A IGREJA DE SÃO JOÃO E A GRIPE ESPANHOLA Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.2...

A IGREJA DE SÃO JOÃO E A GRIPE ESPANHOLA


A IGREJA DE SÃO JOÃO E A GRIPE ESPANHOLA
Clerisvaldo B. Chagas, 20 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.278
  
ESTERTORES DA IGREJA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).
A chamada gripe espanhola – que de espanhola não tinha nada – matou entre 50 a 100 milhões de pessoas no mundo, entre 1918 e 1919, época da Primeira Grande Guerra. Preocupado com o que estava acontecendo no mundo, foi erguida na Maniçoba, subúrbio de Santana do Ipanema, Alagoas, uma igreja para barrar a Influenza. A iniciativa partiu do artesão de chapéu de couro de bode e festeiro do lugar, João Lourenço. A igreja foi erguida em homenagem a São João com os pedidos veementes dos fiéis contra a doença que avassalava o mundo. Muitas procissões noturnas saíam da Maniçoba, bem iluminadas, em direção à Matriz de Senhora Santana. Era a fé viva em São João como o grande intercessor pelo povo da terra. A Maniçoba emenda com o Bebedouro formando uma rua muito comprida.
Com o tempo, outros proprietários compraram aquelas terras e um deles profanou a igreja de São João, levando mulheres para suas farras sexuais. A igreja ficou abandonada e o tempo foi aos poucos acabando com tudo. Os santos foram recolhidos para abrigos seguros enquanto as intempéries acabavam com o restante. Passei  ali em minhas pesquisas e fotografei as ruínas que hoje representam relíquias da história de Santana. Presenteei o museu particular do professor Alberto Nepomuceno Agra, com uma fotografia artística da frente da igreja quando apenas havia um braço da cruz no adro. Era a única fotografia que havia sobre a igreja. Uma relíquia. Infelizmente o museu não foi levado à frente; mas a foto está no livro “O Boi, a Bota e a Batina, História Completa de Santana do Ipanema”, com o histórico do edifício.
Até padres pensavam que a igreja era dos primórdios de Santana. De jeito nenhum. A igreja de São João foi erguida em 1917 com a finalidade acima. Muito embora o forte da gripe espanhola tenha acontecido entre 1918/1919, talvez a gripe estivesse começando em 1917, motivo da sua construção. Pode também ter sido iniciado o templo em 1917, mas logo foi dedicado à causa em defesa do planeta.
Nunca ninguém demonstrou interesse em recuperar a igreja de São João, nem religiosos, nem políticos, empresários ou estudiosos. Pelo menos ficou demonstrado como se combate o vírus com fé nas coisas divinas.
Quanto ao novo vírus matador, bem que os acomodados de hoje precisam de outra IGREJA DE SÃO JOÃO... Ou de barro e tijolo ou de sentimento no peito sem compromisso.


CONHECENDO A PERIFERIA Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.277 BARREIRO SECO...

CONHECENDO A PERIFERIA


CONHECENDO A PERIFERIA
Clerisvaldo B. Chagas, 19 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.277
BARREIRO SECO NAS NASCENTES DO RIACHO SALGADINHO. (FOTO: B. CHAGAS).

Você que é sedentário precisa descobrir o prazer das caminhadas pela periferia da sua cidade. Sentir o cheiro da terra e dos vegetais, apreciar alguns bichos selvagens que ainda povoam as nossas matas. Um convescote sob árvore frondosa com o olor de mato verde, renova as energias e se descobre Deus na natureza. A minha terra, Santana do Ipanema, é rica em paisagens que estimulam os mais corajosos, pois muitos preferem a poltrona, o celular e a sombra. Bom andar com quem sabe das coisas que vai apontando, descrevendo e ensinando. Somos rodeados de montanhas, colinas e planuras com suas belezas exuberantes, mas que você precisa descobri-las. Enche o embornal de água, comida e meta o pé na estrada, nos caminhos, nas veredas, descobrindo coisas.
Em Santana do Ipanema, quatro reservas ecológicas estão à disposição de quem as procura. Uma delas e a mais perto do Centro é a reserva Tocaia, na periferia do antigo Bairro Floresta. Além de muitas outras coisas, ela representa as cabeceiras do pequeno e valente riacho Salgadinho, afluente pela margem direita do rio Ipanema. Na sua pequena extensão, é ele, o Salgadinho, que separa dois bairros populosos: Domingos Acácio e Floresta. Fazia muito sucesso quando não havia ponte entre ambos os bairros e nas enchentes impedia o trânsito. Despeja no Poço do Juá, no rio Ipanema, parte mais larga do trecho urbano. Mas agora, com a ponte construída pelo, então prefeito, Adeildo Nepomuceno Marques e alargada pelo gestor atual Isnaldo Bulhões, em gestões passadas, o riacho perdeu a notoriedade.
Descubra coisas simples fazendo essa caminhada até a Reserva Tocaia, no lugar Tocaias. Você pode seguir pela rua principal, parte baixa do Bairro Floresta (rua “compridona”) e voltar margeando o riacho por trás do casario, até a ponte onde ele mergulha. Terminado esse trajeto, você estará defronte a outra foz do lado oposto do Panema, a do riacho Camoxinga, muito mais poderoso e valente durante as cheias singulares.
Onde está seu espírito aventureiro? Pergunte, anote, fotografe, discuta. Viva.
No fim da semana estarei nessa região, precisamente na Igrejinha das Tocaias, mais uma vez.
Vamos!


O VOO DO JURITI/VOLTANDO AO ASFALTO Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.276 ...

O VOO DO JURITI/VOLTANDO AO ASFALTO


O VOO DO JURITI/VOLTANDO AO ASFALTO
Clerisvaldo B. Chagas, 18 de março de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.276
JURUTI NA SUA TENDA. (FOTO: B.CHAGAS/ARQUIVO).



Fiquei triste com a partida para outra dimensão do santanense Juriti. Pessoa humilde, amigo de todos e sapateiro que servia à sociedade com talento, prego, cola e graxa. Eu o conheci há décadas vendendo quadros de uma vidraçaria da cidade. Ultimamente estava na lista dos últimos sapateiros de Santana do Ipanema. Foi na sua tenda, ao lado da Matriz de Senhora Santana, quando o vi pela última vez. Pedia para o nosso amigo colar um calçado novo que queria me dá vexame. Foi ali que o sapateiro desabafou suas vitórias, falando de estudos e formatura de filhos. Citou positivamente o desembargador José Carlos Malta, em nossa palestra, mas também de pessoas que não sabem valorizar a sua arte. No espaço deve ter sido muito bonito o voo do Juriti. Deus o acolha com todo carinho mais esse guerreiro sertanejo.

ASFALTO CHEGANDO À RUA NAIR AMARAL.
Voltando ao asfalto que vai cobrindo as vias de Santana do Ipanema, registrei as ações da Empresa na Rua Nair Amaral. Não é a minha rua, mas é a paralela, continuação da Rua Manoel Madeiros. Depois fui ver o início dos trabalhos na Avenida Castelo Branco passando pela Escola Helena Braga até o Corpo de Bombeiros. Pela sua largura, o asfalto ficou tão bonito parecendo o melhor trabalho entre  todos. Assim o Bairro São José, foi prestigiado em mais de três ruas, inclusive a da igreja que abriga o santo padroeiro.
Assim em nossas andanças vamos colhendo sem querer, os depoimentos de pessoas como mototaxistas, motoristas e donas de casa extremamente felizes com o asfalto. Essas pessoas dizem: “não interessa quem fez, como fez e quando fez, a realidade é que fez”.
Faz um bem danado, escutar pessoas felizes.