SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
PARICONHA Clerisvaldo B. Chagas, 17 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.928 Pariconha é uma cidade...
PARICONHA
Clerisvaldo
B. Chagas, 17 de julho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica:
2.928
Pariconha
é uma cidade montanhosa do semiárido alagoano. Fica nos confins do estado e
também faz divisa com Pernambuco. Podemos dizer que o município é muito novo
ainda, emancipado de Água Branca em 5/10/1989. Com um pouco mais de 10.000
habitantes, localiza-se a 360 metros de altitude, no Maciço de Mata Grande. Da
capital a Pariconha existe uma separação de 306 quilômetros, que podem ser vencidos
tantos pela BR-316, via Santana do Ipanema, quanto pela dorsal do estado, via
Arapiraca (sendo duplicada). O seu nome tem origem num ouricurizeiro, cujo
fruto possuía duas conhas (polpas). Daí o nome evoluiu para Pariconha e tem o
gentílico de pariconhenses.
É
certo que a cidade é pequena e muito nova, mas procura modernizar-se, coisa que
fez com a igreja local que é muita bonita. O município, devido ao clima
semiárido mais forte dos extremos do estado, destaca-se com as lavouras tradicionais
da região e a criação de gado miúdo, ou seja, caprino e ovino, mais resistentes
ao clima. Seus festejos mais em destaques são a festa da Emancipação e as
homenagens ao padroeiro, Sagrado Coração de Jesus. Pariconha, como antigo
povoado, já sofreu ataques, pelo menos três, de Virgulino Ferreira, antes de se
tornar Lampião e pertencente ao grupo dos Porcino (Lampião em Alagoas). Houve
episódios dramáticos, cujo delegado da época foi muito maltratado. Em busca de
pesquisas cangaceiras, essa região montanhosa é rica em narrativas e abrange
todas as cidades do Maciço.
Pariconha
limita-se ao Norte com Tacaratu (PE), ao Sul com Delmiro Gouveia, a Oeste com
Água Branca e a Oeste com Jatobá (PE). Isso supõe um intenso intercâmbio entre
essas cidades do extremo Oeste do estado, mas tendo como ponto de convergência
a cidade de Delmiro Gouveia, a maior do Alto Sertão. Ao conhecermos a região
serrana, ficaremos no mínimo, impressionados com as paisagens de altitude. Inclusive,
o pico mais alto de Alagoas está por ali em território de Mata Grande: é a
serra da Onça com 1.016 metros de altitude, isto é, tudo nas vizinhanças de
Pariconha. É sempre bom visitarmos regiões de altitudes, onde iremos encontrar
hábitos diferentes, belas paisagens e não raras vezes, animais e vegetais, com
características próprias do nicho.
Pariconha
lhe aguarda.
PARICONHA
(DIVULGAÇÃO).
ZUMBI NO IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 14 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.927 Eu ainda não ha...
ZUMBI
NO IPANEMA
Clerisvaldo
B. Chagas, 14 de julho de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.927
Eu
ainda não havia ingressado no Ginásio Santana, quando alunos daquele
Estabelecimento de Ensino, aproveitaram uma aula de história e montaram uma
peça teatral sobre o herói negro Zumbi dos Palmares. Deve ter sido um grande
sucesso, mas eu não me encontrava presente. Contudo, vi quando desceu do
Ginásio aquela turma de estudantes pretos de carvão em direção ao banho noturno
no rio Ipanema. O aluno Marcos, que fazia o papel de Zumbi, era muito alto,
trabalhava nos Correios e, parecia ainda comandar os comaradas fora do palco.
Desceram pela rua que antecede o Bairro São Pedro, onde havia a bodega de “Seu
Carrito”, e foram para os poços e cacimbas limpar a cara do pretume. Nossa! Até
à noite o Ipanema estava à disposição de quem dele precisava.
Quando
as lavadeiras do rio Ipanema denunciaram na delegacia que os machos estavam
tomando banho nus no poço dos Homens, o delegado civil José Ricardo, proibiu a
prática no poço. Os gaiatos da cidade, todos “filhos de papai”, vestiram-se com
terno e gravata e desceram para o poço dos Homens, conclamando a população para
os acompanharem ao banho. Não vi o movimento, mas sim a notícia. O certo é que
os rapazes mergulharam no poço dos Homens de terno e gravata, sim. A
repercussão humorística ganhou todos os quadrantes de Santana do Ipanema e não
faltavam risos frouxos na urbe. Foi terrível para o delegado. Não houve, porém,
nenhuma consequência danosa a qualquer das três partes envolvidas. Somente
comédia. Muita comédia!
Tudo
já foi contado por aqui. O Ipanema sempre abraçando e sendo o ponto de diversão
santanense. Foi por isso que o famoso e boêmio sapateiro “Tarde Fria”, correu
da polícia, por isso ou por aquilo, sendo perseguido de perto pelos policiais.
Tempo de inverno, Panema cheio, e a polícia pega-não-pega “Tarde Fria”. O sapateiro aprumou pelo Beco São Sebastião e
foi bater nas pedras lisas do poço dos Homens. Dali pulou com terno e tudo e a
polícia esbarrou na água. Na outra margem, surgiu o boêmio todo molhado e
deixando a água escorrer tenho abaixo. Acenou para os soldados e saiu cantando
para os lados onde morava: “Tarde Fria, sinto frio na alma, só você vem e me
acalma...”.
Ah!
Nunca é demais falar no rio Ipanema.
RIO
IPANEMA (FOTO: SÉRGIO CAMPOS).
SISAL – AGAVE Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.926 Agave é um gênero ...
SISAL – AGAVE
Clerisvaldo B. Chagas, 13 de julho de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.926
Agave
é um gênero de planta da subfamília Agavoideae, originária do México, Estado
Unidos, América Central e América do Sul. Aqui no Brasil, tem a Paraíba e a
Bahia, como grandes produtores. É planta, sim de região seca, fibrosa que nasce
em touceira arredondada, folhas duras e longas com espinhos fortes na pontas.
Aqui no sertão de Alagoas, chamamos o Sisal de Agave e. se tem alguma diferença
nunca notamos nada. Nem todos os lugares do nosso sertão produzem agave. É uma
planta que serve para fazer barbante, corda, tapete, sacos e artesanato. Uma
extensa plantação visa vender o produto para se fazer cordas, principalmente em
épocas que ainda não havia a corda sintética. Dizem que o México faz tequila
com o agave, mas nunca vimos falar nessa invenção em nossas plagas.
O
município de Senador Rui Palmeira, quando ainda estava em formação, se chamava
“Usina”, istó é, local de fazer corda, usina de fazer corda e cordão. A agave
tem a vantagem de ser plantada em larga escala, enquanto outras plantas
contribuem mais como espécies nativas coletoras. Somente conheci em Santana do Ipanema, uma
fabriqueta de corda a céu aberto, muito rudimentar e que se localizava no
Bairro Floresta, margem do Ipanema. Mas ao mesmo tempo em que falo sobre esse
tema, recordo da minha própria pessoa, montado numa cangalha de jegue, repleto
de produtos da roça em caçuás e trilhando pelos caminhos de barro vermelho do
roçado; tudo isso no sopé da serra Aguda. Sim, lembro que o tangedor do animal
se chamava Cololô, filho de Sérgio, nosso caseiro.
E
como já foi dito aqui sobre várias indústrias insipientes de nossa terra e do
sertão inteiro, os proprietários dependiam unicamente da própria sorte. Nada de
incentivo do poder público e, se havia algum incentivo de determinado “coronel”
era para tomar-lhes o pouco que possuíam. Vez em quando precisamos de uma corda
para colocar no punho da rede, um rolo de barbante... Mas que pena, estarmos
comprando produtos de outros estados e de outras Regiões Geográficas, porque
nunca houve a valorização pelo que é nosso. Já se fala (pesquisadores
brasileiros) em novos e surpreendentes produtos feitos com a agave.
E
agora José?
Morrer
na faca cega.
PLANTAÇÃO
DE SISAL – AGAVE (ROBSON DE ANDRADE SANTOS – WELLINGTON BRANDÃO).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.