SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.267 Cas...

SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ


SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ
Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.267
Casarão do padre Bulhões, poucos dias antes da demolição
(Foto: B. Chagas/Livro 230)

Nem é por ser uma recordação, pois sequer vivenciamos a época, mas registros históricos. Os blocos que saíam nos Carnavais santanenses, em geral, contavam antecipadamente com seus pontos de apoio. Percorriam as ruas e paravam defronte as casas de políticos e outros influentes da cidade. Em dois lugares sempre encontravam guarida e convite para entrada. Um deles era o casarão do riquíssimo coronel Manoel Rodrigues da Rocha, situado em pleno centro comercial. Subiam os degraus de madeira até o primeiro andar, dançavam, bebiam e comiam no salão de luxo, para deleite do coronel. O abastado fazendeiro, industrial, comerciante, e coronel da Guarda Nacional, tinha o maior prazer em receber qualquer um dos blocos que almejasse subir sua escadaria.
O outro ponto marcante era também o térreo casarão do padre Bulhões, localizado à margem direita da foz do riacho Camoxinga. Bem recebidos pelo sacerdote, esses blocos carnavalescos terminavam comendo como tira-gosto, o pão de ló fabricado com bastante esmero pelas irmãs de Bulhões. O padre, considerado muito austero, tinha um coração de ouro. Não recusava bloco carnavalesco e nem viajante para com ele almoçar. Estamos falando de uma época em que Santana nem era cidade ainda. A ligação entre o Centro e o bairro com o mesmo nome do riacho, ainda era ponte de madeira e, de vez em quando levada pelas cheias perigosas. Os Carnavais dos anos vinte e trinta, não teriam grande diferença da Folia de vila.
O Carnaval constava de blocos, bandos de caretas e um ou outro folião solitário com resumida fantasia. Havia blocos femininos muito bem organizados. Como sinal de prestígio, os políticos também preparavam a comilança em casa para a visita dos blocos. Os bandos de caretas não entravam na casa de ninguém e raramente acompanhavam um bloco. E se acompanhavam era por um tempo mínimo. Em alguns lugares do Nordeste, os mascarados caretas também são chamados de bobos ou papa-angu. Para impor medo e respeito, cada um conduz um relho de couro com ponteira na extremidade, estalando-o vez em quando e fazendo menção de correr atrás de meninos e adolescentes.
Era mais ou menos assim os antigos Carnavais de Santana do Ipanema e de toda a região sertaneja.




  

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CARO AMIGO, AMIGA

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OS PROFETAS DAS CHUVAS Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.266 PROFETAS DAS C...

OS PROFETAS DAS CHUVAS


OS PROFETAS DAS CHUVAS
Clerisvaldo B. Chagas, 2 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.266
PROFETAS DAS CHUVAS. (CRÉDITO: JEAN SOUZA).

Foi realizado em Santana do Ipanema, Alagoas, o “II Encontro de Profetas Populares das Chuvas”. O evento é uma réplica do Ceará que há bastante tempo realiza esses encontros. Em Santana, cumpre valorizar os conhecimentos do homem rural diante da natureza. A tradição de experiências sobre o ruim ou bom inverno vem dos antigos atravessando gerações. Essas mulheres e homens experientes recebem o título de “Profetas das Chuvas”. E pela segunda vez Santana convocou a população para prestigiar os sábios da Natura. Durante a passagem, cada profeta conta se o ano será bom ou ruim de chuvas através das suas observações. Elas contam com o comportamento da flora e da fauna, das posições dos astros e outros sinais que no céu se apresentam.
No caso de Santana, o acontecimento foi animado por repentistas e aboiadores. Como a região sertaneja depende diretamente do tempo, muitos visitantes chegaram de cidades vizinhas para o festejo do dia 14 de fevereiro, sexta feira. Os profetas são pesquisadores constantes e cada um procura o que aprendeu com seus antepassados. Mudanças de formigas, ninho do joão de barro, floração do mandacaru, barra de certo dia, cheias de rio, volumes de cachos do coco Ouricuri, canto de alguns pássaros, círculo na lua, barra no horizonte e posição de planetas e estrelas, podem indicar o que vem mais adiante. Assim misturam-se o conhecimento rural e a ciência procurando esperanças para o Sertão.
Inúmeras vezes ouvimos pessoas idosas descrevendo sobre presença futura de bom inverno ou não, através de experiências pessoais. Aprendemos muito no Sertão, tanto sobre inverno quanto chuvas repentinas. Se a rãzinha de jardim, chamada rapa-rapa, emitir o som de rapar, pode ser dia de tempo firme, chegará uma chuvarada repentina. Já o canto do acauã, tem gente que traduz assim: “Ê meu fio... Ê meu fio” referindo-se à chegada ou prolongamento da seca. E de interpretação imediata, as chuvas que chegam na cidade de Santana, são 99% formadas no Leste. 1% vindas do Norte ou do Sul e nenhuma chuvada com formação no Oeste. Horário predileto das trovoadas: entre a tardinha e o anoitecer.
Os profetas merecem a homenagem da prefeitura e do povo. Parabéns santanenses pelo evento.