SEI NÃO SENHOR Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2012   DIA 23 TEM LANÇAMENTO DE LIVRO   Muito embora não tenha vivido a época, mas vi...

SEI NÃO SENHOR

SEI NÃO SENHOR
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2012

 DIA 23 TEM LANÇAMENTO DE LIVRO

 Muito embora não tenha vivido a época, mas vi registrado em vários lugares, sobre uma limpeza em Alagoas. O jornalista Pedro da Costa Rego, ou simplesmente Costa Rego, assumira o governo alagoano para a gestão, junho de 1924 a junho de 1928. Nessa época, mandavam os coronéis, geralmente com o título vindo da Guarda Nacional ou apenas como apelido dado pelo povo por causa da boa situação financeira reconhecida. Na maioria, os coronéis sertanejos eram senhores proprietários de terras, fazendeiros que gostavam do criatório e adoravam matar gente. Suas fazendas abrigavam, às vezes, até mais de vinte homens armados sempre às ordens para qualquer empreitada sinistra do latifundiário. O coronel tinha prestígio de sobra com os sucessivos governos. No dizer do povo, mandava em tudo na sua região. Casava, batizava, prendia, soltava, dava conselhos, pisas, mandava torturar e matar de acordo com as circunstâncias. Sua cabroeira, capangada, ou jagunçada, garantia o seu sucesso. O coronel, às vezes, media forças com outro, acoitava criminosos e demais tipos de bandidos na fazenda.
          Quando Costa Rego assumiu o poder, iniciou uma limpeza feroz contra a bandidagem no estado. O, então, sargento José Lucena de Albuquerque Maranhão, recebeu ordens para atuar na zona de Viçosa e depois no Alto e Médio Sertão com carta branca. Era para depurar o estado contra valentões, ladrões, cangaceiros e até prender coronéis protetores de bandidos. A limpeza prosseguiu em seu governo com tanto rigor que ninguém sabe quantos foram mortos pela polícia da época. Um escritor afirma em livro que Lucena eliminara mais de mil pessoas, muitos à beira da própria sepultura, cavadas por eles mesmos. Costa Rego afirmava na sua coragem e truculência que queria o homem de bem livre de ações marginais para viver sem medo na sociedade. O aperto descomunal em Alagoas foi tão consistente que os atos do governador foram parar no Senado e ali o jornalista compareceu para se defender. O próprio Lampião, diante de tantas prisões e “sumiços” em seus coiteiros, mandou recado desafiador: “Diga a ele que eu salto riacho quanto mais rego”.
          Atualmente, com tantas leis sobre Direitos Humanos, os bandidos vão se saindo maravilhosamente bem. Quando são presos a Justiça solta, quando não soltam, eles são encarcerados em cadeias de isopor. Multiplica-se geometricamente a bandidagem sem predadores que sofrem os apertos dos “defensores da vida”. O bravo Lucena, que chegou a coronel e comandou o 2ª Batalhão de Polícia em Santana do Ipanema, contra o cangaceirismo, parece fazer falta à sociedade moderna onde o marginal comanda. A brandura das leis incentivam os maloqueiros para o crime, pois, para eles, o trabalho é coisa de otário. É assim que o sangue escorre todos os dias pelas páginas inteiras dos jornais; inteiras, digo, tirando as putarias que a eles fazem concorrência. Sei não. Onde tudo vai parar, SEI NÃO SENHOR.

LIVRO ABERTO                      Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 201 AGUARDE O DIA 23 Contam os mais velhos que um cidadão que trab...

LIVRO ABERTO
                     Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 201

AGUARDE O DIA 23

Contam os mais velhos que um cidadão que trabalhava na roça, não conseguia progredir. Certo dia resolveu fazer como milhares de outras pessoas e partiu para o Juazeiro em busca de conselho. Foi direto ao padre Cícero Romão onde contou a sua vida. O padre respondeu que fosse estudar os astros. Incrédulo, o roceiro indagou como poderia um analfabeto estudar os astros. O famoso taumaturgo teria apenas repetido a frase mandando-o estudar os astros. De volta a casa, o homem começou a meditar sobre o assunto do Juazeiro até que chegou a ele a inspiração de observar a Natureza. A posição e os sinais das estrelas, lua, barra do dia, amanhecer, mais o comportamento dos animais e da flora e assim por diante, embasaram seus estudos. Alguém anotava as suas observações que progrediam até o ponto de fornecerem segurança para suas interpretações. Na época não havia rádio, televisão e bastantes jornais e revistas circulando. A fonte de leitura mais popular eram os folhetos, escritos em versos, capas xilogravadas, sobre temos variados que eram vendidos nas feiras pendurados em cordões; daí os mais modernos chamarem “literatura de cordel”.
           Com esse veículo espetacular, o roceiro iniciou suas previsões sobre invernos, secas, trovoadas, tipos e épocas de plantio. Os autores dos folhetos, também chamados “cordelistas”, declamavam nas feiras os conteúdos sob acompanhamento musical ou não. Depois iam oferecendo o produto de mão em mão para recolherem o dinheiro na caminhada seguinte do passeio pela roda. Foi assim que o homem cresceu com seus conselhos e previsões, conseguindo conforto financeiro publicando outras obras como almanaques anuais que faziam um sucesso extraordinário.
          Seguindo tradição dessa fonte ou de outras parecidas, ainda hoje farmácias tradicionais como a “Vera Cruz” em Santana do Ipanema, Alagoas, distribui almanaques em final de ano, para a clientela.
         Esperávamos trovoadas desde novembro, na região santanense, e só agora (ontem) chegou a nossa terra um pé-d’água razoável. Estamos precisando de um profeta popular para nos dizer se vai haver inverno e se bom inverno. O homem que sabe ler a flor do mandacaru, as cheias do Ipanema, o ninho do joão-de-barro, o círculo da Lua, a posição da Papa-Ceia... Está fazendo falta ao sertanejo que depende diretamente do tempo. Para quem quer aprender a ler, a natura é LIVRO ABERTO.







LARANJA AZEDA Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2012 Aguarde o dia 23                     Tive satisfação de visitar parte das obr...

LARANJA AZEDA

LARANJA AZEDA
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2012
Aguarde o dia 23
         
          Tive satisfação de visitar parte das obras que estão sendo trabalhadas em Maceió. As avenidas que estão sendo construídas para desafogar o trânsito na capital chamam a atenção pela pujança e beleza que se vão delineando. Falam os operários que as obras estão em fase de conclusão e que serão abertas ao tráfego ainda este mês. São elas as Avenidas Márcio Canuto e Pierre Chalita. A Avenida Jornalista Márcio Canuto interligará o bairro do Farol, através da Avenida Rotary ao Barro Duro. Dá gosto contemplar a obra que tem três quilômetros de extensão e mais de dez metros de largura com passeios, jardins laterais e uma ciclovia com três metros de largura. Já as obras da Avenida Pierre Chalita, também não ficam atrás. A Avenida será a ligação entre o Conjunto José Tenório, na Serraria, às imediações da loja Hiper Comercial com outra ligação pelo Sítio Jorge, aliviando assim o trânsito pela Via Expressa. Em breve o maceioense estará aplaudindo as inaugurações importantes e dignas de louvor que transformará em beleza aqueles trechos. Não somente o tráfego ganhará com isso, mas a possibilidade de novas habitações em lugares que atualmente ainda são extensos matagais, principalmente na segunda avenida.
          De fato dá gosto e muita satisfação ao povo obras relevantes em construções pela cidade. Avenidas, corredores, pontes, viadutos, ruas, praças, aterros vão marcando claramente a administração de qualquer gestor bem intencionado. Nada mais bonito do que as máquinas trabalhando incessantemente em cima do imposto pago pelo contribuinte que sonha com as melhorias para o lugar onde reside. Essa prática do trabalho com máquinas foi banida há muito, em inúmeros municípios que trocaram o barulho dos tratores por mãos ágeis e bolsos fundos. Centenas de municípios formaram suas vilas e cidades para o trânsito do carro de boi. Chegou o progresso trazendo milhões de veículos motorizados que invadem ruas, congestionam o trânsito e fazem raiva à população impotente sob a égide de governantes preguiçosos que não movem uma pá de terra em benefício de nada. São os laranjas azedas e sortudos que chegam ao poder ninguém sabe como e ali permanecem no balanço eterno onde armam a rede da letargia. Ah, mundo velho sem porteiras!
          Voltando a Maceió, também será construído, segundo os políticos, o viaduto diante da Polícia Rodoviária Federal, no Tabuleiro dos Martins, lugar de trânsito perigoso e violento. Seja quem for o dirigente, José, Maria ou João, faz gosto aplaudir um gestor voltado ao trabalho firme e profícuo em qualquer parte do país e do mundo. Mas o gesto popular de estalo de banana, ainda é muito pouco para o espírito doente do LARANJA AZEDA.