SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
FALA FRANCÊS? Clerisvaldo B. Chagas, 17 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.865 Sou do tempo de transi...
FALA
FRANCÊS?
Clerisvaldo
B. Chagas, 17 de abril de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.865
Sou
do tempo de transição da moda francesa para a moda inglesa. Essa moda francesa
que predominou no Brasil desde o tempo de Santana Vila até os meados do século
XX. Santana do Ipanema era um exemplo disso. Falar francês e importar da França
era sinal de riqueza e prestígio. Na minha terra, o coronel Manoel Rodrigues da
Rocha equipava seus “sobradões” do comércio com importações francesas, a
exemplo do prédio de 10 andar onde morou e depois foi biblioteca
pública, com a estátua do deus mercúrio (do comércio) no frontispício, ainda
hoje exposta no mesmo lugar. Veio da França. Depois, sua residência definitiva
no sobrado do comércio, abaixo do primeiro, havia piano, espelho e me parece
também vidros das janelas do primeiro 10 andar.
No
Ginásio Santana, escola cenecista, estudávamos francês com a educada e ótima
professora, Eunice Aquino que fazia biquinho para pronunciar o sim francês:
oui. Foi, então que o modismo francês começou a virar para o inglês. A
primeira matéria foi extinta e esquecida e o inglês passou a reinar na escola e
em tudo. Até mesmo o Latim, difícil e divertido com o padre Luiz Cirilo da
Silva, desapareceu do currículo. Acho que da França só não vinha imagens de
santos que eram importadas de Portugal. E daqueles momentos franceses, ficaram
apenas na memória, a professora Eunice, em Santana do Ipanema e o professor
“Juju”, o melhor da época em Maceió. Mais fácil de aprender pela mesma raiz
latina do Português, ela nos encantava nas belas melodias francesas que
arrepiava o corpo e a alma, com ainda hoje faz.
Estamos
ainda na primeira fase do século XX e podemos constatar ainda em Santana do
Ipanema, os velhos casarões mais afamados do Centro, abandonados como sítios
arqueológicos cujo mato em torno faz cortina para o invisível. E se há estilo
ou toque arquitetônico que lembre a França, objetos do interior, nada falam,
nada dizem de um passado faustoso de essência francesa. Tudo isso faz pensar na
tradição oral da cidade; os hábitos de um comerciante e prefeito dos anos 20:
ficava esgaravatando as unhas na calçada do seu estabelecimento. Ao passar uma
senhorita, perguntava quem era ela. Após receber resposta dos amigos da roda,
fazia gesto com o polegar e o indicador e indagava: “Fala francês?” Numa alusão
clara em saber se a mulher era rica. E
por hoje, chaga de francês!
Casarão
do deus Mercúrio em Santana do Ipanema (Foto: livro 230/B Chagas)
CALÇANDO E ESTUDANDO Clerisvaldo B. Chagas, 14 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.864 Duas boas n...
CALÇANDO E ESTUDANDO
Clerisvaldo B. Chagas, 14 de abril de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.864
Duas
boas notícias para Alagoas e particularmente para a cidade de Batalha. É que os
incentivos fiscais do estado atraíram a Indústria calçadeira Beira Rio, com sede
no Rio Grande do Sul e que estuda a possibilidade real de instalar uma das suas
unidades em nosso estado. Vivendo e convivendo em Maceió, ouvíamos
constantemente de empregados de empresas urbanas, a necessidade forte e urgente
de mais empregos na capital, ocasião em que propostas de outros estados e de
vários países convidavam alagoanos para trabalho em suas empresas. Portanto,
atualmente vivendo no interior não sabemos avaliar a situação empregatícia da
capital, mas não deixa de ser uma grande notícia a implantação de uma indústria
de calçados nessas plagas.
Por
outro lado, o anúncio do governo da implantação do IFAL – Instituto Federal de
Alagoas – no município de Batalha, ainda no próximo mês de dezembro, é outra
notícia auspiciosa para Batalha, Bacia Leiteira em geral e médio Sertão,
principalmente. O interior já sofreu demais com problemas da Educação por falta
de escolas. Lembramos que, em Santana do Ipanema mesmo, alunos só tinham
direito ao estudo até a 80 série, em curso de Escola Cenecista.
Somente em 1964, foi implantado uma escola pública e que iria funcionar com o
hoje Curso Médio. Antes disso, os estudantes que terminavam a oitava série, ou
iam para Contabilidade paga, abandonavam os estudos ou partiam para Maceió ou
Recife, penosamente falando.
Atualmente
Santana do Ipanema possui muitos cursos superiores distribuídos entre IFAL, UNEAL
e UFAL, mesmo assim, continua carentes em vários outros cursos como Advocacia,
Odontologia e Medicina, mas não vemos interesse nenhum das autoridades locais
em lutar para libertar o povo do cabresto político. E olhe que é muito triste
observar um município vizinho se desenvolvendo a olhos vistos e o seu próprio município
montado na mesmice que cisca, cisca tal qual os galináceos e não sai do lugar.
Tudo baseado no feijão-com-arroz e que a boa vontade ou ignorância de futuro,
não passa de coroa-de-frade e mandacarus.
Triste
interior que ainda se contenta com migalhas.
Salvando
Arapiraca o resto é lentidão.
ASPECTO
PARCIAL DE MACEIÓ (FOTO: B. CHAGAS).
NO COLÉGIO ESTADUAL Clerisvaldo B. Chagas, 13 de abril de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.863 Estudando pa...
NO
COLÉGIO ESTADUAL
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de abril de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.863
Estudando
para relançamento dos “Canoeiros do Ipanema”, documentário, na Escola Estadual
Prof. Mileno Ferreira da Silva, no próximo dia 19, pela manhã. Missão prazerosa
em mostrar para alunos, professores e demais funcionários, esse episódio dos
canoeiros que a nova geração ignora. Muito bom voltar ao lugar onde iniciei
minha carreira profissional no Magistério e onde fui o primeiro diretor eleito,
pela unidade. Assim aproveito também para rever o mundo do meu trabalho por
tantos anos na vida. Já no dia seguinte,
estarei, se Deus quiser, na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão
(Cepinha), para uma palestra sobre Santana do Ipanema e também relançamento dos
Canoeiros para aquela plêiade da educação.
Na
Escola Estadual, contaremos com o diretor Fábio Campos, escritor e prefaciador do
nosso documentário. E no Cepinha, contaremos com o assessoramento do prof. e escritor
Marcello Fausto, perito nos preparos de slides para palestrantes. E se numa
escola iniciei minha carreira, no Cepinha eu a encerrei, mesmo faltando alguma
coisa burocrata para a aposentadoria. E para falar sobre a história de Santana,
precisamos saber se o tema é o miolo da história ou suas periferias (episódios
relevantes, que escapam dos escritos). Os canoeiros, por exemplo ficaram na
periferia e só agora os estamos resgatando, assim como as indústrias
calçadeiras e os curtumes santanense, também resgatados agora com o título de “Santana:
Reino do Couro e da Sola” e episódios da histórica “Igrejinha das Tocaias”.
Tudo será desdobrado em nossas palestras dependendo do interesse das plateias.
E
lá vai eu descobrir onde estão as fotos antigas, tempos em que só contávamos
com o lambe-lambe para comprovar os textos. A da segunda cheia de Santana,
1960, canoeiros atravessando em canoas uma camioneta, vencendo o riacho
Camoxinga, as pontes de madeira que eram levadas pelas cheias e multidão
contemplando os estragos em 1915, a primeira ponte de cimento sobre o afluente
do Ipanema em 1947, a margem direita do rio completamente desabitada, O grande
poço do Juá que servia de cenários para os navegantes da época ou as últimas
casas da Avenida Barão do Rio Branco início das aventuras fluviais dos heróis do
Ipanema.
COLÉGIO
ESTADUAL, INAUGURADO EM 1964 (FOTO: LIVRO 230, B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.