NAS BARREIRAS DO PANEMA Clerisvaldo B. Chagas, 20 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.966   Pela ...

 

NAS BARREIRAS DO PANEMA

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de setembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.966

 





Pela tradição secular e de nossos avós, chamamos o nosso rio Ipanema, simplesmente de Panema. A supressão do “I`”, aumenta ainda mais o nosso amor a esse curso d’água de denominação indígena – água ruim para beber – mas que assegurou a existência dessa civilização das caatingas alagoanas. Mais de dois séculos matando a sede do santanense, o rio Ipanema é a grande relíquia geográfica do Sertão. E todas as vezes que se anda pelo seu leito de período seco, se descobre curiosidades que interessam de perto a pesquisadores, infelizmente cada vez mais sumidos. E como de vez em quando bate a saudade da paz que reina no seu leito, fomos percorrer novamente o trecho Barragem – imediações da Rua Delmiro Gouveia.

Nem parece que aquele caminho de areia grossa está exatamente no meio da cidade, tal a imensa solidão e a paz reinante por ali.  Se por um lado tem fundos de residência, por outro, predominam as barreiras imensas e inclinadas cujo topo, lá longe, permite ruas e prédios importantes como UFAL e Hospital. É aí, em determinado ponto das barreiras onde se aninham as garças pantaneiras em épocas de migração. Na busca por alimentos, as aves caçam peixes nos poços do Panema. Alguns daqueles poços que sobraram das cheias, cobrem-se de um tapete verde de plantas aquáticas, muito bonito, por sinal, mas motivadas pela poluição da qual se alimentam. As garças pousam sobre o tapete verde e agem nas águas com seus bicos longos.

O espetáculo é deslumbrante e raro, numa região sertaneja e tão longe do Pantanal mato-grossense. Lembramos de nossos arquivos onde registramos o fato numa incursão da AGRIPA pela área. Dessa vez as pantaneiras ainda não haviam chegado e continuamos a apreciação da Natureza. As barreiras do Panema estavam de mato verde, o que equivale a uma pequena floresta. Isso impedia a visão do ninhal mais acima e visto outrora. Quando o tempo está assim, pode aparecer cobra nas trilhas e nos pedregulhos doa areal, mas nada de serpentes, nem de roedores, nem de outros bichos selvagens, quando muito, um “tsiu” longínquo de algum bem-te-vi mais atento. Você quer paz, mas não almeja solidão. Para que continuar?

Meditação e retorno sob as bênçãos das barreiras do Panema.

GARÇAS PANTANEIRA NO LEITO DO RIO IPANEMA E NINHAL DA MARGEM AO ENTARDECER (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO).

  O PONTO DO I Clerisvaldo B. Chagas, 19 de setembro de 2023. Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.965   Não dá mais par...

 

O PONTO DO I

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de setembro de 2023.

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.965



 

Não dá mais para entender o clima, pois o tempo no Sertão deu um nó na cabeça de todo mundo. Além de um inverno longo com tempo frio, nublado, chuvas serenadas e poucas, chega-se a uma semana do fim, mais esquisita ainda. Após alguns dias de sol, volta o tempo nublado frio e serenos esporádicos. O que é isso! Coisa nunca vista por aqui. E vamos apenas aguardando o desenrolar das mudanças no mundo dos climas, das tragédias, da geopolítica e da indiferença das mudanças espirituais do Planeta. Mais festas e festas acontecem e se assemelham aos tempos bíblicos de Noé. Enquanto a barca era construída, não faltava aviso do que viria, mas as celebrações a tudo aconteciam até o dia do dilúvio. A nova estação está à porta, mas será mesmo que haverá nova estação?

Não se pode perder o celebrar da vida, mas também não se deve fechar os olhos aos acontecimentos globais. Em nosso estado, estamos na iminência de uma seca verde, muito embora a armazenagem de água tenha sido boa no Sertão e Agreste. E sem nada definido, carros-pipa parados lubrificam a vontade de trabalho. Com preocupação de uns e indiferença de outros, prossegue a rotina sertaneja com festas, sem festas, com frio ou sem frio. Entregar totalmente o tempo às mãos da Natureza, parece ser a solução para a mentalidade do menor esforço e a frase: “Faz que te ajudarei” caminha para o brejo. Recorrer a quem? Não é melhor socar a cabeça no chão, como Avestruz, até que venha aurora nova?

Não dá mais para contemplar o comportamento de alguns animais e alguns vegetais da flora nativa. A mudança climática é geral, atinge as áreas do Clima, Relevo, Hidrografia, ... E que tudo vai fazendo um efeito dominó sobre todas as outras, inclusive na psicologia. Estamos vivendo sim o fim dos tempos, mas com a chegada de uma nova era. Talvez as coisas estejam acontecendo cem por cento diferente de tudo que já foi imaginado, mas que está acontecendo, está. E o que fazer? Sem querer imitar Igrejas e crenças, pode-se afirmar uma palavra-chave: “Vigiai”.

Mas agora em que o tempo parece estranho, frio, escuro e incerto, que tal um café pequeno e uma prece ao Senhor dos Mundos?!

TEMPO EM SANTANA (FOTO: B. CHAGAS).

 

  OLHO d’ÁGUA DAS FLORES Clerisvaldo B. Chagas, 18 de setembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.964 Tendo Sant...


 

OLHO d’ÁGUA DAS FLORES

Clerisvaldo B. Chagas, 18 de setembro de 2023

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.964


Tendo Santo Antônio como padroeiro, a cidade de Olho d’Água das Flores é, geograficamente, um brejo de pé-de-serra. Estar situada nas faldas da serra do Gavião e emancipada de Santana do Ipanema em 2 de dezembro de 1953. Seu relevo é plano com ladeiras suaves e seu comércio e serviços lideram entre às cidades da vizinhança. Faz parte da bacia leiteira. Vive da agropecuária, do comércio e dos serviços, suas terras são consideradas férteis e o lugar bom de chuvas. Os filhos de Olho d’Água são chamados de olho-d’aquenses. A cidade está situada a mais ou menos 206 km da capital, Maceió. Com uma população de mais de 20.000 habitantes, é uma das mais habitadas do Sertão. Quanto a sua altitude, está localizada a 287 metros acima do nível do mar.

A cidade dispõe de bons restaurantes e churrascarias com uma culinária geral típica sertaneja. Na parte esportiva brilha o Centro Esportivo Olho-d’aquense – CEO, que vem disputando na série de elite do futebol alagoano. Seu clima semiárido e suas terras férteis, sempre permitiram excelente produção de grãos.  É uma cidade bem ensolarada e que se comunica constantemente com o centro maior (sua antiga sede) com uma rede de transportes alternativos pela AL-120. Na periferia de Olho d’Água, existe um entroncamento muito importante Norte-Sul, Leste-Oeste. Uma estrada vai para Palestina, Pão de Açúcar; outra vai para São José de Tapera, Piranhas e mais; a terceira para Batalha, Maceió; e a outra vai para Santana do Ipanema.

Em 1926, Lampião, após assaltar a zona rural de Santana, tirou direto para a, então vila de Olho d’Água das Flores com 106 e cabras, corneteiro tocando à frente. Passou muitas horas ali, assaltou o comércio, mas no fim, ninguém morreu nessa invasão. Fatos narrados pelos escritores Oscar Silva e Valdemar de Souza Lima. A prosperidade da vila com bom comércio e produção de milho, feijão, mamona, castanha, algodão e industrialização deste produto, contribuiu para a sua independência de Santana do Ipanema. Essa prosperidade nunca parou de acontecer, fazendo da terra um centro importante para o agronegócio e equilíbrio de comércio na sua região. A posição geográfica da cidade é profundamente estratégica e atrai cidades vizinhas para os intercâmbios básicos da economia.

OLHO d’ÁGUA DAS FLORES (FOTO PARCIAL DIVULGAÇÃO).