O TIÚ CARISMÁTICO Clerisvaldo B. Chagas, 19 de outubro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.401 (FOTO: DANIEL PASS...

 

O TIÚ CARISMÁTICO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de outubro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.401

(FOTO: DANIEL PASSOS)

O tiú, lagarto também conhecido como teiú e tejo, é tão apreciado no Sertão quanto o tatu. Ambos possuem carne saborosíssima e estão na linha de frente da caça sertaneja nordestina. Antes das leis rigorosas ambientais o teiú era caçado abertamente, vendida a pele e oferecida a carne para os farristas de sanfona, violão e cachaça sem restrição alguma. As mulheres tinham nojo do lagarto, porém muitas delas sabiam como ninguém fazer o preparo do prato cobiçado pelos “caneiros”. No preparo guisado, cheirava que era uma maravilha. Ao ser indagada às cozinheiras qual era o segredo da culinária, elas respondiam: “Você prepara do mesmo jeito de galinha, coloca todos os temperos, só isso”.  E assim o tiú fazia a alegria dos farristas nos bares da cidade.

Nos anos 60, 70, surgiu o personagem popular em Santana do Ipanema, de apelido Tiú. Ninguém sabia seu verdadeiro nome, talvez até ele mesmo já desacostumado com o original e ser insistentemente chamado pelo vulgo. Muito mal vestido, remendado, chapéu de couro velho, escuro e ensebado, longo bornal a tiracolo, Tíú era quase preto, tremendamente carismático e querido em Santana do Ipanema. Quase sempre era encontrado no Beco São Sebastião, onde fazia suas negociatas caçadoras. Por onde passava, todos tinham prazer em gritar seu apelido e lhes dirigir um aceno e ser notado pelo homem. “Tiú! Tiú! Era esta a saudação quando o caçador de lagartos surgia no Comércio da cidade. Tiú respondia acenando e rindo, igualmente a vereador em campanha.

O caçador Tiú virou coisa do passado, mas a perseguição aos animais selvagens, não. Não se mata mais onça porque já mataram todas; mata-se raposa porque ela ataca galinheiros; captura-se o tejo porque a fiscalização é fraca. Os passarinhos canoros não escapam da gaiola, da venda lucrativa, da sanha sem consciência dos destruidores da fauna. O tejo sempre aparece nos sítios, nas periferias... Toma sol nos lajeiros às manhãzinhas, caça, briga e derrota as cobras peçonhentas. Protege a sociedade, mas por ela é perseguido.

Deixemos o tejo em paz. Ele não faz falta à nossa mesa, mas a simpatia do homem Tiú, bem que faz a diferença para alegrar como ontem o Centro de Santana do Ipanema.

 

 

  SÃO CRISTÓVÃO Clerisvaldo B. Chagas, 15 de outubro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2400 (FOTO: DIVULGAÇÃO) Prim...

 

SÃO CRISTÓVÃO

Clerisvaldo B. Chagas, 15 de outubro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2400

(FOTO: DIVULGAÇÃO)

Primavera continua, ora pegando fogo, ora mais branda. Com essas mudanças climáticas no Planeta, tudo se embaralha ou se transforma. E nesse tempo seco em nosso sertão alagoano, acontece mais uma vez a Festa de São Cristóvão, em Santana do Ipanema que continua em andamento. A procissão de Senhora Santana incorporou os carros de bois no cortejo de abertura. Já a Festa de São Cristóvão, trouxe os vaqueiros e outros personagens a cavalo, abrilhantando, dando maior vigor na abertura dos festejos. Mas esse ano tudo foi modificado em vista da pandemia. Mesmo assim, tem os arrogantes que não usam máscaras e conduzem seus procedimentos como um desafio à sociedade.

A programação da festa teve início na sexta-feira (9) com a novena a São Cristóvão, Eucaristia, presença dos noiteiros e o responsável do dia. O novenário prossegue até o próximo sábado (17) com a Eucaristia presidida pelo padre Thiago Henrique Soares Pinto Tavares. Após a Santa Missa haverá tradicional leilão de animais, o que leva ao leilão muita gente ligada a agropecuária. A programação particular da Festa propriamente dita, será no próximo domingo com muitas atrações religiosas: Eucaristia, salva de fogos, solene Eucaristia, solene procissão, bênção do Santíssimo Sacramento, aspersão dos veículos e motoristas, descerramento do estandarte de São Cristóvão com salva de fogos.

 As procissões carreatas acontecem sempre com o encerramento, saindo o padroeiro de uma cidade circunvizinha em direção à sua Matriz. No próximo domingo à tarde, essa procissão de automóveis, motos, caminhões... Estará saindo da cidade de Dois Riachos, rumo a Santana do Ipanema. Percorrerá as ruas do Bairro Camoxinga onde está localizada a sua Paróquia. Mesmo com a pandemia solta, o entusiasmo é o mesmo entre todos os motoristas em louvação ao gigante padroeiro. Nessa ocasião inúmeras promessas são pagas, incluindo a de acompanhar o santo protetor na sua procissão. Almejamos tremendo sucesso para mais essa edição sagrada do Catolicismo.

 

 

 

  VISITEI A IGREJINHA DAS TOCAIAS Clerisvaldo B. Chagas, 13 de outubro de 2020 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.399 Após...

 

VISITEI A IGREJINHA DAS TOCAIAS

Clerisvaldo B. Chagas, 13 de outubro de 2020

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.399












Após quase sete meses confinado, saímos de casa, finalmente, para uma visita dominical à Igrejinha das Tocaias, vizinha à Reserva Tocaia. Após o final da Rua Joel Marques, no Bairro Floresta entramos à esquerda de uma bifurcação com estradas de terra. Quase 1 km de piso ruim e desprezado, cujo final é o riacho João Gomes. A temperatura estava altíssima e só havia verde e água na bela Reserva, o restante, seco com ares desértico. Ali, entre a fazenda Coqueiros e a Reserva, encontramos a igrejinha delimitada à margem da estrada, com arame farpado, cancela e cerca de pedras, tudo dentro de uma tarefa de terras; Material de construção na frente para reparar os três patamares da calçada e trabalho interrompido pelas últimas chuvas e a pandemia que se alastrou pelo mundo.

No pátio de entrada, uma árvore seca cheia de fitas nas suas galhadas representa grande número de promessas pagas ao Senhor Manoel da Paciência, nome trazido do oriente e que representa Nosso Senhor Jesus Cristo. Capelinha simples por fora e por dentro com umas quatro bancadas para sentar e ajoelhar. Alguns santos posicionados no altar único e singelo e uma força invisível destruidora de males dos devotos necessitados. Quem conhece o lugar, lembra as festas animadas que aconteciam na primeira gestão do saudoso prefeito Paulo Ferreira. Mas agora, tão solitária e enigmática, a capelinha parece sentir falta da movimentação humana em busca de graças e bênçãos.

O verdume da Reserva defronte parece esperança de dias melhores para aquele templo de beira de estrada. Sua história foi resgatada por nós e entregue nas escolas da cidade, para a presente e futuras gerações. Graças aos seu abnegados zeladores ou administradores, a ermida continua de pé, testemunha e parte da história santanense. Estar sempre a precisar de um conserto, de uma porta novo, de uma pintura, e uma modificação qualquer no prédio ou nos arredores. Nesses tempos de pandemia, nem podemos trocar palavras presenciais com seus colaboradores diretos, mas temos ideias para passarmos que visam melhorar os aspectos externos sem mexer na singeleza apreciada pelo seu padroeiro.

De volta entregamos a chave à zeladora, senhora Maria José Lírio e agradecemos a felicidade representante daquele domingo.

IGREJINHA DAS TOCAIAS (FOTOS: B. CHAGAS, INTERIOR, ÂNGELO RODRIGUES (EXTERIOR).