SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
NO ALTO SERTAO (III) Clerisvaldo B. Chagas, 11 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.883 Penetramos p...
NO
ALTO SERTAO (III)
Clerisvaldo
B. Chagas, 11 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.883
Penetramos
pela estrada de terra ladeada pelo verdume da caatinga. Vez em quando, um
barreiro, uma baraúna inclinada, árvores outras, destacando-se por cima dos
arbustos. E, finalmente, o povoado Tapuio, completamente diferente daquele que
conhecemos há 20 anos. Lugar pequeno, humilde, limpo e ensolarado que nos
deixou com vontade de passarmos uma semana por ali. Fomos pedir informações e,
coincidentemente, o informante, empresário no Tapuio disse: “Professor
Clerisvaldo, fui aluno do senhor no Colégio Estadual”. Pense na alegria! Aí
ficamos por um bom tempo. E enquanto meus companheiros tomavam uma geladinha,
fui à casa da devota do padre Cícero colher seu depoimento e fotografá-la. A
senhora de 80 anos estava rezando o rosário da Mãe de Deus e me recebeu com
profunda euforia pelo nome de Cícero Romão.
Após
todos os procedimentos preliminares, registrei a graça alcançada em 1985,
diante de um drama pesado de vida ou morte. Retornei aos companheiros e melhor
pude apreciar o povoado que tem agora uma quadra esportiva lá no final da rua
principal. Ouvimos relatos sobre a educação no Tapuio e o destaque na avaliação
nacional. Elogios aos trabalhos no Ensino ao prefeito Valmiro e as grandezas
das festas com bandas famosas acontecidas no povoado.
Surgiu
um rapaz de Santana do Ipanema que morava ali e a alegria foi redobrada com
generosos convites para voltarmos ao Tapuio com promessas de vários petiscos
exóticos da região. Finalmente partimos de volta à terrinha e nos deparamos com
uma chuvada fina na BR-316.
Temos em vista ainda duas incursões
possíveis por dois sítios rurais de Santana do Ipanema, contudo, não depende de
nós. E sem nenhum agendamento para a cidade de Poço das Trincheiras, passamos
direto pelo acesso que leva até o antigo Olho d’Água da Cruz. As majestosas
serras do Poço e da Caiçara continuam sendo grandes atrações, juntamente com
esse verde maravilhoso que faz cenário de matizes na vegetação de caatinga. Dia
abençoado por Deus, de tão bom.
Orgulho
em ser sertanejo!
CARTAZ
DE FESTA NO TAPUIO (CRÉDITO: PREFEITURA
POÇO)
NO ALTO SERTÃO (II) Clerisvaldo B. Chagas, 10 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.882 Adentramos à ...
NO
ALTO SERTÃO (II)
Clerisvaldo
B. Chagas, 10 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.882
Adentramos
à cidade de Maravilha, geograficamente um brejo de pé de serra e logo notamos a
expansão e modernização da cidade. Um antigo
açude de minação que havia já na saída para Ouro Branco, estava todo urbanizado
e se tornara um sofisticado ponto de encontro. E ali estava sua relíquia
máxima: a serra da Caiçara, imponente, com seus mais de 800 metros, ponto
turístico e hoje transformada em Reserva Ambiental. Muitas chácaras lá para
cima, inclusive naquele momento iria haver uma reunião política em uma delas.
Fomos direto a uma casa recuada do ex-prefeito, vice-prefeito e atual candidato
a vice, Luizinho, que nos estava esperando para conversar. Uma figura ímpar, bem
humorada e que fora meu aluno Conversas e mais conversas agradáveis, cervejinha
para que ainda bebia e altíssimos
elogio do ex-prefeito à minha pessoa como professor e como escritor, o que me
deixou sem chão.
Quando
dali saímos contemplamos as estátuas de mastodontes distribuídas pela cidade,
mas não procuramos o museu local onde estão abrigados fósseis daqueles animais
encontrados nas pesquisas e escavações no município. Tiramos direto para o
povoado Tapuio, pertencente ao município de Poço das Trincheiras com acesso
pela BR-316. Ao passarmos nas imediações de uma estrada de terra que corta
caminho para Maravilha, entre Maravilha e Poço, veio a lembrança da indagação
que fiz ao nosso entrevistado de Ouro Branco com seus 86 anos. A estrada que
corta caminho se chama Maria Morena. “Vamos por Maria Morena que a estrada está
boa”, etc. E com tanta curiosidade sobre essa denominação (por ande tanto
rodamos) eu achava charmoso o título Maria Morena, tanto que coloquei o nome de
uma personagem de um dos meus romances de Maria Morena.
E
com mais de 20 anos de curiosidade que estava já perdida, resolvi indagar e o
nosso romeiro explicou: “Maria Morena era mulher alta, forte e bem morena que
vendia cocada naquele trecho da BR-316”. Naturalmente tinha seu rancho na
estrada de terra que lhe perpetuou a homenagem. Como é bom pesquisar!
Já
era muito mais de meio-dia quando chegamos ao acesso do Povoado pocense,
Tapuio. Uma estrada de terra de cerca de 5 km de distância da pista ao povoado.
Amanhã:
No alto Sertão (III). Final da série.
A IMPONENTE SERRA DA CAIÇARA, VENDO-SE
ASPECTO DE MARAVILHA.
FOTO: MARCELLO FAUSTO
NO ALTO SERTÃO (I) Clerisvaldo B. Chagas,9 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.881 Sábado próximo p...
NO
ALTO SERTÃO (I)
Clerisvaldo
B. Chagas,9 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.881
Sábado
próximo passado, ainda “não tinha caído a ficha” à nossa recepção do dia
anterior na Escola Estadual Prof. Aloísio Ernande Brandão (CEPINHA), quando
partimos para o alto Sertão das Alagoas. Há mais de vinte anos tínhamos andado
por aquelas bandas e que nem asfalto havia entre Maravilha e Ouro Branco. Acompanhado
pelo escritor Marcello Fausto e Iran Siqueira, fomos direto coletar graças
alcançadas através do padre Cícero para o livro “100 milagres Nordestinos –
Inéditos”. Tempo agradabilíssimo em todos os lugares, temperatura amena, mato
verde geral em nossa área de atuação. Passamos pelas cidades de Maravilha e
Ouro Branco, um professor e escritor desta última nos serviu de guia até a
chácara da pessoa procurada, no Sítio Serrotinho, imediações da urbe.
Ficamos
felizes por encontrarmos grande expansão do casario e modernidade visível, nos
chamando atenção a igreja reformada que ficou um “verdadeiro brinco”. Não deu
para visitarmos a escola em que fui um dos fundadores, vice-diretor e professor
por cerca de quatro anos. E partimos para a chácara, onde encontramos o grande
devoto do padre Cícero, que sempre vai a pé ao Juazeiro todos os anos, desde a
sua juventude. Hoje, com 86 de idade, o nosso amigo sabe tudo sobre Ouro
Branco. Natureza verde, partido de palma para o gado, cão na corrente no oitão da casa,
couro antigo de raposa enrolado à parede e um banco pela-porco no alpendre, coisa
que me deixou maravilhado e que ali fiz questão de me sentar, recusando cadeira
moderna para também usufruir daquele objeto rude de craibeira confeccionado há
63 anos.
Anotamos
duas boas narrativas, agradecemos e retornamos à cidade de Ouro Branco, após
vários casos contados e ouvidos com atenção pela nossa equipe. Mais uma vez
apreciando a geografia do lugar composto de areia branca, lajeados, e que
possui o lajeiro- mor, ponto turístico preservado. Lanche e pneu na estrada
rumo de volta, fomos dar em Maravilha, onde tanto passei meia-noite de volta as
idas constantes às aulas em Ouro Branco. Nada pagava meu retorno ao alto
Sertão, nada. A paisagem sertaneja que sempre me cativava desde criança,
continuava exercendo em mim um fascínio sobrenatural diante da Geografia Divina.
Continuaremos
amanhã esta série de 03 crônicas sobre o alto Sertão. Participe conosco.
IGREJA
(FOTO: B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.