PARABÉNS RISOMAR Clerisvaldo B. Chagas, 23 de dezembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.157   Sim, é costu...

 

PARABÉNS RISOMAR

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de dezembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.157

 



Sim, é costume se dizer que nós sertanejos, temos apenas duas estações, ouvi isso do meu barbeiro, semana passada. Ouvia isso do meu querido professor de Geografia Alberto Nepomuceno Agra. Mas, olhando direitinho, a grosso modo pode até ser apenas a estação das águas e a estação da seca. Mas hoje discordo da teoria que temos apenas duas estações. Temos as quatro estações como tem o mundo todo. Agora, se primavera e outono não são bem acentuadas, aí é outra coisa. Para o bom observador as estações escondidas estão presentes nos detalhes da Natureza. E a grande maioria das pessoas, apenas fala o que outros falaram, diz o que os outros disseram sem uma coragem, sem uma motivação, sem uma razão que possa conduzir a uma pesquisa, por fácil e ingênua que seja. Uma acomodação confortável na opinião alheia. É por isso que “quem tem um olho é rei”.

No último dia 21, passamos da Primavera para o Verão. Uma Primavera que nos últimos dias estava com Sol muito forte, às vezes com céu sem nuvens, às vezes querendo chover, como se diz por essas bandas, porém sempre com noite amenas e até de agradáveis temperaturas. Mas como é costume, estamos esperando as trovadas desde o mês de novembro. Acontece que muitas vezes elas não vêm nem em novembro, nem em dezembro e até em janeiro elas negam e surpreendem no mês de fevereiro. É até marcante as trovoadas de novembro porque são muito esperadas pelos vaqueiros nordestinos, pois, após essas primeiras chuvadas – e que chegam muito decisivas – têm início as brincadeiras das pegas-de-boi-no-mato.

Mas, independentemente de mudança de estações, vamos concedendo entrevista literária à Rádio Cidade, falando nas edições dos livros “Floro Novais, Herói ou Bandido? ”, forçado por uma circunstância que gostaríamos de esquecer. Porém, no dia exato do fim da primavera, tive a honra de receber para mais uma entrevista literária e até pessoal, a senhora Risomar que pretende se introduzir pelo mundo da literatura e da crítica literária e que, segundo a neo pesquisadora, estrear em grande estilo.

Parabéns Risomar!

Atapetado seja seus caminhos das letras.

 

  GUINÉ Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.156   A ave tem diversas deno...

 

GUINÉ

Clerisvaldo B. Chagas, 20 de dezembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.156

 



A ave tem diversas denominações como Guiné, Galinha d’Angola e Capote. Pode ser criada solta no meio de outros galináceos.  Aqui no Sertão alagoano costumamos chamá-la de Guiné. Tem carne saborosa e exótica. Bota ovos em ninhos escondidos na capoeira. Pessoas que com ela convivem conseguem achar os ninhos com muitos ovos. Às vezes algumas galinhas também criadas soltas, deixam seus ovos em ninhos de guinés. O ovo é menor do que o da galinha comum e também de sabor exótico muito apreciado. O Guiné anda sempre acompanhado, é nervoso, estressado, espanta-se com qualquer coisa e alarma contra algo diferente. Juntos fazem a limpeza dos arredores contra pragas e cobras.

É muito bonita a criação de guinés nos terreiros das fazendas. Elas se misturam tranquilamente com as outras aves, comendo da mesma comida e bebendo na mesma fonte. Convivi com elas, as aves, nunca vi nenhuma briga com outras espécies. São diferentes de perus e pavões que estão sempre arengando. Caso alguém cisme de pegar um Guiné no terreiro, por mais perto que  esteja, vira motivo de riso, O Guiné se desvia imediatamente e dá um voo longo tipo nambu-pé. Vez em quando se vê um casal a ser vendido na feira. Mas a ave é capturada à noite, durante a dormida ou vítima de armadilha. Afora isso, somente à base da espingarda, ocasião em que a pessoa mais consciente evita eliminar as fêmeas. Geralmente cruzam entre si, mas tem casos de cruzamentos com galos normais.

O Guiné foi trazido da África pelos portugueses. E pela denominação sugere ter vindo da Guiné e de Angola. Sua carne tem como se fosse uma película pegajosa por cima, como se fosse um tipo finíssimo de cola transparente. É esfomeado pelo milho jogado para eles, mas ajuda catando toda qualidade de inseto, de modo que criado em quintais, deixa-os completamente limpo de besouros, baratas e qualquer inseto que ouse entrar na área. Agora, por mais comida que você disponha, ele está sempre cantando a interpretação onomatopaica: “Tou-fraco”, “Tou-fraco”, “Tou-fraco”.

Tem chácara, tem fazenda? Vale à pena criar.

 

  O TESOURO DO POÇO Clerisvaldo B. Chagas, 19 de dezembro de 2024 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.155   Como todo m...

 

O TESOURO DO POÇO

Clerisvaldo B. Chagas, 19 de dezembro de 2024

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 3.155

 


Como todo mundo pensa, por que nós os adolescentes da década de 60, não podíamos pensar? E eu sempre estava pensando naquele poço que era a diversão máxima de adultos e adolescentes da época. Um poço que não secava nunca. Com cheias ou sem cheias, o Poço dos Homens assegurava o lazer arriscado de que quem o amava.  Já imortalizamos o poço dos Homens com inúmeros trabalhos, sendo o máximo nas páginas de IPANEMA, UM RIO MACHO. Ali tomávamos banhos, pescávamos de litro, de anzol... disputávamos os saltos mais ornamentais, urinávamos em cima dos nós que dávamos nas roupas alheias e apreciávamos juntos o voo das andorinhas e a paisagem do entorno.

Todavia nos devaneios da juventude, eu pensava na possibilidade de haver alguma coisa boa no fundo do poço, trazida pelas cheias. Quem sabe, até um tesouro ali guardado por muitos e muitos anos. O poço era dividido em três partes: Estreitinho, Largo e o Raso. Este último, para quem estava aprendendo a nadar, e que geralmente, utilizava duas cabaças amarradas à cintura, como boias. Mas o Largo e Estreitinho eram fundos. O Largo, muito mais fundo. Mas isso não impedia o surgimento dos exibicionistas. Uns dando sapatadas seguidas, sem emergir a cabeça. E alguns que mergulhavam e exibiam areia trazida do fundo do poço. Quando se mergulhava a mais de um metro, a água se tornava geladíssima. Então, o poço era fundo sim, mas alguns bons de fôlego alcançavam o piso. Não eu.

Ora, já completamente adulto e no ocaso da idade, fui surpreendido pelo sonho de outro poeta que convergia para o mesmo ponto do antigo poço da minha juventude. O cantor, compositor, raizeiro, cozinheiro e pescador, guardião do rio Ipanema, FERREIRINHA, de saudosa memória, me mostrava uma canção que falava de um tesouro escondido no fundo do poço dos Homens. Tão presente era a canção que sugeria absoluta verdade. Foi preciso o próprio compositor me dizer que era apenas imaginação. Mas...  Que imaginação! Que coincidência entre décadas e décadas do mesmo sonho nunca antes compartilhado! Com você, caríssima leitora e caríssimo leitor, já aconteceu algo semelhante?

Explique.

Explique que eu não sei explicar.

Orgulho em ser sertanejo santanense!