REVOLTA DA VACINA Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2016 Crônica Nº 1.510 Charge da época sobre a vacina. Um movimento o...

REVOLTA DA VACINA



REVOLTA DA VACINA
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de maio de 2016
Crônica Nº 1.510

Charge da época sobre a vacina.
Um movimento ocorrido no Rio de Janeiro entre 10 e 16 de novembro de 1904, foi marcado como a Revolta da Vacina. O motivo da revolta popular foi a vacinação obrigatória imposta pelo governo federal contra a varíola.
Embora seus objetivos fossem para o bem geral, ela foi aplicada de forma violenta e autoritária. Em alguns casos, os agentes sanitários invadiam casas e aplicavam a vacina à força. A população naquela época não sabia o que era uma vacina e tinha medo dos seus efeitos. A população apavorada iniciou então uma revolta que deu dor de cabeça ao governo.
“A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados de policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas ‘partes íntimas’ do corpo (a mulher teria que se despir diante dos vacinadores), agravou a ira da população, que se rebelou”.
“A aprovação da lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de novembro a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os alunos da Escola Militar da Praia Vermelha também sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal.”
Atualmente a população fez fila para obter a vacina e a procura foi grande nas clínicas particulares. Mesmo assim, ainda apareceu uma porção de gente com as ideias de 1904. Não queriam se vacinar e apregoavam os males que poderiam acontecer com a vacina, desestimulando outras pessoas. Ê humanidade!... Só Deus.



A QUIETUDE   PERIFÉRICA Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2016 Crônica Nº 1.509 Conjunto Eduardo Rita, periferia de Santana...

A QUIETUDE PERIFÉRICA



A QUIETUDE  PERIFÉRICA
Clerisvaldo B. Chagas, 12 de maio de 2016
Crônica Nº 1.509

Conjunto Eduardo Rita, periferia de Santana do Ipanema. Foto: (Clerisvaldo).
É sempre necessário para o espírito, uma volta na periferia da cidade, principalmente nas produzidas do interior. Uma busca com o passado, descoberta de valores e paz que se encontra, pagam muito bem uma bela caminhada.
Uma subida a pé pelas areias e marginais do rio Ipanema, no lugar barragem, é um dos ritos milionários para a alma. A vegetação no leito seco do rio, a tonalidade das pedras, os seixos rolados e os rastros de animais nas bebidas, parecem lugares distante do centro. Vez em quando a surpresa do inusitado como uma imagem de santo encontrada numa pedra. A poça no recanto, bem escondida, os pequenos peixes na água cristalina, o balanço do mulungu dentro da folhagem, vão emprestando o retrato de lugar virgem ainda não visitado.
Adiante, porém, a ilusão de se estar sozinho é quebrada pela cerca de arame que abarca pedaços da natureza. A areia do rio explorada e o rio roubado. A queima de árvores pujantes ou o lixo deixado na ribanceira revelam a presença nefasta dos inconscientes.
Abrem-se os cenários do sul e surge o serrote Cruzeiro dominando a cidade. Monte verde, motivado pelas últimas chuvas, matas de capoeira sem uma só árvore frutífera para segurar os passarinhos. E o silêncio profundo só é quebrado pelo vento nas galhas finas ou pelas pernas do calango ligeiro. Capelinha no topo, triste e solitária revivendo o passado e aguardando quem não vem. Lá embaixo, o conjunto Eduardo Rita. Uma pobreza que faz dó. Um abandono triste pelos que tudo podem.
E o Ipanema, de passagem no vale, parece chorar de desgosto por tanto lixo lhe jogado.
É um mundo mágico, a periferia, mas, como esse mundo é esse mundo, o limpo nunca está longe do sujo.

CAPELAS E RUÍNAS Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2016 Crônica Nº 1.508 Foto: (Wikimapia). Quando os portugueses se inst...

CAPELAS E RUÍNAS



CAPELAS E RUÍNAS
Clerisvaldo B. Chagas, 9 de maio de 2016
Crônica Nº 1.508

Foto: (Wikimapia).
Quando os portugueses se instalaram em suas fazendas no Brasil, não deixaram de trazer a devoção ao santo. Além da casa de fazenda, construíram capelas, ao lado, para a religiosidade da mulher e família. O costume prolongou-se pelo Brasil afora. Além da reza do terço, do ofício, semanalmente recebia vez em quando a visita de um padre que celebrava missa para a vizinhança convidada.
Com o tempo, inúmeras cidades nasceram aos pés dessas capelinhas e algumas adotaram nomes relativos a elas. Já nos últimos anos do século XX, fomos notando a não continuidade da tradição. Passando por estradas de terra e rodovias, aqui acolá na paisagem agreste, víamos uma capela que demonstrava seu abandono ou as ruínas completas de um passado glorioso.
Houve época em que a Igreja estava com escassez de padres e não podia atender em todas as paróquias. Mas isso, ao nosso modo de pensar não teria sido motivo de abandonos dessas casas de oração. Vimos nas tradições folclóricas, a sua raridade ou desaparecimento total com as novas ideias de progresso. Deve ter acontecido a mesma coisa com as capelas. Após a morte dos fortes proprietários endinheirados das fazendas, herdeiros começavam a pensar diferente, inclusive muitos vendendo terras e se mudando para a cidade.
O desinteresse das novas gerações ou dos novos proprietários foi tornando aqueles prédios uma inutilidade, diante de outras urgências. Talvez ainda respeitando o sagrado por superstição que não se devem demolir lugares de santos (com medo de castigo), eram preferíveis entregar o problema ao tempo. É por isso que contemplamos por aí as capelas em abandono ou somente duas ou três paredes com a frente marcante.
Em Alagoas, registramos essas ruínas no Sertão, no Agreste e na Mata... Nas estradas, rodovias, caminhos e trilhas.
Um exemplo dessa situação, é mostrado na novela “Velho Chico”, quando o coronel, dono da fazenda, decide passar a chave na capela, por problemas sentimentais do passado.
De qualquer maneira, fica registrado o saudosismo que sempre lembra alguma história triste naquelas paisagens. E o contraste verde do cenário pinta com a decadência esquelética dos pequenos prédios.