SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
PORTA DA CHUVA – MACEIÓ Clerisvaldo B. Chagas, 15 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.613 Sabia de ...
PORTA
DA CHUVA – MACEIÓ
Clerisvaldo
B. Chagas, 15 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.613
Sabia
de todas as músicas de forró daquela atualidade. Tinha as preferências de
locutores e rádios da capital. Mas por que os apresentadores falavam tanto em “porta
da chuva”? Todos os programas de forró tinham abraços e recados para a “porta
da chuva”. Mas esse nome me intrigava, uma coisa estranha e inusitada uma porta
desenhada no meio de chuva. E assim as músicas iam desfilando no prato e aquele
estudante do interior procurava preencher o tempo com Jacinto Silva, Jackson do
Pandeiro, Luiz Gonzaga e outras feras da música popular nordestina, visando
angariar ânimo para prosseguir no Curso Médio. É que têm coisas que são tão
simples, mas formam tesouros em nossas cabeças.
Somente
já adulto, maduro e pesquisador, descobri a tão falada “porta da chuva”.
Descendo por acaso, a ladeira dos Martírios fui parar diante do antigo Palácio
já transformado em museu. Ali na praça, motivo de tantos embates em busca de
melhores salário e combate à avareza de gestores estaduais, resolvia apenas
fotografar o casarão das amarguras, mais como presente do que passado. E atravessei a praça, desta feita silenciosa.
Do ponto de ônibus apurei a vista e a memória e consegui descobri do lado
oposto da rua, na esquina da ladeira com a Rua do Comércio, um ponto comercial
estreito e quase despercebido, com inscrição na fachada: “Porta da Chuva”.
Atravessei pelo trânsito intenso, espiei de perto o que para mim fora mistério
e tesouro de memória, quis entrar, mas, por que o proprietário iria ouvir
conversas de mais de 30 anos depois?
Guardei
minhas lembranças só para mim e dei um passo adiante em direção ao Centro.
Levava uma alegria por ter descoberto o enigma “porta da chuva”, um estreito
lugar em que os passantes enxergavam para um abrigo das chuvaradas surpresas de
Maceió. Mais também conduzia uma
amargura em não compartilhar as lembranças da capital na cabeça do rapaz de
Santana do Ipanema. E logo atrás ficava o símbolo de batalhas e batalhas
sindicais (Praça dos Martírios) buscando vitórias para transformar professores
escravos em cidadãos.
Lágrimas
não respeitam idade.
Lembranças
continuam imortais
E
sabedoria ainda é pedaço de Deus.
ANTIGO
PALÁCIO DOS MARTÍRIOS, HOJE MUSEU. (FOTO: B. CHAGAS).
CINEMA E CARTOLA Clerisvaldo B. Chagas, 12 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.612 Acho que o pipoq...
CINEMA
E CARTOLA
Clerisvaldo
B. Chagas, 12 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.612
Acho
que o pipoqueiro não durou tanto tempo assim na porta do Cine Alvorada, em
Santana do Ipanema. E em porta de cinema, dificilmente falta a pipoca cheirosa
e quentinha ou da tradicional ou da moderna chamada de pipoca de isopor. Mas a
época não era de pipoca. Um cidadão chegado à cidade começou a vender alguns
preparados entre a porta de entrada e a bilheteria. O cheiro invadia a rua, mas
também penetrava as narinas dos mais quietos espectadores do interior do
cinema, na hora do filme. Alguns não resistiam e nem deixavam a fita terminar,
abandonavam tudo e corriam para um lanche. “E que negócio é esse que cheira
tanto, meu amigo?” E o homem respondia:
“É paio?” “E o que diabo é paio?” “Um tipo de linguiça do Rio Grande do Sul.
Algum
tempo depois o paio foi substituído por novo aroma que também provocava frenesi
no cinema de luxo lotado, do meu padrinho Tibúrcio Soares. “Você quer matar o
povo pela barriga, meu senhor? Que cheiro medonho é esse?” “Cartola, já ouviu
falar?” “Não”. Lembro tudo isso porque estou no momento me deliciando com uma
cartola tradicional. Coloca-se ovos na frigideira mais uma camada de queijo e
mais uma terceira camada de banana fatiada. Com manteiga... Irresistível,
deliciosa e saudável até para diabéticos. E se o que vale para o passado voga
para o presente, para que perder tempo pensando, na cozinha!
O Cine
Alvorada foi marco importante na pacata e progressista Santana do Ipanema, onde
não havia tantas diversões assim. Lugar de se divertir, namorar e matar o
tempo, o Alvorada era uma das melhores coisas da cidade ao lado do futebol
aguerrido do Ipanema no Bairro Camoxinga. Infelizmente a grande decisão do
comerciante e empresário Tibúrcio, em construir o Alvorada, estava bem perto do
limiar das diversões em casa e, o cinema decorado com motivos regionais, não
durou tanto tempo assim. Seu edifício descaracterizado continua servindo o povo
santanense como casa comercial também de luxo. Mas a saudade da pipoca, do
paio, da cartola do senhor José Gomes, continua cheirando através dos tempos atuais
na mente dos que narram os fatos inolvidáveis da terrinha.
CINE
ALVORADA (FOTO: B.CHAGAS).
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MÉDIO SERTÃO E BACIA LEITEIRA Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2021 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.611 Já ...
MÉDIO
SERTÃO E BACIA LEITEIRA
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de novembro de 2021
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.611
Já
falamos aqui sobre o Alto Sertão Alagoano e, agora falaremos sobre o chamado
Médio Sertão e Bacia Leiteira de Alagoas. As dúvidas sobre os assuntos são
constantes, mas chegou a hora dos esclarecimentos. Fazem parte do considerado
Médio Sertão Alagoano as cidades: Santana do Ipanema, Dois Riachos, Olivença,
Olho d’Água das Flores, Carneiros, Senador Rui Palmeira, Poço das Trincheiras,
Maravilha e Ouro Branco.
Quanto
à Bacia Leiteira de Alagoas, abrange uma área de 2.782.90 Km2 e é
composta por 11 municípios destaques na produção de leite. São eles:
Cacimbinhas, Major Izidoro, Batalha, Belo Monte, Jacaré dos Homens, Jaramataia,
Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Palestina e Pão de
Açúcar. É bom saber que a área possui 8.657 agricultores familiares, 357
famílias assentadas e 12 comunidades quilombolas.
Veja
que nem todos os municípios do Médio Sertão pertencem à Bacia Leiteira. Mas
também a Bacia Leiteira não é só formada por municípios do Médio Sertão.
Veja
também que cidades como Minador do Negrão, Cacimbinhas e São José da Tapera não
estão incluídas como Médio ou Alto Sertão. No caso, não temos conhecimento dos
critérios usados nessa classificação.
A
central da Bacia Leiteira de Alagoas São os município de Major Izidoro, Batalha
e Jacaré dos Homens. Isso não quer dizer que muitos outros municípios
sertanejos que oficialmente não fazem parte de Bacia, não produzam leite. Todos
os municípios vivem da agricultura e da pecuária leiteira.
MAJOR
IZIDORO (CRÉDITO: IBGE).


Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.