SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
ENGRAXANDO Clerisvaldo B. Chagas, 8 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.608 Os homens gostavam de andar...
ENGRAXANDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 8 de novembro de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.608
Essa
humilde profissão, conseguiu retirar muitos adolescentes e mesmo adultos da
marginalidade e da fome. Havia tantos engraxates no centro da praça que era
difícil escolher. Porém, um deles destacou-se com o passar dos anos, e passou a
ser o preferido da clientela desde que tivesse disponível. Chegou a colocar um
trono parecido com o do João Engraxate, porém mais modesto. Era o primeiro a
ser procurado e referência profissional em Santana do Ipanema. É que Zequinha
adquiriu uma técnica em que fazia o sapato brilhar muito mais do que nas mãos
dos seus companheiros. Foi o primeiro a usar tic-tac, um líquido para sapatos
brancos e bicolores, moda dos boêmios da época. As mulheres também mandavam
seus sapatos para a praça, principalmente para o falado Tic-Tac.
Muita
gente boa ajudava o adolescente a comprar a caixa de engraxar com seu
respectivo material: graxas, escovas, tintas, flanelas e papelões para não melar
as meias do cliente. A concorrência na praça
obrigava aos rapazes tentar ruas e avenidas de maior movimento. Certa vez,
Zequinha, a liderança, deixou a profissão e surgiu depois de camisa branca e
gravata preta como motorista de ônibus, só não lembro se era da Progresso. Daí
em diante os engraxates foram rareando e sumiram de vez. O próprio tênis chegou
para ficar... E sem engraxador. Certa vez surgiu um camaleão na árvore que
abrigava os profissionais, de outra feita foi um macaco prego que passaram a
ser a diversão da Praça e cuidados pelos engraxates, mas desapareceram tão
misteriosamente quanto chegaram.
Ah!
Sertão em marcha.
ENGRAXATE ( crédito: DURVAL MOREIRA. COM).
CHEGOU CHEGANDO Clerisvaldo B. Chagas, 5 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.607 Quarta-feira últ...
CHEGOU
CHEGANDO
Clerisvaldo
B. Chagas, 5 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.607
Na
minha rua, o toró engrossou, os gatos apressaram os passos para o fogão de casa.
O trovão estalou, passou cachorro correndo que nem bala acompanhava. O
entregador de gás, escapuliu para um abrigo e um cavaleiro cruzou a rua que nem
um alucinado. Novos relâmpagos se abriram, nova zabumbada nos céus e o tufo d’água
fez riacho na sarjeta. Com estuque ou
com telhado, ninguém se furta a vistoriar o teto no interior da oca, embora muitos
tenham se jogado em baixo da cama diante dos arrotos sem freios dos trovões. Um
menino corajoso aproveitou a biqueira da esquina e sentiu cair o calção folgado
deixando a bunda de fora. A enxurrada viaja tranquila até o riacho Camoxinga, o
Salobinho, o Salgadinho ou diretamente para o rio Ipanema, captor de toda a
bacia da região.
A esperança
sertaneja se renova para o período novembro/abril em barreiros cheios,
barragens sangrando e açudes lado a lado. Mas, tudo isso são suposições para os
que vivem da terra, do criatório, da boa vontade dos que administram a Natureza
terrestre. De qualquer maneira já disseram os profetas modernos: “Depois dessa
pandemia nada será como antes, nada”. Portanto o jogo de xadrez poderá
continuar o mesmo, todavia com regras diferentes. A humildade do vivente tem
que ser muito maior do que a soberba tradicional humana. Sabedoria é aguardar
com a virtude da paciência os novos tempos traçados pelas forças soberanas. Já
é noite da quinta e o tempo continua abafado. Pingadeira no teto e nuvens indefinidas.
A Natureza é 10.
CHUVA
NA TERRA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).
TÊNIS CLUB SANTANENSE Clerisvaldo B. Chagas, 4 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.606 Fazendo...
TÊNIS
CLUB SANTANENSE
Clerisvaldo
B. Chagas, 4 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.606
No
início havia uma quadra de vôlei na área descoberta onde nós, ginasianos,
treinávamos. A quadra acabou em benefício de reformas e mais reformas até
chegar à estrutura atual. O tênis foi palco dos grandes espetáculos dançantes
de época quando se dançava valsa, bolero e outros estilos mais. Um desses
espetáculos era o próprio traje de gala de mulheres e homens que ocupavam as
mesas do salão. Apresentavam-se ali, orquestras de Pão de Açúcar, Palmeira dos
Índios, Garanhuns e inúmeras famosas no Brasil inteiro, vindas do Sudeste. Eram
os bailes gigantes que repercutiam em Santana do Ipanema e no Sertão inteiro.
Vale salientar que era tempo do cinema, do teatro, do folclore, não havia
televisão e os bailes eram acontecimentos extraordinários.
Havia
também os Carnavais noturnos e as matinês para nós adolescentes. Maravilha!
Chegado o tempo da diversão em casa, a queda foi inevitável em todas as outras
formas de lazer. O resultado foi cinemas, teatros e clubes fechando com
saudosos sangramentos no Brasil inteiro. Como sobrevive hoje o nosso titã
sertanejo? Só mesmo com dedicação e muita paciência para se administrar um
clube fora de moda. Mas aqui, acolá têm eventos que acontecem no Tênis Club
Santanense, apesar de novos espaços para eventos terem surgidos na cidade.
Parabéns
aos abnegados que tomam conta deste e de outros patrimônios de Santana do
Ipanema.
Parabéns
à própria estrutura que bravamente resiste ao seus 68 anos
TÊNIS CLUB
SANTANENSE EM 2013 (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.