SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
COMO REGISTRAR? Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.895 Não havia negócio...
COMO
REGISTRAR?
Clerisvaldo
B. Chagas, 31 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.895
Não
havia negócio de celular. As máquinas de fotografias eram raras e marcas “Kodak”.
E na década de 60 tínhamos somente na cidade os fotógrafos fixos profissionais,
“Seu Antônio”, que atuava no início da calçada alta da Ponte do Padre e “Seu
Zezinho”, que residia e trabalhava também em casa, na Rua Nova. Eram os “Fotos
Sport” e o “Foto Fiel”. Afora esses dois
profissionais que depois se mudaram para a Avenida Coronel Lucena, a mais
importante da urbe, só havia os lambe-lambes, que ficavam na porta da Matriz de
Senhora Santana. A rotina de todos era praticamente a mesma, embora os
lambe-lambes atuassem mais em dia de feira, aos sábados. A rotina era: fotos de casamento, batizado e
3/4 para documentos. Era uma raridade convite para uma inauguração, uma praça,
uma outra coisa de grande magnitude. Logo, material fotográfico era raro e
caro. E assim muitas cenas e coisas
importantes deixaram de ser registradas através da fotografia.
Quando
o padre Delorizano botou para correr os fotógrafos tipo lambe-lambe da porta da
Igreja, eles (eram mais ou menos meia dúzia), não se adaptaram na feira em
outro lugar: migraram, deixaram a profissão, desapareceram. Não havia mais
ninguém para fotografar no interior da Matriz, casamentos, batizados, 10 Comunhão...
O ato do padre, certo ou errado, representou a morte dessa etapa da fotografia
em Santana do Ipanema. Dos dois fotógrafos fixos, um foi embora e outro morreu.
E quantas e quantas coisas extraordinárias da evolução da terra deixaram de ser
fotografadas para as futuras gerações! Também nunca vimos nenhum artista
pintando a óleo cenas do cotidiano santanense. Escritor era coisa rara e se
havia morava fora.
Falar
nisso, recebi mensagem de pesquisador de uma cidade pernambucana perguntando se
eu tinha foto do padre Francisco Correia, um dos fundadores de Santana do
Ipanema e que foi homenageado na escola mais tradicional da cidade, antigo
Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Nada de foto, nada de retrato a óleo o
que era mais evidente no tempo do padre. Portanto, vamo-nos contentando com
cerca de uma dúzia ou um pouco mais, de fotografia antigas da nossa terra e que
são raras e domínio público. E quando falo antigas, são da época de 1920 a
1950, mais ou menos em torno disso.
FOTÓGRAFO
LAMBE-LAMBE (FOTO: GUILHERME MARANHÃO)
GEO DAS VEIAS E CAPILARES Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.894 Para meu ...
GEO DAS VEIAS E CAPILARES
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.894
Para
meu ex-professor de Geografia José Pinto de Araújo
Uma
bacia hidrográfica é formada por um rio principal, seus afluentes e
subafluentes. Graças a esse sistema natural o nordestino resistiu durante
séculos aos efeitos das estiagens e estiagens prolongadas, denominadas “secas”.
Os caminhos desses cursos d’água, maiores, menores e minúsculos, mitigaram a
sede do povo sertanejo com água corrente, água empoçada e suas reservas
freáticas em processos de cacimbas, cacimbões e poços artesianos. Na mesma
estrutura, bebia os diversos tipos de gado que alimentavam o homem. No período
de estiagem formavam-se as várzeas, chamadas no sertão de vazantes ou baixios
que são partes muito baixas do relevo local, banhadas imediatamente pelos
riachos, rios e riachinhos.
Essas
partes baixas, são fertilizadas por esses cursos d’água, que fazem nascer o
pasto que permitem o sustento e a engorda de ovinos, caprinos, bovinos e aves
que procuram bichinhos, além de ser lugar de refrigério. E se formos
particularizar os sertões nordestinos, focaremos o município de Santana do
Ipanema. A bacia do rio Ipanema recebe diretamente seus afluentes em todas as
regiões do município e indiretamente acolhem todos seus subafluentes e todos os
outros filhotes de riachos. A título de ilustrações vejam nomes populares dos
que mais aparecem. Do Oeste para Leste: Mocambo, Salobinho, Tigre, Camoxinga
Salgadinho, João Gomes, Bode e Gravatá.
O
Mocambo é interestadual e escorre no sítio do mesmo nome, vindo do
Poço das Trincheiras. O Salobinho vem das imediações do sítio Baixa do
Tamanduá, banha o sítio Salobinho e tem sua foz no bairro Barragem. O riacho Tigre,
é montanhoso do Maciço de Santana do Ipanema, despeja no riacho Camoxinga
e este cruza a cidade, divide o bairro topônimo, do Comércio e despeja sobre a
Ponte do Padre, no Poço do Juá O riacho Salgadinho nasce na Reserva
Tocaia, divide os bairros Domingos Acácio e o antigo Floresta e tem sua foz
também no poço do Juá. O João Gomes vem do município santanense e do
município de Carneiros contorna a cidade e tem sua foz no sítio Barra do João
Gomes. O bode vem das imediações da serra da Camonga (que faz parte do
maciço de Santana) e deságua no Bairro Bebedouro. E por fim, o riacho Gravatá
vem de Pernambuco e banha vários sítios entre a serra do Gugi e a serra da
Lagoa, tendo a foz no Ipanema. Cada um tem sua geografia própria e um histórico
de bravura e ocupação humana.
São
veias, artérias e capilares da bacia do Ipanema.
TRECHO
DO RIACHO TIGRE (FOTO: BIANCA CHAGAS).
DEGLUTINDO AS ZONAS Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.893 Estive no loc...
DEGLUTINDO AS ZONAS
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de maio de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.893
Estive
no local dos antigos sítios rurais Cipó e Curral do Meio (I). E este sítio é
classificado como Curral do Meio (I), porque existe outro Curral do Meio mais
afastado da cidade, o que naturalmente ficaria com o título de Curral do Meio
(II). O antigo sítio Cipó, era paralelo a AL-130, saída da cidade para Olho
d’Água das Flores. Início da estrada que leva até o sítio Sementeira, propriedade
do governo transformada em reserva. O sítio Curral do Meio (I), era
imediatamente ligado ao anterior. Acontece que a cidade se expandiu também para
o leste e engoliu as terras do lugar erguendo residências e casas comerciais.
Cipó passou a fazer parte do perímetro urbano. Perdeu o nome que desaparece na
mente das pessoas.
Brevemente
o seu vizinho Curral do Meio (I), também seguirá o mesmo destino do Cipó e,
aquelas árvores nativas e frondosas que ali existem desaparecerão com ele. Digo
mais, após o englobamento do Curral do Meio (I), as imediações da Reserva Sementeira,
também será zona urbana; inclusive já está muito habitada e com casas bem
modernas. Nesse momento não nos cabe
avaliar vantagens e desvantagens do fenômeno urbano. Apenas estamos registrando
coisas da história e da geografia da cidade que ninguém registra. Perdem-se as
origens de sítios e de bairros. No outro lado da cidade, ainda não aconteceu o
avanço na tomada do sítio Tocaias, por causa da Reserva Tocaia e sua vizinha
fazenda Coqueiros, mas não sabemos até quando durará a resistência rural em um
bairro (Floresta) que não para de se expandir.
Vizinho
ao antigo Cipó, por um lado, formou-se com rapidez o Bairro Santo Antônio, nas
faldas do serrote do Gonçalinho, do outro, o bairro do antigo Loteamento
Colorado. Antes e colado ao Cipó: posto de gasolina, restaurante, bares,
churrascaria, curso superior...
Estabelecimentos estes que atestam a expansão da cidade ali na saída
para Olho d’Água das Flores, com as benesses da AL-130. Isso também prova que
basta haver um loteamento em qualquer tipo de terreno que o estiramento é
certo. Porém, empreendimentos isolados como posto de gasolina, churrascaria,
pousada, posto de saúde, escola... Atraem residências e negócios
multiplicadores que ajudam a povoar áreas, antes impensáveis e desvalorizadas.
TELHADOS
DO BAIRRO SANTO ANTÔNIO, VISTO DA AL-130. NOTE SUA LOCALIZAÇÃO NAS FALDAS DO
SERROTE (FOTO: ÂNGELO RODRIGUES, ARQUIVO B.CHAGAS)..

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.