SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
JUVENTUDE SATANENSE E O PALHAÇO Clerisvaldo B. Chagas, 22 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.384 (...
JUVENTUDE
SATANENSE E O PALHAÇO
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de setembro de 2020
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.384
Adolescente ainda, vi o circo chegar em Santana do Ipanema e manter o empanado repleto todas as noites. É que o palhaço era muito bom e cativava a juventude de Santana agitadora nos poleiros do circo. Todas as noites tinha piadas do palhaço com personagens da cidade. Certa feita, entregaram a este, particularmente, os nomes e apelidos dos rapazes mais falados de Santana, pessoas da sociedade, em evidência. Com o circo lotado naquela noite, quando chegou a vez das risadas, foi anunciado a paródia de uma página musical famosa nos Carnavais do Recife. O circo quase veio abaixo quando o palhaço cantou bem entoado o hino que falava principalmente nos que tinham apelido. (Pena ter esquecido o nome do original): Com o título de “O Trem” foi cantada a música. Parece-me que o tema era relacionado às noites de alguns desse jovens e suas ações no baixo meretrício da cidade:
Zé
Pinto,
Cadê
Agildo
Chama
logo o maquinista
Vamos
a estação...
Josa é a máquina
Genival é o condutor
Henaldo é o foguista
Guarda-freio
é Zé Yoyô...
Com
a luz apagada
A
turma agarrada
Passa
a brincar de trem...
Zé
Torreiro
entra afobado
Trazendo
João Badalo
Agarrado
no seu pão...
Vamos,
vamos minha gente
Que
o Porronca já chegou
Bolinha está acolá
Djalma a gaguejar
Que
o trem já vai parar.
A música
e a letra foram repetidas inúmeras vezes na sociedade santanense causando risos
e furor. Um sucesso retumbante! Alguns dos citados acima já faleceram, outros
correm léguas atrás de você para arrancarem o seu pescoço se você relembrar o
episódio.
ASFALTO PARA O BARROSO Clerisvaldo B. Chagas, 21 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.383 Solidão do B...
ASFALTO PARA O BARROSO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.383
A
divulgação do governo municipal, através de vereador de situação sobre possível
pavimentação asfáltica Bairro Lajeiro Grande – sítio Barroso, repercutiu bem na
zona rural norte de Santana do Ipanema.
Certo
que ainda é apenas uma intenção, pois seria preciso adquirir mais dois
quilômetros de asfalto, mas como diz o povo, “Quem atacha quer comprar”. Como o primeiro cemitério de Santana foi
demolido nos anos 40, foi construído o segundo na parte alta do Bairro
Camoxinga com alegação que ficaria longe do Centro. Mas a sua implantação fez
ajudar o estiramento da cidade naquela
direção e o cemitério Santa Sofia também foi incorporado a zona urbana e com
muita força, tanto é que para sua vizinhança foi a COHAB NOVA, O Estádio Arnon
de Mello e inúmeras ruas formando assim outro bairro vizinho denominado Rua das
Pedrinhas e que também já originou o terceiro denominado popularmente de
Quilombo.
O
cemitério Santa Sofia ficou apertado e foi preciso a construção de um novo
lugar para os mortos. Terrenos apropriados difíceis de encontrar, a solução foi
construir o terceiro cemitério de Santana em um sítio longe da cidade. Foi
assim que o então, governo municipal Nenoí Pinto, implantou o cemitério no
sítio Barroso, dando-lhe o nome de São José, embora o povo continue a chamá-lo
simplesmente “Cemitério do Barroso”. Saindo do Bairro Lajeiro Grande, ao norte
de Santana, vamos encontrar o cemitério do Barroso, a cerca de 2 km em direção
à cidade de Águas Belas, Pernambuco, estrada essa construída pelo então,
interventor municipal Pedro Gaia, em 1938. Por ali se vai para região serrana
do município com os sítios Barroso, Água Fria, Salgado, Camoxinga dos Teodósio,
Tigre, Pé de Serra, Pinhãozeiro, Malembá e outros mais.
Vê-se
a importância da intenção anunciada do asfalto até aquele sítio, plano, terreno
de barro e repleto de chácaras formadas antes do cemitério. No Barroso
acontecia as antigas corridas de cavalo. Seria o puxamento definitivo dos
Lajeiro Grande, Pedrinhas, Quilombo, para aquelas imediações uma vez que estes
caminham lentamente para o Barroso. Além de melhorar o trecho para os cortejos
fúnebres, (longo, cheio de poeira e dificultoso, a pé) seria beneficiada
parcialmente toda àquela região mais úmida de Santana do Ipanema.
Asfalto
para mortos e vivos, conquista espiritual e terrena para a solidão do São José.
A PEDIDO DE AMIGO Clerisvaldo B. Chagas, 17 de setembro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.382 BAIRRO APÓS CHEIA...
A PEDIDO DE AMIGO
Clerisvaldo B. Chagas, 17 de setembro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.382
BAIRRO APÓS CHEIA
(CRÉDITO: CADA MINUTO)
A
Rua Tertuliano Nepomuceno, em Santana do Ipanema, nasceu com a necessidade de
expansão do quadro comercial. Pode-se se afirmar que foi uma das primeiras ruas
da cidade. Ainda muito curta, já era considerada ponta de rua onde surgiram as
primeiras casas de prostituição que os apontamentos esporádicos apontam. Com o
progresso ainda lento, as casas das putas (linguagem popular) foram se
afastando aos poucos, chegando a ocupar uma parte da antiga Matança. Matança
era um terreno aberto, insalubre na margem esquerda do riacho Camoxinga, que
antes fizera parte dos quintais e terras do Padre José Bulhões. Matança porque
era lugar de abate do gado bovino no chão bruto forrado apenas de folhas e
galhos de catingueira, levados em feixes na cabeça de mulheres e homens, trazidos
da periferia.
Depois
de longo período naquele lugar, novamente a zona de meretrício foi deslocada
para mais distante até chegar, permanecer e resistir no Aterro até os dias
atuais, onde ainda se encontram remanescentes. O, então, prefeito Paulo Ferreira
começou a facilitar construções de casas para a pobreza, justamente no terreno
baixo, insalubre, de tanto derramamento de sangue animal da Matança. Assim
nasceu o chamado Bairro Artur Morais, dono de um dos bordéis daqueles lugares. Rapidamente
a antiga Matança foi sendo habitada com seu entorno, fazendo do riacho
Camoxinga apenas um esgotão a céu aberto. A antiga Rua do Barulho (um doido
chamado Barulho que ali fora assassinado), depois com placa de Rua José Amorim
(que também fora assassinado), não fazia parte do Bairro Artur Morais, pois
fora formada bem antes daquela criação. Não sabemos, porém, se a Rua do Barulho
está classificada com Centro ou pertencente ao Artur Morais.
Foi
uma rua formada praticamente por feirantes e gente vinda da zona rural. A
pobreza sempre fez parte da rua até os presentes dias. Hoje está colada ao
Bairro Artur Morais. Na época de formação das residências na Matança, ficamos
chocados com o que se oferecia aos menos aquinhoados. Quem não se lembra da
recente tragédia da enchente de março? Dizer verdades pode doer em muita gente,
apenas estamos respondendo o miolo a quem nos pediu que falasse sobre aquela
região.
O
Bairro Artur Morais com tantos problemas acumulados, ainda é um bairro duro de
roer.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.