O BACORINHO DE ZÉ PANTA Clerisvaldo B. Chagas, 5 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.859 Você já viu a...

 

O BACORINHO DE ZÉ PANTA

Clerisvaldo B. Chagas, 5 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.859


Você já viu alguém criar porco em apartamento? Um gatinho, um cachorro mimoso... Ainda vai, mas um porco para arrebentar com tudo é coisa que parece mentira. Pois o caso aconteceu há muito em Maceió. O funcionário público do antigo Departamento Nacional de Estrada de Rodagem – DNER – moreno de mais de dois metros de altura, gaiato e tocador de violão, Zé Panta, sentiu-se grato pela passagem de um engenheiro residente na unidade de Santana do Ipanema. O querido engenheiro quando deixou Santana foi residir em Maceió. Planejando levar um presente para o homem cheio de bondades, Zé Panta comprou um bacorinho (porco ainda novo), boto-o debaixo do braço e partiu para a capital. A trajetória do tocador de violão foi repleta de histórias engraçadas até mesmo em ações somente para adultos.

Vamos interromper a história do bacorinho para dizer que certa feita Zé Panta foi enganado por um vendedor de mel falsificado na esquina da Feira do Passarinho, em Maceió. Quando descobriu que o produto era apenas água com açúcar, resolveu voltar ao local uma semana depois. O vendedor de mel estava no mesmo lugar fazendo sua propaganda. Ao notar a aproximação daquele homem gigante, tentou correr, mas não daria tempo carregar com ele a banquinha de madeira com vários litros do hodromel. Sendo assim, resolveu solucionar o problema com brincadeira.  Gaiato contra gaiato. Zé Panta fez cara de mau e indagou: “Qual foi a abelha que fabricou esse mel?”. E o vendilhão esperto: “Tá falando com ela!”. E bateu no peito. Como os semelhantes se entendem, o final resultou em gargalhadas.

Pois bem, voltando ao caso do porco, Panta chegou ao apartamento do engenheiro, cujo encontro foi uma festa. Apresentado o porquinho, o doutor agradeceu, mas alegou que não podia aceitar o presente porque não tinha onde colocar o bichinho. Estressado, o animal grunhia alto chamando a atenção de todos por ali. Um barulho dos seiscentos diabos! Diante do ajuntamento da vizinhança e a recusa do ex-chefe, Zé Panta se despediu. Quando o engenheiro tentou fechar a porta, Panta agiu com rapidez e jogou o bacorinho dentro do apartamento dizendo e correndo: “Presente para vossa senhoria!”. O pega-pega e a quebradeira que houve dentro do apartamento arrumadinho, fica por conta do leitor internauta.

Arre!

 

  PESCAR PESCANDO Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.858   Quando o “Velho C...

 

PESCAR PESCANDO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.858



 

Quando o “Velho Chico”, aumenta suas águas no baixo São Francisco, as águas invadem as margens e inundam as várzeas que se transformam em lagoas. Quando essas várzeas estão secas, servem para o criatório e para o plantio. São as lagoas formadas pelo rio, berçários e criatórios de peixe que povoam o caudal. Na Geografia do saudoso prof. Ivan Fernandes, ele faz citações a essas lagoas. Já no meu livro “Repensando a Geografia de Alagoas”, ainda inédito, eu falo o nome de praticamente todas as lagoas do Baixo São Francisco desde Pão de Açúcar a Penedo, acompanhado de foto de lagoa em São Brás. Essas lagoas vêm sendo prejudicadas por inúmeros fatores após as hidrelétricas, fazendo com a pesca seja quase extinta na região.

A boa notícia é que pesquisadores estão tentando resolver o problema a partir de uma lagoa do município de São Brás. Diz a reportagem que os estudos foram aprovados pela CODEVASF e poderá resolver o caso complexo de povoamento de peixes no São Francisco revigorando a tão antiga atividade pesqueira. Foi pena a reportagem não citar o nome da lagoa do plano piloto, apesar da extensa matéria apresentada. O escritor santanense, Oscar Silva, já falava sobre o entusiasmo da sua avó “Zifina”, morando em Santana e lembrando de Pão de Açúcar, sua terra, sobre as xiras gordas das lagoas marginais do São Francisco. Xiras essas chamadas de “bambás”, aqui no rio Ipanema. Peixe bom e de fácil remoção de espinhas.

Quem sabe o drama dos pescadores e do povo ribeirinho do São Francisco, há de torcer muito para que o projeto com apoio da CODEVASF, seja repleto de êxito. Uma exportação de sucesso para todas as bacias hidrográficas do Brasil. O tema é excelente para se voltar ao turismo interno alagoano, visitar e se encantar com São Braz e Pão de Açúcar; lugares esses que sempre se deseja passar semanas na visita de um dia. São Braz não fica longe de Arapiraca e Pão de Açúcar é bem ali em relação a Santana do Ipanema. Apesar das comunicações de lagoas com o rio, o que seria chamado de laguna, segue, entretanto, a denominação popular. Afinal de contas, tanto faz chamar laguna ou lagoa, o importante é que tenha saborosos peixes para deixar o bucho tinindo de satisfação.

PÃO DE AÇÚCAR

 

  FORÇA DE VONTADE Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.857   O farinheiro Val...

 

FORÇA DE VONTADE

Clerisvaldo B. Chagas, 3 de abril de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.857

 



O farinheiro Valdemar Camilo, quase vizinho à nossa casa, nunca me chamou pelo nome na minha vida de adolescente e rapaz. Sempre me chamava de Pedro Melo. Quando parava um pouco diante de mim, exclamava: “Mais parece com Pedro Melo!” E assim jamais deixou de me cumprimentar por esse nome. Procurei, então saber quem era esse tal Pedro Melo. Havia sido um comerciante que negociava na Rua Barão do Rio Branco, no trecho chamado “os armazéns”, em Santana do Ipanema. Tudo indica, então, que era um comerciante de cereais e bastante conhecido na região. Mas esse comerciante não residia mais em Santana e assim não pude conhecê-lo. Sobre suas atividades profissionais, dissera a meu pai que também era comerciante, acho que em uma visita a terrinha.

“Cresci muito em Santana, mas cheguei a um ponto que não tive mais como crescer por causa do limite da ‘praça’. E como se falava muito bem do Recife, fui para lá. De fato, fui expandindo o meu negócio, mas também Recife ficou pequena para mim. Resolvi partir para São Paulo. Aí sim, encontrei um mundo ilimitado para as minhas atividades e até hoje ali permaneço sem nunca alcançar o teto”. Esse depoimento a meu pai, sempre me impressionou. Foi assim que resolvi mais uma vez falar sobre o caso e o homem querido por todos, progressista com visão de futuro e força de vontade. Um exemplo santanense a ser seguido, mas que sua trajetória ficou no anonimato; e homens dessa envergadura não podem permanecer na obscuridade.

O antigo corredor de armazéns de cereais e que foi apelidado por nós no Jornal do Sertão, de “Corredor do Aperto”, pelos constantes engarrafamento do trânsito, hoje é comércio variadíssimo. Não tem mais cereais. É trecho da Avenida Barão do Rio Branco, mas ainda não deixou de ser o Corredor do Aperto. Bem assim a força de vontade humana é coisa muito importante não só para persistir e desenvolver no comércio, mas em todas as ações da existência. Uma das piores coisas que atinge a pessoa é o desânimo. A força de vontade vem corrigir essa lacuna. Entretanto é bom o reconhecimento também dos méritos alheios que sem querer fabrica empregos e exemplos coruscantes que devem ser seguidos.

Viva a força de vontade! Viva quem tem visão de futuro!