SOBRE MIM

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.
ASSANDO CASTANHA Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.179 Pense numa co...
ASSANDO
CASTANHA
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de janeiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.179
Pense numa coisa divertida: assar castanha na
zona rural, nos terreiros das fazendas. Tem um certo perigo, bem que tem, mas
com a devida cautela à frente podemos nos divertir bastante. E você que é da
capital, criado dentro de apartamento e desconhece a coisa, acredite: basta um
bocado de castanha de caju, uma lata velha e vara comprida para você enviar
para bem longe o estresse do cotidiano. Como foi dito, um bocado de castanhas –
não verdosas – de preferência já secas pelo Sol, uma lata velha, de preferência
comprida e não muito rasa, uma vara comprida e uma trempe, isto é, três pedras
no chão onde você faz o fogo e coloca a vasilha com as castanhas. Depois é só
se afastar, aguardar um pouco e começar a mexer as castanhas com a vara
comprida. Isso porque a medida que o fogo vai assando as castanhas, elas, vão
realizando pequenas explosões, espirrando o azeite no entorno.
Demora um pouco para se chegar ao ponto, mas
sempre tem por perto pessoas experientes para o toque do Tá bom. Cessam as pequenas explosões, as castanhas ficam da cor de
carvão. E para coletar essas castanhas, uns jogam areia no interior da lata,
ainda no fogo, e joga a lata para fora da trempe com a ponta da vara virando a vasilha.
Outros, viram a vasilha primeiro, espalhando castanhas por todos os lugares e
aí acabam de apagar possíveis chamas nos frutos com a mesma areia do terreiro. É prazeroso ouvir os ais de quem estar
mexendo as castanhas, quando explode com o azeite. Quem quer azeite quente em
sua pele? Porém, o melhor de tudo é quando as castanhas esfriam e você pega uma
a uma e com uma pedra, um macete ou qualquer outra coisa, vai quebrando a casca
vendo e degustando a castanha inteira, bonita, apetitosa e sadia.
Caso você tenha paciência e esperar mais tempo,
poderá encontrar mais facilidade em retirar a pele da castanha. É amigo, é
amiga, depois que os médicos disseram sobre as propriedades medicinais da
castanha, a bichinha passou a sexta marcha de preços e deve estar custando nas
feiras livres, mais de 50,00 o litro. Era essa a antiga medida das feiras
nordestinas. Os fazendeiros costumam vender as castanhas e, o caju,
desvalorizado, apesar de ser uma riquíssima fonte de Vitamina C, é jogado para
o gado como ração. É ou não é divertida a tarefa como lazer?
Cajueiro é uma das árvores sagradas do Sertão.
E para quem não sabia, o fruto é a castanha e não o caju.
CEPA Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.178 E em Maceió nada foi fáci...
CEPA
Clerisvaldo B. Chagas, 29 de janeiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.178
E em Maceió nada foi fácil dentro daquele
maravilhoso terreno de massapê que apontou para o futuro de muita gente. E
víamos aquela imensidão de terras sendo ocupada aos poucos dando porvir a
juventude estudiosa. Mas depois de tantos sacrifícios do estado chega a dar
pena em se observar quanta solidão e nostalgia que chegaram com os efeitos
físicos e psicológicos das cavernas provocadas pela BRASKEN. Se não fui
totalmente feliz no Colégio Moreira e Silva, por conta de haver um abismo entre
os humildes e os bundas-arrebitadas,
mas aprendi muito na eficiente escola do governo na época. Juntou a pandemia
com as minas e o tempos ficaram mudados numa nostalgia sem fim, na região do
CEPA, principalmente para os que ali conviveram a algumas décadas.
Estive por ali algumas poucas vezes nos últimos
tempos, entre elas, uma por causa do cabuloso censo da Educação, outra pela proximidade
da gráfica onde costumo imprimir meus livros. E a gráfica, na região do CEPA,
demonstrava a mesma tristeza do vizinho. Rua longa sem um pé de pessoa
transitando e muito lixo acumulado nas sarjetas. Gente! Não é nenhum tipo de
saudosismo, mas uma espécie de sensação de caos, de ruínas, de final de tudo. A
um passo, apenas, Avenida Fernandes Lima (governador na década de 20) com movimento
febril parecendo não haver dois mundos no mesmo espaço. E o mundo inteiro, na
cidade e no cam po houve essa transformação inexplicavelmente psicológica.
Porém acredito ter atingido com maior força, indivíduos maduros e idosos porque
viveram as outras décadas.
Mas voltando ao miolo da questão, estudamos
sempre com um objetivo à frente. Não sei se os bundas-arrebitadas do Curso
Médio alcançaram seus objetivos, mas, com muita luta, com muita garra, com
muitas renúncias, alcancei plenamente o que procurava. A bem da verdade, hoje
aposentado, procuro saber vez em quando de algum colega merecedor da minha
atenção. E dos que marcharam comigo, não no CEPA, mas no Ginásio Santana,
gostaria sim, de saber se todos os que ainda estão vivos, alcançaram seus
objetivos. O jumento é bom, o homem é mau
(Luiz Gonzaga). Escola é coisa boa, mas quem ensina mesmo é a vida.
Um abraço do tamanho do seu terreno, CEPA!
Lenços brancos, lenços brancos... Lenços brancos.
NEGRO PAULO Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2025 Escritor Símbolo do Sertão Alagoano Crônica: 3.177 Depois de muitos e...
NEGRO
PAULO
Clerisvaldo B. Chagas, 28 de janeiro de 2025
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 3.177
Depois de muitos e muitos anos sem notícias de
Negro Paulo, encontrei-me com ele por acaso numa repartição pública da cidade.
O homem me reconheceu e conversamos um pouco, quando aproveitei para pedir
informações sobre o santo do milagre de promessa feito por seu falecido pai.
Milagre este que o levou a construir um oratório no cume da Pedra do Sapo,
margem direita do rio Ipanema. Escadaria de concreto e oratório também. Nisso
falei por várias vezes em meus trabalhos literários. Os vândalos profanaram o
oratório e roubaram o santo da promessa que fiquei sabendo através de Negro
Paulo que era uma imagem grande de São José. A Pedra do Sapo marcava para nós a
intensidade das cheias do rio Ipanema. O pai de Negro Paulo também foi
resgatado no nosso romance recente ainda inédito, AREIA GROSSA. Zé Preto,
Manganheiro era morador da Rua são Paulo.
Negro Paulo foi uma referência no futebol de
Santana do Ipanema, representando um terror para os adversários. Até mesmo em
Pernambuco onde fomos pesquisar para o livro REPENSANDO A GEOGRAFIA DE ALAGOAS (eu e Marcello Fausto) encontramos
no lugarejo Volta do Moxotó, um cidadão pernambucano que lembrava das
peripécias do Negro Paulo, quando algum time de Pernambuco vinha jogar em
Santana: “Eita negro fi da peste! Não
deixava nunca nós ganhar”. Negro Paulo vem da fase Ipanema e Ipiranga
quando a rivalidade era gigante entre eles. Negro Paulo, aparentemente em ótima
forma física, criou barba branca de preto velho, lembra de tudo, mas não tenho
lembrança de uma só homenagem feita ao último craque da terrinha.
Nem estava lembrado... Mas Negro Paulo tinha uma irmã, Deus queira
que ainda tenha, chamada pelo povo de Gonga. Na época de rapazinho achei
interessante esse nome ou apelido que me pareceu africano. Ora, a alguns anos
atrás escrevi o romance FAZENDA LAJEADO. Na minha opinião pessoal, meu melhor
romance. E não é que coloquei uma mulher muito sensual e provocativa na Fazenda
Lajeado com o nome de Gonga da minha juventude! Nesse caso, é bom que se diga,
de Gonga de Zé Preto, aproveitei apenas o nome e a cor. É uma personagem
cativante e que vai deixar você louquinho por ela ao ler essa obra do ciclo do
cangaço que provavelmente, será lançado no dia 14 de março, após o Carnaval. No
momento também serão lançados mais outros três romances a sua escolha: OURO DAS
ABELHAS, DEUSES DE MANDACARU E PAPA-AMARELO.
(CRÉDITO
DE GETTY).

Sou Clerisvaldo B. Chagas, romancista, cronista, historiador e poeta. Natural de Santana do Ipanema (AL), dediquei minha vida ao ensino, à escrita e à preservação da cultura sertaneja.