SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
POÇO DAS TRINCHEIRAS Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.913 O município...
POÇO DAS TRINCHEIRAS
Clerisvaldo B. Chagas, 26 de junho de 2023
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica:
2.913
O município de Poço das Trincheiras estar
localizado no Médio Sertão Alagoano. Seu núcleo é a cidade mais próxima de
Santana do Ipanema com aproximadamente 6 km de distância entre ambas. Tem como
acidente geográfico importantes, o rio Ipanema, como primeiro município de
Alagoas a recebê-lo. A recepção acontece
no povoado Tapera, onde logo ao entrar em nosso estado, o Ipanema recebe também
de Pernambuco, pela margem direita, o riacho Tapera (vindo de Itaíba). Entre outras, a montanha chamada serra do
Poço faz parte do belo cenário serrano. Poço das Trincheiras teve sua
emancipação política de Santana do Ipanema em 15 de julho de 1958 e, tem como
padroeiro, o Mártir São Sebastião que é muito comemorado em 20 de janeiro. É um
dos poucos municípios do sertão que tem homenagem tradicional aos Santos Reis,
anualmente e com festa gigante.
Suas terras são bastantes férteis e se
prestaram desde os primórdios à criação de rebanhos bovinos, instituindo
latifúndios e latifundiários poderosos que atuaram na política como “coronéis”.
Mas na sua economia agrícola estão o feijão, o milho, a mandioca e a palma
forrageira. Sua população tem mais de 15 mil habitantes e a formação vem dos
tempos dos holandeses, quando uma holandesa filha de um fidalgo desterrado da
Holanda, foi ali morar. Antes o lugarejo era chamado Olho d’Água de Cruz e
passou a Poço por conta de uma trincheira de pedra num poço da cidade para
defesa contra um possível ataque dos célebres “irmãos morais”, de Palmeira dos
Índios, filhos de padre e que viraram bandoleiros. A cidade é limpa, típica e arrumada com a
fama dita pelo povo: “Na cidade tudo funciona”.
Povoados importantes ornam as terras de Poço
das Trincheiras, entre eles: Quandu, Tapuio e metade fronteiriça de Pedra
d’Água dos Alexandre. Se as atrações turísticas naturais não são em grande
quantidade, mas os três gigantescos festejos, Emancipação, Padroeiro e Santos
Reis, atraem gente de todos os quadrantes do estado e além fronteiras. Os
habitantes pocense estão dispostos a recepcionar os visitantes com brilho e
alegria. Chegar ao Poço das Trincheiras, para quem vem da capital, é bastante
afastar-se um pouco de Santana do Ipanema, pela BR-316, rumo ao Alto Sertão e
logo, logo encontrará à direita o acesso asfáltico à cidade do Poço.
Seja bem-vindo.
POÇO VISTO DO ALTO, INCLUINDO O RIO TEMPORÁRIO IPANEMA
(FOTO: (PREFEITURA LOCAL).
FESTA, FESTA EM JARASERTÃO Clerisvaldo B. Chagas, 23 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.912 Podem...
FESTA,
FESTA EM JARASERTÃO
Clerisvaldo
B. Chagas, 23 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.912
Podemos
afirmar sem nenhum erro que o acontecimento do último dia 20 em Jaramataia,
porta do Sertão pela AL-120, é uma vitória antecipada de um dos maiores feitos
rodoviários de Alagoas em todos os tempos. Independente de política e de nomes
(estamos fora disso). Duplicar uma rodovia que vai da capital aos confins do
Sertão, é de fato, uma epopeia em todas as áreas, mas estamos em defesa da
Geografia da terra. Litoral, Agreste, Sertão e Alto Sertão, contemplados ao
mesmo tempo com o conforto de uma viagem espetacular, só nos faz lembrar os
feitos de Arnon de Melo (Maceió – Palmeira) ou Delmiro Gouveia (Delmiro-Palmeira-Garanhuns-Quebangulo)). E se hoje já é um sonho realizado trafegar do
Alto Sertão à capital, por via-asfáltica, em duas espinhas dorsais, imaginem
com uma delas duplicada!
Bom
sentido faz a euforia da população de Jaramataia, nessa inauguração do trecho
Arapiraca – Jaramataia e que continuará cortando a Bacia Leiteira, passando no
Entroncamento de Olho d’Água das Flores e rumando para Olho d’água do Casado
até Delmiro Gouveia. É certo que a duplicação não passa por Santana do Ipanema
que está na Espinha dorsal da BR-316, mas todos Sertão e Alto Sertão serão
beneficiados direta ou indiretamente. Por outro lado, o benefício desse ramal
passa em Arapiraca que, vindo de Maceió já passou em São Miguel dos Campos.
Muito mais segurança para os viajantes comuns, escoamento da produção e
turismo, uma poderosa alavanca de infraestrutura para escancarar as porteiras
do progresso.
Entretanto,
já ouvimos a ideia de governantes para a duplicação Maceió – Palmeira dos
Índios com possibilidade de esticar até Santana do Ipanema, e por que não? A
Palmeira – Maceió é muito estreita, asfaltada em 1953 e tem necessidade grande
dessa duplicação. E caso chegue até Santana do Ipanema é como se fosse a
primeira vez que esse trajeto recebeu asfalto. Nossos representantes deputados
federais e senadores não podem cochilar agora diante da boa vontade do novo
governo. Fazemos questão de frisar que caso isso aconteça, um trabalho de alta
qualidade é necessário nessas futuras obras e NÃO CARVÃO PREGADO COM CUSPE.
PARCIAL
DO AÇUDE DE JARAMATAIA, UM DOS MAIORES DO ESTADO (WIKIMAPIO).
O BODE Clerisvaldo B. Chagas, 22 de junho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.910 Atualmente está mais di...
O BODE
Clerisvaldo
B. Chagas, 22 de junho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.910
Atualmente
está mais difícil encontrar criatório de bode no médio Sertão de Alagoas. Bode
assado, bode guisado, nada de bode... São as opiniões do nosso povo nordestino.
E se no Médio Sertão, ele se tornou raridade, no Alto Sertão continua em
evidência. O bode (Capra hircus) está em moda na culinária nordestina. Sua
carne é enxuta, quase exótica, altamente nutritiva e sadia para todos os
viventes. Em entrevista feita por nós a um pequeno criador sobre o
desaparecimento do animal do Médio Sertão, ele nos falou: “O bode tem carne
pouca e dá muito trabalho. Veja que o bicho até trabalhar em circo, trabalha”.
É diferente do carneiro que tem muita carne e é fácil de manejo”.
Existe
muito preconceito contra o bode, até na Bíblia o bode é de esquerda e a ovelha
de direita. Muitas piadas são atribuídas aos atos sexuais do caprino, pois demora
a copular e fica muito tempo rodeando a cabra e “bodejando”. O macho possui
cavanhaque e quanto mais velho mais fede, devido sua urina na própria pelagem,
dizem. O bode maduro ou velho é chamado popularmente de “pai-de-chiqueiro”. E
todas as pessoas preferem comprar para consumo bodes e carneiros entre 13 a 15
quilos. Por outro lado, se o seu criatório
dá trabalho, mas é um animal resistente à seca e por isso tem a preferência
sobre outros gados no Alto Sertão onde a temperatura é muito alta. Quando
existe dificuldade de pasto, no período seco, o bode sai pela caatinga comendo
quase tudo que encontra, inclusive, casca de árvore. É por isso que se diz:
quanto mais seco o tempo, mas o bode é gordo.
A
cabra, fêmea do bode, antigamente produzia em torno de meio a um litro de
leite, diariamente. Hoje, devido a tantos melhoramentos genéticos já
impressiona com a quantidade. Dizem que é o melhor leite depois do leite
materno humano. Cabras têm abastecido hospitais com esse produto. E, finalmente
a famosa “buchada” que todos que apreciam o prato, dizem que é muito mais
saborosa do que a buchada de carneiro. Apesar de gente que torce a cara ao
falar em buchada, têm sujeitos no Sertão que andam uma légua (termo em voga = 6
km) a pé para comer essas entranhas de ovinos ou caprinos. E para finalizar,
uma quadra de famoso e saudoso cantor de forró:
“Eu faço uma buchada
De bucho de bode
Que o sujeito come tanto
Que mela o bigode...
O
COICE DO BODE, LIVRO DE HUMOR MAÇÔNICO 1993. (FOTO B. CHAGAS).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.