SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
ALÍPIO, JUSTINO E O IPANEMA Clerisvaldo B. Chagas,8 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2. 993 Na...
ALÍPIO,
JUSTINO E O IPANEMA
Clerisvaldo
B. Chagas,8 de novembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2. 993
Na
década de 60, conheci de perto as figuras populares de Alípio e Justino.
Acabávamos de sair do auge do Ipanema Atlético Clube, finais dos anos 50. O
personagem Alípio, branco, forte, bigode cheio e cabelo escorrido, era nessa
época, apenas um bêbado que perambulava pelas ruas, arrastando a perna e
procurando lugares para ganhar mais um copo de cachaça. Casado com dona Zefinha
engomadeira, possuía dois filhos, Arnaldo e Abelardo. Morava na rua mais pobre
de Santana, perto do tão afamado prédio da época chamado prédio da Perfuratriz.
Certa feita, no Bar do Maneca, o pobre coitado pediu uma pinga a um cidadão que
respondeu só pagaria se ele bebesse o copo cheio. Alípio aceitou e bebeu o copo
cheio de cachaça de uma só vez, caiu e se esparramou no chão. E eu, como
adolescente, testemunhei a cena de dois loucos.
Justino
era um doido barbudo, alto e atlético. Morava defronte onde hoje é a UNEAL, em
um caminho que rumava para o açude do Bode. Perambulava pelas ruas de Santana
falando só e baixinho. Aperreavam-no e ele ficava possesso. Como estivera
internado na capital, os que gostavam de mexer com doidos gritavam para ele o
nome Maceió. E eu, nos meus doze anos, tinha muito medo de Justino, podendo me
encontrar com ele a qualquer momento, nos corredores solitários da Maniçoba,
onde ia sozinho todos os dias buscar o gado a pé, para levá-lo à bebida no rio
Ipanema. Ali era passagem diária do maluco.
Ouvia
os mais velhos dizerem que Justino e Alípio foram atletas do Ipanema Futebol
Clube. Mas, se foram, não eram da época
do auge, pode ter sido de muito antes. Justino enlouquecera e Alípio começara a
beber depois de quebrar a perna. Porém, eu nunca entendi porque os dois atletas
não tiveram assistência municipal e todos os cuidados com eles para uma vida
decente. Por que deixaram ambos os atletas chegarem ao cúmulo da degradação e
do escárnio? Eram dois dramas lentos no palco diário das ruas de Santana. Essas
páginas fazem parte do livro das amarguras que muitas vezes se tornam
invisíveis à chamada sociedade. Justino e Alípio. Heróis santanenses das
hurras, das palmas, das homenagens... Na página seguinte, párias, escórias,
personagens do submundo.
Dois
heróis injustiçados!
SANTO SUSHI, O RESTAURANTE Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica 2.992 Conv...
SANTO
SUSHI, O RESTAURANTE
Clerisvaldo
B. Chagas, 6 de novembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 2.992
Convidado
para o reencontro de uma turma do Colégio Estadual, fui ver a prévia de perto.
A turma não era minha, pois nunca fui aluno no Estadual, mas sim do mano Ivan
Braga das Chagas, cujos componentes da época hoje estão na faixa entre 60 e 70
anos. Indaguei onde iria ser esse tão importante encontro e me apontaram o
“Restaurante Santo Sushi”, no Bairro Domingos Acácio. Sobre o local foi dito
sem que eu perguntasse: “Além do prato japonês, o restaurante oferece grande
variedade da culinária sertaneja. Excelente atendimento, música ao vivo e
banheiros higienizados de 30 em 30 minutos e com música vazadas para você não
perder o lance. Um luxo com ótimos preços!”
Nesse caso me balancei para conhecer o ambiente, novo “point” da cidade.
Segundo os convidados.
Toda
a família marcou presença no “Restaurante Santo Sushi”. De fato, todas as
maravilhas dos comentários eram verdade e assim ficamos por ali das 20 horas à
meia-noite. Quatro horas de lazer em que nem víamos o tempo passar. Entre conversas
das mais enxeridas, gargalhadas e música boa, a noite ia passando. Ainda
tivemos o privilégio da presença do proprietário em nossa mesa: Cleber Chagas,
que favava animado sobre o seu empreendimento. Contos orais da terra provocavam
risos. E como surpresa da casa, chegou até nós a novidade de uma espécie de
“drink” espumante chamado “Shot Santo Sushi”. A base de gengibre com pitada de Rum,
que por mim foi eleito como a coroa da noite. Tudo isso na sexta, cujo encontro
massivo seria no dia seguinte. Não demonstrei vontade em participar no sábado,
mas desejei felicidades e êxitos aos 11 remanescentes da turma de 32 alunos,
segundo me contaram.
A
pessoa que bebeu e não bebe mais, sequer refrigerante, fica meio inibida no
entorno dos que amam uma cervejinha gelada ou uma bebida quente daquela de
revirar os olhos. Mas também tem a vantagem da sobriedade para apreciar o
comportamento alheio e os detalhes do ambiente. Ninguém morre por apenas beber
água.
O
importante mesmo é que Santana do Ipanema ganhou um restaurante de alta
qualidade, saindo da mesmice do Comércio e brilhando em direção às faldas do
serrote do Cruzeiro!
Parabéns
muitas vezes, senhor Cleber, por trazer um novo brilho
para
a “Rainha do Sertão”.
REATAURANTE
SANTO SUSHI (DIVULGAÇÃO)
MAJOR IZIDORO Clerisvaldo B. Chagas, 6 de novembro de 2023 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 2.981 Como encerramos ...
MAJOR
IZIDORO
Clerisvaldo
B. Chagas, 6 de novembro de 2023
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.981
Como
encerramos o roteiro das cidades sertaneja, pela AL220, em Jaramataia, vamos
voltar pela mesma estrada para o acesso a Major Izidoro, em cuja via não
entramos. Próximo a Batalha você encontra o acesso a Major que passa pela cidade
e vai sair no outro ramal (BR-316). Portanto Major Izidoro está localizado em
paisagens planas entre a BR-316 e a AL-220, ligadas pela AL-120 entre
Cacimbinha e Batalha. Fica a cidade de
Major Izidoro a 191 quilômetros da capital, Maceió e a 182 metros de altitude.
É pequena e bela, tão limpa quanto Penedo. O seu minúsculo comercio tem aspecto
de capital e é muito fácil se apaixonar por ela. Antigo distrito de
Sertãozinho, foi emancipado de Santana do Ipanema em 17 de setembro de 1949. A
população izidorense quase chega a 18.000 habitantes.
A
economia de Major Izidoro se baseia em serviços, agropecuária, principalmente
nesta última, sendo famosa como “Terra do Leite” e seus laticínios que
conquistaram o estado com deliciosos queijos e manteigas. E em se tratando de
festa religiosa, os festejos ao padroeiro Santo Antônio de Pádua representa o
auge da devoção, ocorrendo no dia 13 de junho. Mas o antigo distrito também tem
histórias de Lampião. Uma delas foi quando o chefe cangaceiro mandou buscar
dinheiro sob ameaça de invasão ao distrito. O episódio está compilado no livro
“Lampião em Alagoas”, da nossa autoria. Inclusive, foi motivo de reflexão,
tanto dos leitores, quanto fora por parte de Virgulino Ferreira.
É
bastante agradável a rodovia AL-120 trecho Cacimbinhas – Major Izidoro, pelo
relevo plano, vegetação baixa e campos semeados de gado leiteiro. Sensação
enorme de bem-estar. Porém, tudo que foi falado acima ainda é muito pouco
diante da grandeza intelectual do izidorense. A vantagem do visitante que
pretende conhecer a Bacia Leiteira Alagoana, é que as suas componentes estão muito
próximas um das outras, e que pode ser vista em grande parte numa viagem única.
Ainda
hoje agradeço no meu coração os aplausos recebidos em Major Izidoro quando
apresentamos a peça teatral “Irmão das Almas”, aproximadamente no ano de 1970.
Foi uma euforia pelo êxito obtido pelo Teatro de Amadores Augusto Almeida.
Inclua
major na sua Agenda.
MAJOR
IZIDORO (FOTO: IBGE).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.