptado: REHDER, Maria. Uma unanimidade na universidade e na Geografia. Conhecimento Prático Geografia, (29): 36-44, fev. 2010.
          Ninguém fala em relevo no Brasil sem consultar o mestre Aziz Nacib. E eu vou lembrando pessoas da nossa região: apaixonadas pela Geografia Geral, doidas pela Geografia Física, Malucas pelo Relevo, alucinadas pelas montanhas. Professores Ivan Barros, Tadeu Rocha, Alberto Nepomuceno Agra e Clerisvaldo Braga das Chagas que marcaram épocas inspirados em figuras proeminentes de monstros sagrados como o homem de Tatuapé. Quem não gostaria de ter um amigo assim, cientista orgulho dos geógrafos, PATRIMÔNIO DO BRASIL.