SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
PRIVILÉGIO EM SONHAR COM ELAS Clerisvaldo B. Chagas, 15 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.963 ...
PRIVILÉGIO
EM SONHAR COM ELAS
Clerisvaldo
B. Chagas, 15 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.963
As
formações geológicas, belas e exóticas representam um presente da Natureza para
apreciação, contemplação, pesquisas e devaneios. Elas estão distribuídas nos
quadrantes do mundo com exuberantes pujanças ou com dimensão mínima, mas sempre
um ponto de reflexão do observador atento. Iremos encontrar em Alagoas várias
dessas formações continuadas ou individuais no relevo geral. Deixando os
cânions do São Francisco ou o cânion da Telha, no Ipanema, vejamos três
formações isoladas que vale a pena escalar com normalidade. O “serrote do
Vento”, em Estrela de Alagoas; o “serrote do Cruzeiro”, em Santana do Ipanema;
e o serrote do Carié, em Canapi. Todos eles exigem um certo esforço de subida,
mas de fáceis acessos.
O
serrote do Vento, é visto da BR-316, de alguns pontos da cidade Estrela de
Alagoas. Deve ficar entre três a quatro quilômetros do centro da cidade. Corpo
longo e cabeça de águia, tem esse ponto rochoso e fraturado pelas intempéries.
Como é exuberante de longe, deve ser espetacular de perto. E com toda formação
desse tipo parece mágica, a população do município é atraída para aquele monte
durante a Semana Santa. Vem gente até de Pernambuco para essas ocasiões
místicas. Seu sítio de localidade tem estrada larga, boa e de barro vermelho
que passa pelas faldas do elevado. Quando de longe, é melhor visto no período
de plena estiagem. Durante a época chuvosa fica um pouco camuflado para quem o
aprecia da BR-316.
O
serrote do Cruzeiro fica na periferia de Santana do Ipanema, tem degraus de
subida nos trechos mais íngremes. É monte arredondado onde foi fincado um
cruzeiro de Madeira como marco de início do século XX. Em 1915, foi ali
construída uma igrejinha que ruiu duas vezes e hoje possui uma substituta mais
moderna, dedicada à Santa Terezinha. Sempre foi o Monte Sagrado de Santana e o
melhor mirante da cidade.
O
serrote do Carié fica no povoado do mesmo nome e que muito se desenvolveu. Tem
forma de lagarta e é avistado de longe nas planuras de caatinga rasa da região.
Sua forma rochosa tem a crista
fragmentada pela ação do tempo e um guarda um cenário belíssimo, notadamente
para os lados do Maciço de Mata Grande. É muito visitado por estudiosos e
aventureiros.
Amém,
Alagoas!
SERROTE
DO VENTO ( FOTO: MAPIO NET.)
PALMEIRA DOS ÍNDIOS E A PIPOCA BONI Clerisvaldo B. Chagas, 14 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.962...
PALMEIRA
DOS ÍNDIOS E A PIPOCA BONI
Clerisvaldo
B. Chagas, 14 de setembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.962
No
velho costume de olhar a origem de produtos industrializados, fiquei surpreso e
feliz ao consultar um simples saquinho de pipoca. Aquele tipo de pipoca que nós chamamos por
aqui de “pipoca de isopor”. Rótulo hermeticamente fechado, desenhos de
palmeiras e crianças indígenas, já sai na frente na estampa. Gostosinhas,
semelhantes às de Gravatá, Pernambuco, mas sem aquele sal em excesso no
exterior do produto. Gostei bastante, embora questione o apenas 15 gramas para
mastigação. Mas o que matou a pau foi um produto simples ser industrializado na
zona rural, gerando emprego, renda e perspectivas de futuros com outros
derivados do milho. Portanto, a “Pipoca Boni”, vem da comunidade Bonifácio que
eu muito gostaria de conhecer. Um exemplo a ser seguido por cidades que, como a
nossa, não possui sequer uma fábrica de picolé.
Assim
a cidade vai gerando trabalho na zona rural que poderá pegar gosto e chegar a
surpreender desenvolvendo o agronegócio, fixando o homem no campo e estimulando
a juventude local ao estudo superior de áreas afins como a agronomia,
zootecnia, engenharia florestal e mesmo outras profissões na área da computação
para desenvolver todos os tipos de indústria, notadamente as ligadas a terra. É
certo que uma fábrica de pipoca é aparentemente simples, mas mexe muito com a
cadeia do milho e até que poderá atrair outras fábricas para o seu entorno. E
se os primeiros passos são firmes, imaginemos as grandes passadas do futuro.
Mesmo
com uma cidade muito forte e próxima como Arapiraca, que leva para lá grande
parte de indústrias que surgem em Alagoas, o Bonifácio não se intimidou com a
concorrência geográfica e lançou seu produto no mercado, só não sabemos a
quanto tempo. É motivo de orgulho sim, qualquer que seja a indústria implantada
em nossa região. Estamos felizes com as informações do rótulo da “Pipoca Boni”.
A “Cooperativa de Trabalho dos Produtores do Bonifácio LTDA”, estão de parabéns
pela iniciativa, pela qualidade do produto, pelo destaque de Palmeira dos
índios e pela exposição da zona Rural da “Terra da Pinha”. Cidade que não tem
iniciativa, fica chupando o dedo e roxa de inveja.
A
propósito, o povoado Bonifácio fica nos sopés de montanhas que levam até à
cidade de Quebrangulo. Região belíssima, por sinal.
Viva
o milho de Palmeira dos Índios!
EMBALAGEM
DA PIPOCA BONI (FOTO: B. CHAGAS).
SEU MANÉ Clerisvaldo B. Chagas, 13 de setembro de 2923 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.961 Já fizemos vários tr...
SEU
MANÉ
Clerisvaldo
B. Chagas, 13 de setembro de 2923
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.961
Já
fizemos vários trabalhos sobre figuras populares do dia a dia em nosso
interior. Talvez já tenha falado de Seu Mané, mas um pedido forte na mente pede
crônica. Os tipos populares
interioranos, servem de diversão em lugares onde ela não é muito presente. Seu
Mané era um homem alto, aspecto agradável e folclórico. Não temos certeza se
trabalhava em padaria. A atração estava no seu caminhado, quando descia as
ladeiras do Bairro Camoxinga. Não tinha,
mas parecia ter uma perna mais comprida de que a outra por causa do balanço que
proporcionava parecendo subir e descer no solo. Os seus braços eram
desengonçados, soltos, que se agitavam para todos os lados na sua caminhada
normal. Usava um chapéu de abas curtas que completava o seu perfil
caricaturesco. Um boneco de Olinda
A
figura do homem era tão querida e popular que aonde ele passava sempre tinha
gente para gritar, carinhosamente: “Seu, Mané!” Esse chamamento alegre do povo
era seguido de uma expressão que parecia ter vindo do próprio personagem e
adotado pelos seus fãs: SEU MANÉ! HIM!, HIM! Nunca procuramos saber de verdade
as origens do him, him, mas que divertia o povo, divertia.
Outro
personagem marcante e popular era o índio Moreira, da tribo Fulni-ô de Águas
Belas. Trabalhava na padaria de Raimundo (Padaria Royal), no Comércio. O índio
padeiro era alto e forte e fugia de todo padrão da sua tribo. Era parecidíssimo
com o ator francês, Victor Mature, pareciam gêmeos. E eu que era fã do francês,
não parava de encarar, discretamente, a semelhança de ambos. Mas o índio bebia
muito, principalmente nas madrugadas fazendo pão com os companheiros. Ouvi de
um deles que o vício era tanto que quando faltava cachaça, eles desdobravam o
álcool até o amanhecer do dia.
E
por fim, o bedel do Ginásio Santana, numa época do auge cenecista. Quase sempre
vivia embriagado e morava na Rua Prof. Enéas. Muitas e muitas passagens de Duda
Bagnani já foram contadas. Mas de vez em quando, numa necessidade, eu o chamo
de “grande filósofo Duda Bagnani” que costumava dizer quando se sentia
humilhado: “Quem se abaixa demais, o cu aparece”. E se a expressão é chula, a
interpretação é a mais pura verdade. Não se humilhar para ninguém! “Lembre-se
do grande filósofo Duda Bagnani”
PARCIAL
DO COMÉRCIO SANTANENSE.

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.