NATURANDO NO CAMOXINGA Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.382 (médio riach...

 

NATURANDO NO CAMOXINGA

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.382

(médio riacho Camoxinga (Foto: Bianca Chagas)

A criatividade do brasileiro está sempre presente nas horas da folga e nos momentos mais difíceis. Com o uso obrigatório de máscara, foi sendo encostada a monotonia branca dos hospitais. Assim como na fase de quatro anos em que Santana passou sem luz elétrica na cidade. Na ocasião, o santanense também fez modismo com a rivalidade entre as lanternas das concorrentes Eveready e Rayovac, a vermelhinha e a amarelinha.  As duas marcas foram adotadas pela juventude, principalmente, como troféus, status e charme na disputa entre ambas e torcida assim como brigas pela preferência de Cervejas. era chique exibir uma lanterna nova e bonita para a namorada e colegas, como uma conquista.

Assim também as máscaras obrigatórias contra a Covid-19, passaram a ser exibidas das mais diferentes formas em cores, estampas e cortes diferenciados. Isso motiva também o uso como moda qualquer: bolinhas, escudos de clubes, figuras de heróis, e até mulher nua já foi vista na máscara contra a pandemia. O uso da máscara, entretanto, não atrapalha os passeios naturezas pelos arredores, periferias e sítios rurais. Por mais que o homem tenha destruído coisas, ainda se encontra lugares simples, refúgios para um bom descanso, um convescote com a família, um poço escondidinho em algum lugar, uma singela cachoeira no riachinho da fazenda...

 É preciso descobrir que são as coisas simples que fazem o encanto da vida, como as flores do campo, a brisa da manhã, o pôr do sol, a suavidade da ave-maria, o silêncio das madrugadas, o sereno e o orvalho nas folhas dos vegetais. Andar no campo é limpar a mente, é desestressar, fortificar-se para a dureza da vida que vem sem aviso prévio.

Nesse tempo de pandemia, bem que deixar a cidade por algumas horas faz um bem danado. Foi assim registrado esse flagrante no médio riacho Camoxinga, imediações do sítio santanense Camoxinga dos Teodósios. Parabéns pela iniciativa ao casal José Ailton/Antônia e família.

 

  A PONTE E O ATERRO DE SANTANA Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.381   A...

 

A PONTE E O ATERRO DE SANTANA

Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.381

 Anos 50. ponte sobre o 

Camoxinga. (Foto: Domínio Público)


No início dos anos 50, foi construída a rodagem que passando por Santana iria até Delmiro Gouveia. A rodagem praticamente margeava à cidade e que hoje é conhecida como BR-316. Nesse trecho de Santana foi preciso um aterro ao invés de um grande viaduto. No início ficou muito feio, aquela murada enorme vista de baixo. Consolidada a obra, o outro lado do aterro que era quase desabitado, se expandiu tanto que no governo Paulo Ferreira, foi construído um pequeno viaduto que furava o aterro para o acesso mais breve às novas habitações do outro lado. Com a construção do aterro fora construída a segunda ponte sobre o riacho Camoxinga, essa mesma que a última cheia deste ano danificou. Somente agora foi liberada para o trânsito após meses interditada. Com isso, caminhões e carretas tiveram que circular pelo centro causando transtornos e reclamações pelo atraso dos reparos.

Pancrácio Rocha passou a ser denominada essa via outrora marginal que hoje desafoga o trânsito de Santana do Ipanema. Mesmo assim, a tradição ainda chama o lugar de Aterro. O Aterro ficou tristemente famoso quando os cabarés foram se afastando do início da Rua Tertuliano Nepomuceno até chegar ali definitivamente. O Aterro tem uma longa página do submundo de quem quiser lembrar. Hoje a Pancrácio Rocha oferece um belo cenário capturado das partes mais altas da cidade, com asfalto e sinalizações, motivo de muitas fotos. Lá mais adiante do Aterro, também foi construída a primeira ponte do município sobre o rio Ipanema, em 1951.

Mas, perguntamos nós, cadê o novo trecho anunciado pelo DENIT que iria ser iniciado na entrada da cidade (leste) com longo ciclo até sair novamente na BR-316, muito depois da ponte sobre o Ipanema, a de 1951 (oeste)? São obras anunciadas que depois caem no esquecimento como esta, que costumam frustrar os entusiastas do progresso.  Mesmo que o projeto estivesse caminhando, mas que seus passos fossem anunciados. E verdade seja dita, é um projeto excelente que traria benefícios sem conta para o município, mas... Será realizado quando?

Enquanto isso, vamos no “feijão com arroz” com a primeira ponte sobre o rio Ipanema, na continuação do Aterro, de excelente qualidade, mas estreita e assustadora para os pedestres. Carro grande é um terror para os caminhantes na ponte da Barragem. Obras federais são complicadas.

  O TUBARÃO DE LULU FÉLIX Clerisvaldo B. Chagas, 11 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.380          ...

 

O TUBARÃO DE LULU FÉLIX

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de setembro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.380

 

                                    (FOTO: TNH1 VÍDEO REPRODUÇÃO)
Lendo uma reportagem recente em que um corpo humano foi encontrado na barriga de um jacaré abatido, lembrei-me de uma figura da minha terra.

Quando ainda rapaz, conheci Lulu Félix. Morava em marcante e isolada casa com alpendre, trezentos metros antes das primeiras residências do lugar Maniçoba, em Santana do Ipanema. Naquele largo da estrada, somente sua casa no lado mais alto do terreno e o sapateiro Alfredo Forte, defronte, na parte baixa e do outro lado. Parece-me que Lulu vivia de alguma coisa em relação aos curtumes daquela região. A impressão é que negociava com o produto sola. Como a sua casa ficava no largo, na parte alta, dali se via tudo. O famoso doido da época, barbudo Justino, sempre estava descansando no banco de pelar porco no alpendre daquela casa.

Lulu era baixinho, muito tranquilo, fala preguiçosa e sumida. Gostava muito de usar paletó sem gravata. Toda Santana gostava de Lulu. Ele chegava às rodas de conversas, ficava encostado na parede e escutava. Quando descoberto e indagado começava a contar suas aventuras das viagens por onde andara. Sua ausência era notada quando passava dois, três meses desaparecido. Nunca falava quando iria viajar, mas dizia onde esteve e quase sempre era em São Paulo

  Carinhosamente fora o maior mentiroso de Santana. Sereno, narrava com naturalidade seus exageros.  Quando alguém dizia que não acreditava em sua explanação, o argumento era infalível: “Você não viaja!...”

Entre tantos e tantos casos já contados, repito um deles lembrando o caso do início da crônica: Em Maceió, os soldados do 20o Batalhão de Caçadores, gostavam de se exercitares na praia do Sobral. Mas, em certa manhã, ao término da atividade, notaram a falta de um companheiro. Iniciaram as buscas e nada. Retornaram ao Quartel e registraram o ocorrido.

Alguns dias depois, os pescadores capturaram um tubarão e resolveram dividi-lo com os companheiros, ali mesmo nas areias da praia. “E qual não foi a surpresa! O soldado recruta foi encontrado na barriga do peixe gigante”.

“Mas isso é um absurdo!” – falou um ouvinte.

Lulu voltou à carga: “E não é só isso, não. Todos ficaram admirados com o recruta na barriga do peixe ainda batendo continência”.

“Eita mentira da gota serena!”

E Lulu, com toda mansidão possível: “Você não viaja!...”.

·        A Câmara de Vereadores aprovou a minha ideia de colocar o nome do trecho asfaltado São Pedro/Maniçoba de DONA JOANINHA. Mas o lugar onde Lulu morava merece uma praça e, o seu nome constar como Largo Lulu Félix, MERECIDAMENTE.