A BANDA BANDIDA Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2017 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.652   Lugar Cachoeir...

A BANDA BANDIDA



A BANDA BANDIDA
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de março de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.652
 
Lugar Cachoeiras, oásis no rio Ipanema. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas)
A luta humana pela boa convivência com a Natureza está apenas começando. Esse tema ainda será debatido por inúmeras gerações. Naturalmente estamos divididos em dois grupos: os destruidores e os construtores. As consequências dos destruidores pelas mais diferentes formas estão semeadas pela Terra e vão desaguar na mesma raiz. E alguns países da África, da Ásia e mesmo da América do Sul, pagam com a fome onde milhares de adultos e crianças morrem por inanição.
Voltando ao Brasil, onde o governo financiava o desmatamento, vive-se a eterna dupla face pela sobrevivência humana e animal. Muito melhor se preservar o que se tem do que correr atrás consertando mal feito. E assim os rios que precisam do mínimo de proteção como as matas ciliares para evitar o assoreamento, vão morrendo após as lagoas fluviais e interiores. Para citar apenas a minha terra temos nomes indicativos de água, oásis de outrora: Lagoa do Junco, Lagoa dos Morais, Serra da Lagoa, Olho d’Água do Amaro e muitos outros que, do líquido, ficou apenas o registro. O desmatamento sem freios destruiu em algumas décadas mananciais, espécies da fauna e da flora dos nossos sertões.
É muito bom saber de recuperação de nascentes em vários lugares. Mas para recuperar essas capacidades hídricas, não se devia esperar apenas por ONGs e algumas comunidades isoladas. O governo de cada estado, juntamente com todos os seus municípios, deveriam criar um programa permanente de recuperação, pois, técnicos preparados não faltam neste País. Em Alagoas chegam notícias de recuperações de nascentes em Palmeira dos Índios (rio Coruripe), em Maravilha, em Junqueiro (lagoa do Retiro) e mais um ou dois movimentos semelhantes na Zona da Mata... E só. Muito bem, estamos vibrando e aplaudindo, mas onde estão os outros quase cem municípios? Gente, com muito trabalho, motivação e mesmo com festas, poderemos transformar o nosso estado a uma região benfazeja em águas. Mas todos os estados brasileiros, sem exceção, podem conseguir essa qualidade, assim como as primeiras vitórias do rio Tietê.
Vamos apoiar o lado dos construtores e tentar reverter todos os danos causados pela banda bandida.

CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL (IV) (Seriado em três crônicas + uma) Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2017 Escritor Símbolo d...

CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL (IV)



CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL (IV)
(Seriado em três crônicas + uma)
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de março de 2017
Escritor Símbolo de Sertão Alagoano
Crônica 1.651
 
Foto: Antônio Feitosa dos Santos
Encerrando nosso trabalho de crônicas, após apresentar as peças do carro de boi e seus acessórios, exibiremos abaixo, os arreios dos bois, os utensílios do carreiro e a tolda.

ARREIOS DOS BOIS

1.    Broxa – Correia de couro cru, curtido e torcido que une um canzil a outro, passando por baixo do pescoço do boi.
2.    Cambão – Peça de madeira que liga as parelhas de trás as da frente.
3.    Canga (de craibeira e braúna) – Peça que se prende ao cabeçalho ou ao cambão e colocada sobre o pescoço do boi.
4.    Canzil (de bom nome e pereiro) – Cada um dos 04 paus da canga, colocados de cima para baixo, entre os quais o boi mete o pescoço, entre dois deles. Plural: canzis.
5.    Chave (de bom nome) – Peça que prende a canga ao cabeçalho + correia de couro cru.
6.    Correia de ponta – Peça para unir as pontas furadas correspondentes de cada parelha.
7.    Corrente – Parte que complementa o cambão, às vezes é de corda.
8.    Látego – Parte do arreio que sustenta o sininho, muito usado nas parelhas da frente.
9.    Sininhos – Pendurados nos látegos e que servem de advertência de aproximação do carro de boi ou simples enfeites.
10. Tamboeiro (ou tamboeira) – Correia de couro cru, curtido e torcido que prende a chave do cabeçalho ou cambão à canga.
11.  Trela – Peça de sola que, na cara do boi, leva os enfeites.

ACESSÓRIOS DO CARREIRO

1.    Currião (de couro cru e cabo de madeira) – Serve para açoitar os bois e é conduzido no ombro.
2.    Facão (de arrasto ou rabo de galo) – Objeto cortante robusto para trabalhar em diferentes tarefas e ocasiões durante as viagens.
3.    Vara de ferrão (de quixabeira, assada ao fogo, na caieira) – Serve para conduzir, guiar, e castigar os bois.

TOLDA

1.    Tolda (de esteira de piripiri). Formada para amparar do Sol e da chuva, principalmente, ao transportar pessoas.
2.    Amarração (de palha de Ouricuri) – Amarra-se a tolda aos fueiros.
3.    Arcos da tolda (varas flexíveis de cipós ou marmeleiro) – Serve para arquear a tolda, por baixo, amarradas aos fueiros com a palha do coqueiro Ouricuri.




CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL (III) (Seriado em três crônicas) Clerisvaldo B. Chagas, 23 de março de 2017 Escritor Símbolo de Sertão Alag...

CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL

CARRO DE BOI, RELÍQUIA DO BRASIL (III) (Seriado em três crônicas) Clerisvaldo B. Chagas, 23 de março de 2017 Escritor Símbolo de Sertão Alagoano Crônica 1.650 Como foi prometido, apresentaremos abaixo as peças do carro de boi, a serventia e o tipo de madeira de cada peça por ordem alfabética. Mostraremos também os seus acessórios. Para que a crônica não fique muito comprida, amanhã complementaremos o trabalho com mais uma seção (IV) sobre os arreios dos bois, os utensílios do carreiro e a tolda. PEÇAS DO CARRO DE BOI – ORDEM ALFABÉTICA 1. Cabeçalho (de aroeira) – Parte de madeira quadrada e longa do carro que fica entre os bois traseiros para ser puxados por eles. 2. Cantadeiras (de craibeira) – Duas partes do eixo, mais escavadas, que ficam abaixo das chedas. Uma em cada extremidade do eixo. O contato das cantadeiras com os cocões produz o chiado característico, o cantar do carro de boi. 3. Chedas (de baraúna) – São partes laterais da mesa do carro, no leito, onde se tem encaixes dos fueiros. 4. Cocões (de bom nome) – Cada uma das peças de madeira na qual faz girar o eixo do carro de boi. Espécie de presilha. Ficam por baixo das chedas. Duas de cada lado do eixo. 5. Costelas – Encaixes das partes da roda, três pranchas que formam a roda. Em outros lugares: cambota. 6. Cunha – Para as cabeças do eixo. 7. Eixo (de baraúna de charco) – peça que faz a roda girar. (Baraúna de areia não é boa). Ou de angico ou de aroeira bem madura, cantam bem. 8. Ferro (ferrar o carro); da mesa: vergalhão para amarrar as tábuas da mesa. 9. Forras ou Rieiras (de Craibeira) – (certo: rilheira). Outros lugares: Arreia: suportes que atravessam transversalmente o cabeçalho, sobre os quais se apoiam as tábuas da mesa. 10. Fueiros (de pereiro) Várias peças, cacetes, roliços e brutos que prendem a carga ao carro. 11. Mesa (de craibeira) – Superfície onde se coloca a carga. 12. Palmatória. São as duas partes da frente da mesa, uma a cada lado do cabeçalho. O carreiro costuma guiar os bois, sentado na palmatória, às vezes. 13. Repuxo – Espécie de reforço raiado para reforçar a roda. 14. Requevém – São dois. Saliências na traseira da mesa. 15. Rodas (de craibeira). Outros lugares: de jacarandá. Colocadas internamente nas pranchas por furos retangulares, estas fixadas por grampos e chapas de ferro. A circunferência é coberta com chapa de aço fixada à madeira com grampos de aço cuja forma arredondada deixa um rastro característico. Observação: Tamanho do carro de boi: 12 palmos de comprimento; 06 palmos de largura; 06 palmos de roda. Outros tamanhos. ACESSÓRIOS DO CARRO DE BOI 1. Azeite (de mamona) – Para azeitar o eixo, as cantadeiras. 2. Isope (hissope) – Chumaço num cambito para azeitar o eixo. 3. Ponta – Que, pendurada ao fueiro traseiro por uma correia serve de depósito para conduzir o azeite e o hissope. • Continua amanhã.