SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
CARRO VOADOR Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023 Escritor Símbolo do sertão Alagoano Crônica: 2.934 Quando eu era rapaz...
CARRO VOADOR
Clerisvaldo B. Chagas, 25 de julho de 2023
Escritor Símbolo do sertão Alagoano
Crônica: 2.934
Quando
eu era rapazinho, um cidadão de fora colocou uma casa de aluguel de bicicletas
que funcionava no “prédio do meio da rua”. Ah! Isso era uma grande novidade
para a juventude que não tinha acesso à compra de uma bicicleta nova e, nem
sequer havia lugar de venda na cidade. Andar de bicicleta era coisa rara e
quase fantástica, assim como muitos e muitos anos depois, a irmã holandesa Letícia
usava esse veículo para se deslocar ao trabalho. Com o hábito de freira sem
nada atrapalhar, a irmã passeava de bicicleta com a maior desenvoltura chamando
atenção de todos os santanenses. Costume da Holanda posto em prática por aqui,
cuja população jamais vira uma freira naquelas condições. Os hábitos da irmã surpreendiam
até na hora de tomar um cafezinho sem açúcar.
Mas
voltando ao aluguel das bicicletas, pouco tempo depois, o cidadão daqueles
serviços deixou o “prédio do meio da rua” e mudou-se para um compartimento à
Rua Coronel Lucena, defronte ao chamado Beco de seu Abdon. Era uma beleza! O preço
do aluguel por uma hora era bastante razoável e cabia no bolso da meninada
sequiosa por algo novo em suas diversões, além dos jogos de ximbras, pinhões,
bola, gangorra, e banhos no rio Ipanema. Além do aluguel barato, o dono do
negócio era muito paciente e tranquilo, coisa que transmitia segurança. Era ele
mesmo quem consertava e ajustava as peças do veículo de duas rodas. Lembranças
vêm de um dos dentes da corrente que penetrou no meu dedão do pé e deu um
trabalho danado para sair.
Diante
do anúncio nacional em que a Embraer via iniciar sua fabricação de carro
voador, em São Paulo, fizemos uma comparação dos anos 60, no caso dos veículos.
E lá atrás cada carro diferente comprado por alguém da cidade, era notado de
pronto nessa urbe cujo tempo passava devagar. O carro de boi continuava em
evidência, o cavalo esquipador, o carro lustroso de praça, ou a sopa que fazia
o trajeto interior – capital. Até mesmo o famigerado “Zepelim” – balão dirigível
em forma de charuto – foi sucesso absoluto por aqui. Tudo isso sem contar com a
correria de adultos e adolescentes para contemplarem de perto os aviões tipos
teco-teco que aterrissavam no campo de aviação a 3 km do centro da cidade. Será
que a EMBRAER vai colocar em Santana do Ipanema, uma CASA DE ALUGUEL DE CARRO
VOADOR?
AVIÃO
TIPO TECO-TECO.
OURO BRANCO Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.933 Ouro Branco faz part...
OURO BRANCO
Clerisvaldo B. Chagas, 24 de julho de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.933
Ouro
Branco faz parte do Alto Sertão de Alagoas, cuja cidade mais próxima é
Maravilha e no mesmo roteiro. Como lugarejo era chamado de Olho d’Água do
Chicão ou simplesmente Chicão. Chicão progrediu com suas terras de areia
branca, enfrentou a diversidade do clima, virou povoado. O povoado evoluiu e se
emancipou de Santana do Ipanema, no dia 21 de junho de 1962. Ouro Branco está
situado a 380 metros de altitude e faz divisa com Canapi, Maravilha e
Pernambuco. Sua distância à capital corresponde a 241 km e tem acesso a partir
da BR-316. Seus habitantes são chamados de ouro-branquenses e, o título da
cidade, após Olho d’Água do Chicão, (povoado) passou a ser Ouro Branco devido a
sua produção de algodão, plantações bem adaptadas às suas terras brancas de sílicas.
Possui uma população um pouco mais de 11.000 habitantes.
O
padroeiro de Ouro Branco é Santo Antônio, celebrado no dia 13 de junho, em
torno da praça Siloé Tavares e na Igreja Matriz. Apesar do clima rigoroso do
semiárido e Alto Sertão, a cidade mostra-se progressista, aproveitando
sabiamente a sua topografia plana que se estende muito além do perímetro
urbano. Sua redondeza acha-se bastante habitada com chácaras e fazenda,
notadamente em direção a Pernambuco. O município é cortado pelo riacho
Capiazinho, afluente do rio Capiá, o mais importante do Alto Sertão. Ouro
Branco cria gado bovino, ovino e caprino e produz feijão, milho e ainda insiste
no produto que lhe deu o nome. Sua culinária é típica do Alto Sertão e o
turismo se deleita com o aspecto de planura branca e lajeado que a cerca.
Podemos afirmar que é uma bela cidade.
Quando
ainda era Chicão e Olho d’Água do Chicão, o lugar era frequentado por Virgulino
Ferreira (antes de ser o Lampião), mas atuando no bando dos Porcino. Gostava de
demorar por ali. Inclusive, houve tiroteio entre uma volante de voluntários de
Santana do Ipanema com o bando dos Porcino naquele lugar (Lampião em Alagoas).
Estando em Santana do Ipanema e querendo chegar até Águas Belas (PE), tanto
você ir “por dentro” (atalho por estrada de terra) ou indo por Maravilha, Ouro
Branco, por asfalto, e aí, na saída da cidade ouro-branquense, conectar-se à
rodovia que leva a Garanhuns. É muito prazeroso rodar pelo sertão de Ouro
Branco, tanto no inverno quanto no verão porque a paisagem verde ou crestada
tem suas particularidades brilhantes e imorredouras.
O
ouro é realmente branco.
MATRIZ
DE SANTO ANTÔNIO, EM OURO BRANCO (FOTO: B. CHAGAS).
O LEITE DE CADA DIA Clerisvaldo B. Chagas, 21 de julho de 2023 Escritor símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.932 Sim, é um altí...
O
LEITE DE CADA DIA
Clerisvaldo
B. Chagas, 21 de julho de 2023
Escritor
símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.932
Sim,
é um altíssimo privilégio em um município pertencer a Bacia Leiteira de
Alagoas. Sabemos, é óbvio, que o critério de um município para pertencer a
chamada Bacia Leiteira de Alagoas, é produzir leite, isso todo mundo sabe. Mas, levando-se em conta que todos os
municípios do Agreste e Sertão de Alagoas se cria gado junto à lavoura, todos,
então deveriam estar incluídos na Bacia. Todo proprietário rural é
agropecuarista. Lógico que a quantidade de vacas leiteiras depende da
quantidade de terras e do poder aquisitivo. Mas todos têm a vaca leiteira no
seu espaço. Não encontramos uma fonte que explicasse o porquê do seu município
fazer parte desse privilégio. Consultando duas fontes distintas, fomos
encontrar uma Bacia Leiteira com 11 municípios e 2.782,9 Km2.
Anotamos
os municípios de Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Jacaré dos Homens,
Jaramataia, Major Izidoro, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’Água das
Flores, Palestina e Pão de Açúcar. Porém, na segunda fonte, o número de
municípios salta para 16 e amplia a área para 5.053 Km2.
Acrescente-se Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Igaci, Olivença e Palmeira dos
Índios. No primeiro caso temos somente municípios sertanejos. No segundo caso,
parte do Agreste faz parte com Estrela de Alagoas, Igaci e Palmeira dos Índios.
Dois Riachos e Olivença são município do Sertão. Bem, pode ser que seja uma
Bacia Leiteira atualizada. Mas isso fica
para uma terceira e definitiva pesquisa. Leite tem uso estadual e para
exportação.
A
Bacia Leiteira de Alagoas é a maior do Nordeste. O estado é o maior produtor de
leite dos estados nordestinos. Isso quer dizer que não é possível faltar leite
a uma criança no estado de Alagoas e, se faltar será motivo de descaso público.
Além dos empregados de qualquer uma das fábricas de leite, ainda temos os que
trabalham com o gado leiteiro, o corpo técnico dos rebanhos, os transportadores
do produto das fazendas para a recepção e os transportadores do leite industrializado
para outros centros. O que importa mesmo além do desenvolvimento, é o emprego
com origem no campo que acalma e dignifica milhares de pessoas, pais e mães de
família que louvam a atividade e o pão de cada dia.
O
tema ainda merece ser estudado e visto de CARA NOVA.
VACA
GIR LEITEIRA (FOTO: PINTEREST).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.