LAMPIÃO E LUIZ GONZAGA Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.857   CAPA DE DIS...

LAMPIÃO E LUIZ GONZAGA


LAMPIÃO E LUIZ GONZAGA
Clerisvaldo B. Chagas, 8 de março de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.857
 
CAPA DE DISCO. (DIVULGAÇÃO).
Lá nas paragens de Exu, Pernambuco, quando Gonzaga ainda era menino, queria porque queria conhecer o Virgolino Ferreira que atingia o Ápice da fama. Acompanhando o velho Januário, tocador de fole, pelos bailes da região, o futuro sanfoneiro ia treinando com o instrumento e a música que se traz no sangue. Todos já sabiam que Lampião também tocava sanfona de oito baixos. Esse era um dos ferrenhos motivos pelos quais Luiz queria conhecê-lo, embora tenha dito mais tarde que Virgolino tocava desafinado e que havia gente no bando que tocava direito. A família de Luiz não queria contato com o bando de Lampião, alegando as atrocidades cometidas pelo bandido. Pelas pistas escorregadias da entrevista do cantador, vamos nos situar em 1926.
Quando correu o boato de que Lampião iria a Juazeiro do Norte, Luiz Gonzaga animou-se uma vez que Exu era ponto de passagem do cangaceiro. E no segundo boato, quando se falou na aproximação do marginal, muitas famílias de Exu abandonaram suas casas e foram se esconder no mato. Gonzaga protestava em ficar, mas a mãe não consentiu. Passaram a noite em um esconderijo da caatinga. No outro dia, na dúvida, a mãe de Gonzaga indagou se ele tinha coragem de ir até à rua, saber se Lampião já havia passado. Gonzaga foi. E quando retornou ao esconderijo, veio brincando aos gritos que todos corressem que Lampião estava chegando. O resultado é que levou uma boa pisa de todos.
O povo que havia corrido para passar a noite no mato se arrependeu e voltou. Somente sua família permaneceu isolada na caatinga. O futuro artista diz que perdeu a única oportunidade de conhecer Lampião, além de levar a surra. Tempos na frente, já no Rio de Janeiro, Gonzaga iniciava a vida com a sanfona e tocando coisas alheias, em trajes elegantes. Quando começou a tocar em indumentária de cangaceiro e compondo suas músicas nordestinas, as portas começaram a se abrir. Assim o Brasil ganhou um dos maiores artistas da história e se fechou para um possível cangaceiro medíocre do grupo de Lampião.
A música de Gonzaga fez o Brasil feliz.




BOLSAS PLÁSTICAS, PASSADO OU FUTURO? Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.856 F...

BOLSAS PLÁSTICAS, PASSADO OU FUTURO?


BOLSAS PLÁSTICAS, PASSADO OU FUTURO?
Clerisvaldo B. Chagas, 7 de março de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.856
Foto: (Elo7.com - divulgação).

Há alguns meses fui a uma padaria e tive a surpresa de receber os pães comprados, em um saco de papel com a parte externa cheia de propagandas. Muito bonita, a embalagem. A novidade me deixou feliz e crente de que todas as casas comerciais iriam fazer iguais. Mas a excelente novidade para todo o planeta ficou somente naqueles dias. A bolsa plástica voltou com seu império absoluto e seus 400 anos para se decompor na Natureza. Foi aí que me lembrei da Padaria Royal, da minha terra, a casa de pães mais antiga da minha lembrança. Os mais velhos, entretanto, já falavam da Padaria de Seu Tavares que talvez tenha funcionado no mesmo lugar da Padaria Royal do senhor Raimundo Melo, centro da cidade.
Não havia agressão ao meio ambiente. Pães, bolachas e biscoitos eram despachados em papel de embrulho e cordão simples. A padaria também fazia entrega de pães através de sacolas de pano, algumas com desenhos bordados e nomes dos seus respectivos donos. As sacolas com os pães eram deixadas penduradas nas portas e janelas dos compradores e ninguém que passava nas ruas mexia com elas. Nunca ouvi falar de padaria mais antiga do que a do Seu Tavares, pai do deputado santanense, Siloé Tavares. Ao lado da Padaria Royal, havia um espaço para depósito de lenha, para alimentar o forno. Essa prática, ainda hoje existe e muitas padarias ajudam a desmatar o que resta da caatinga, burlando a lei. 
Mas por que as padarias não seguem a boa ideia de fornecer os pães com as sacolas de papel? Quantas toneladas de plástico por mês seriam evitadas no lixo da cidade! E se os canudinhos de plásticos já estão sendo abolidos no mundo inteiro por organizações mais conscientes, por que não poderíamos fazer o mesmo, pelo menos nas padarias com as sacolas de plástico? Eu acho que isso é coisa para a Associação Comercial. Semana passada deu trabalho para comprar papel de embrulho no comércio. Fui encontrá-lo somente em um lugar, assim mesmo, de péssima qualidade.
Pois o papel de embrulho do passado, passa a ser a solução do futuro. E as bolsas plásticas que empestam as ruas de todo o país, passam a ser vilãs da saúde pública do mundo.
                                                                                           

MACHADO NAS TRADIÇÕES Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2018 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 1.855 CENTRO DE SANTAN...

MACHADO NAS TRADIÇÕES


MACHADO NAS TRADIÇÕES
Clerisvaldo B. Chagas, 6 de março de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.855
CENTRO DE SANTANA. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas).

Todo o nosso país tem suas histórias e tradições que – verdade seja dita – nem sempre consegue preservá-las. A ansiedade pelo futuro é uma boca enorme que vai engolindo os vestígios por onde passa. O nosso Sertão de Alagoas não foge às regras da dinâmica. Especificamente em nossa cidade, Santana do Ipanema, conservam-se as denominações Maracanã, Camoxinga, Alto dos Negros, Cachimbo Eterno, Lajeiro Grande, Barragem, Floresta, Maniçoba, Bebedouro e outras mais, explicadas com detalhes cada uma delas no livro inédito “O Boi, a Bota e a Batina; História Completa de Santana do Ipanema”. Veja na crônica de ontem como demos detalhes da fundação do Colégio Estadual, hoje ponto de referência daquele complexo educacional e das cercanias. A foto apresentada do Colégio foi transformada em “Esponja de Aquarela”, efeito artístico por computador.
Nem sempre, porém, as provas de origem permanecem através do tempo. O lugar denominado “As Cajaranas” – nas imediações dos fundos do IFAL, possuía pelo menos três cajaranas altas e que foram cortadas, ficando apenas os tocos, há alguns anos atrás. O local com o nome de “Cipó” tinha uma santa cruz de beira de estrada. Fica a poucos metros do Posto Lemos, boca de caminho para o sítio Sementeira. Hoje o lugar da cruz acha-se ocupado por uma fileira de casebres. As Olarias foram tragadas pelo casario do Conjunto Eduardo Rita, região do Ipanema chamada Minuíno. Assim desapareceram as referências: Minuíno, Olarias, Cajaranas e Cipó. O serrote do Gonçalinho passou a ser chamado do Cristo e depois, de Micro Ondas; O morro da Goiabeira virou serrote do Cruzeiro; o serrote do Pelado transformou-se em Alto da Fé. E, lá perto do Alto dos Negros, o Conjunto Cajarana tem esse nome porque existe ali uma grande e frondosa cajarana que recebeu o ensaio de fogo no tronco. O símbolo do lugar não vai resistir por muito tempo, desaparecendo a prova do seu batismo.
Após o lançamento do livro “230”, vamos formar novo mutirão para que a história de Santana venha a lume. Se Santana ficar aguardando às autoridades, jamais terá sua verdadeira história contada.
Vem comigo!