DINHEIRO PASSEIA NO CAMPO Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.654   Indag...

 

DINHEIRO PASSEIA NO CAMPO

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.654

 

Indagamos à pessoa abalizada quais os três sítios rurais economicamente à frente dos outros, no município de Santana do Ipanema. De certa forma a resposta foi surpreendente.  E se você conhece a nossa área rural, imagine quais seriam. Pois bem, Camoxinga dos Teodósio, São Félix e Areias Brancas. Entendemos que o consultor quis dizer: a região do povoado São Félix e a região do povoado Areias. Cada uma dessas regiões abrange mais de 15 sítios circunvizinhos. Veja, o sítio Camoxinga dos Teodósio faz parte da região serrana do município. Isso, por si só já mostra clima diferenciado e fertilidade de solo. Faz parte da estrada de terra Santana – Águas Belas (por dentro; atalho).  O asfalto que chegou até o sítio Barroso, é roteiro para o sítio Camoxinga que, de qualquer maneira, em parte já foi beneficiado.

A região do povoado São Félix também está encravada em região serrana. O tradicional povoado comanda o comércio entre os sítios e a cidade. Recentemente o sítio Óleo, seu vizinho, progrediu muito, virou povoado e concorre com o tradicional São Félix. Dois povoados para uma região de serras e grotas que trabalha com o milho, o feijão e a criação de gado. Este povoado representa outro ramal Santana – Águas Belas que se encontra com o primeiro mais à frente. Registra12 km dali até o centro de Santana do Ipanema, em estrada de terra. Antes chamado Quixabeira Amargosa, São Félix precisa de ligação asfáltica para Santana e diretamente para Areias Brancas. Mesmo assim, veja que está entre os três mais. Em busca do seu destino, o mais comum em Santana, é seguir pelo Bairro São Vicente.

Assim como São Félix, o povoado Areias Brancas (Areia Branca não existe) está localizado a 12 km de Santana do Ipanema, porém no rumo da capital cortado, pela BR-316. Foi isso que fez a diferença. Transporte à toda hora tanto para Maceió quanto para Santana e Alto Sertão. Tem um comércio ainda insipiente, porém básico. Filho da zona rural, se expandiu e atualmente recebe inúmeros benefícios como Igreja, padroeiro, água, luz, calçamento, biblioteca pública... Além de vários empreendimentos particulares. Vive da agricultura e do criatório e possui bastante força política.

Pois, entendendo nosso amigo informante e conhecedor profundo da área rural de Santana do Ipanema, estão aí os três do topo da economia rural do nosso município, segundo o secretário de Desenvolvimento Rural, Jorge Santana.

Vamos laçar dinheiro, peão!

 PARCIAL DE AREIAS BRANCAS (FOTO YOUTUBE/EDSON SANTOS).

  AS PANELAS DO TAMANDUÁ Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.654   Não te...

 

AS PANELAS DO TAMANDUÁ

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.654




 

Não tem parelha: feijão “bage” roxa cozinhado em panela de barro. O Secretário do Desenvolvimento Rural, Jorge Santana, acrescentou mais uma atração na Feira da Agricultura Familiar que ocorre às sextas defronte à Secretaria de Agricultura, no Bairro Monumento, em Santana do Ipanema. Junto à prefeita Christiane Bulhões, estar sendo resgatada a tradição secular de produção artesanal e venda de panelas de barro na Capital do Sertão. O produto estava desaparecido e vinha, antes, do povoado de Poço das Trincheiras, Alto do Tamanduá, mas foi descoberto quo no sítio vizinho e fronteiriço de Santana do Ipanema Baixa do Tamanduá, também se produz panelas, similares e brinquedos de barro. E como nos terrenos do sítio têm bastante matéria-prima, a prefeita e o secretário resolveram resgatar o produto para o nosso comércio, incentivar a produção e fazer gerar renda extra na comunidade.

A comunidade Baixa do Tamanduá, está localizada à margem da BR-316 alguns metros próximos à divisa com Poço das Trincheiras. Um dos primeiros documentos de Santana dá o lugar com o nome de Lagoa do Mijo e seus moradores são quilombolas de origem do povoado pocense Tapera do Jorge. Resgatar a tradição da comunidade é importante, mas aqui deixamos duas sugestões ao secretário Jorge Santana: 1. parceria com o SEBRAE para aperfeiçoamento das peças, visando agregar valorores ao nosso artesanato de barro. 2. Se ainda não estiver registrada, registrar a comunidade no órgão responsável como descendentes de escravos, pois isto daria direitos a uma série de benefícios federais ao lugar, à semelhança dos quilombolas de Poço das Trincheiras, tudo da mesma origem.

De qualquer maneira é muito bom o retorno da panela de barro ao nosso comércio e vê-las à venda na Feira da Agricultura Familiar. Ainda se usa na zona rural, panela de barro, lenha e carvão para se fazer aquela comida que cheira à distância no recipiente ímpar e sadio do barro. Achamos que a comunidade Baixio do Tamanduá, vai ficar feliz e deixar muitos feirantes contentes com a novidade. Vendidas na feira da Agricultura Familiar, muitas encomendas virão para a comunidade antes dirigida pelo meu saudoso amigo Zeba, cuidadoso com seus amigos quilombolas. Obrigado Jorge por ter se inspirado em nosso trabalho anterior como diz você. Vamos agregar valores para àquela gente boa e humilde que também faz gente e animais do barro, primeira massa usada pelo Grande Arquiteto do Universo. Parabéns mais uma vez à prefeita Christiane Bulhões, a sua equipe de sensibilidade e a Secretaria de Desenvolvimento Rural.

Estaremos perambulando na Feirinha sempre que o Senhor dos Mundos permitir.

 

 

  JUAZEIRO, JUAZEIRO Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de fevereiro de 2022 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.653   Ainda é a ...

 

JUAZEIRO, JUAZEIRO

Clerisvaldo B. Chagas, 2/3 de fevereiro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.653

 

Ainda é a árvore mais famosa do Sertão. Típica e originária da caatinga, o juazeiro ficou imortalizado nas músicas do Rei Luiz Gonzaga. Árvore elegante que pode atingir 15 metros de altura é famigerada pela sua resistência à seca, sua sombra e suas propriedades medicinais. Seus galhos secos, caídos ao chão, podem surpreender o desavisado com seus espinhos grandes, duríssimos, roliços e marrons acinzentados. Produzem uma dor grossa e duradoura, fura sandália de borracha, pé e tudo. O fruto do juazeiro é o joá, pequeno arredondado e doce, muito usado pelos caprinos. As pessoas usam o fruto em pequena quantidade para evitar problemas imediatos. Com eles pode se fazer doce e geleia.  Da casca do juazeiro se faz pasta dental e xampu. Nós o conhecemos de perto pois já descansamos muito sobre à sombra dessa árvore, palitamos os dentes com seus espinhos e higienizamos a boca com a raspagem do seu tronco.

O juazeiro (Ziziphus joazeiro) tem proteção contra o fogo nas coivaras, ainda hoje praticadas nos sertões. Ganha muito destaque natural na região de criatório e nos musicais das páginas forrozeiras nordestinas. É cantado direta ou indiretamente nas sagas romanescas de amor. Não é muito bom para se armar redes nos seus galhos, mas bem varrido com garranchos, dá uma descansada boa danada na esteira de pipiri ou de caboclo. Às vezes seus galhos próximos uns aos outros, costumam soltar gemidos que parecem sobrenaturais quando entram em atrito causado pelo balanço do vento. Suas raízes profundas quase sempre mantêm o verde aceso quando os arredores se apresentam queimados pela canícula. É a capacidade de absorver a água distante do subsolo.

É decantada sua resistência à estiagem, entretanto, muitas outras árvores também são famosas pela sombra tão cobiçada no verão, a exemplo da Quixabeira que em toda plenitude parece uma casa e são preferidas para longos descansos de viajantes a pé e de retirantes. Sua madeira possui propriedades medicinais muito usada contra pancadas e diabetes. O Sertão é uma universidade a céu aberto para quem tem coragem de estudar suas nuances. Sobre os seus frutos, a quixabeira produz as “quixabas”. Pequenas, esverdeadas no início e pretinhas depois, São adocicadas e leitosas; e assim como o joá, costumam fazer a festa dos caprinos. Bodes, cabritos e cabras costumam escalar tronco e galhos na luta pela sobrevivência. Ê Sertão!...

JUAZEIRO (CRÉDITO: LUIZ CARLOS CARDOSO BILL).